segunda-feira, 14 de maio de 2018

O que será da Coreia após a reunificação?



Muitas pessoas pelo mundo, incluindo figuras da mídia, comentam há muito tempo sobre uma possível queda do governo da República Popular Democrática da Coreia onde a Coreia se reunificaria com o capitalismo sendo imposto a toda sociedade.

Tal ideia de colapso do governo norte coreano, colocando então um ponto final em seu sistema social vem se provando há décadas como um sonho irreal, como bem definiu a RPDC em muitas ocasiões. Embora tenha sido imposta grande pressão de todos os tipos sobre o país, ele segue prosperando, embora em ritmo menos acelerado que seu vizinho, uma potência econômica.

Não é segredo para ninguém que a Coreia foi dividida única e exclusivamente por forças estrangeiras, com auxílio de traidores da pátria que se apoiaram no imperialismo japonês enquanto o povo coreano vivia décadas de martírio como um povo apátrida. E foi por conta desta força externa, que o sistema social norte coreano esteve sempre ameaçado.

O uso da força e de todos artifícios de propaganda foram e continuam sendo feitos pelos imperialistas e seus fantoches para cumprir com seu objetivo de tomar toda a Coreia para sí, como tentou no passado e terminou duramente derrotado pelas forças progressistas.

Na Coreia do Sul, onde os EUA fincou sua raiz maligna por quase sete décadas, mudanças radicais ao custo de muito sofrimento do povo coreano, foram feitas. Regimes ditatoriais regidos sob ordens de Washington mataram e torturaram milhares de coreanos, sobretudo nas primeiras décadas da ocupação na Península Coreana.

Para fazer progredir a terra arrasada que destoava-se do Norte socialista, os EUA bancou o desenvolvimento econômico sul coreano durante o governo de Kennedy, com o ditador Park Chung Hee governando com mão de aço e desenvolvendo conglomerados industriais que fariam a República da Coreia se tornar o que é hoje. Exceto pelo fato de estar contra seu povo - o que poderia desencadear uma revolução - e a possibilidade de iniciar uma guerra, o sistema capitalista nunca esteve ameaçado, embora a paranóia anti-RPDC diga que sim.

Para não ser injusto, digamos que, antes do início do desenvolvimento econômico, ainda na  era de Syngman Rhee, o sistema capitalista estava ameaçado, pois o regime concentrava maior parte dos recursos no setor bélico, deixando setores importantes como da agricultura e da indústria atrasados, o que causou fortes crises. Isso mesmo os EUA admite atualmente que foi um dos fatores de seu primeiro regime fantoche na Coreia do Sul ter caído.

Retornando ao tempo presente, com uma visão sensata e realista, podemos ver que as perspectivas de "queda de sistema", em qualquer um dos lados, é deveras improvável. Cada um ao seu ritmo, alcançam progressos significativos em setores econômicos e a satisfação popular é grande.

É verdade que na Coreia do Sul há muita luta para libertar o país dos males do passado e alcançar uma verdadeira independência, que passa pela saída das tropas dos EUA do país, e também para combater a corrupção e outros danos que o regime conservador de Lee Myung Bak e Park Geun Hye trouxeram para o país, mas há uma grande confiança e esperança na figura de Moon Jae In que passa por setores de esquerda e de direita e pelos engajados pela reunificação e pelos que tem seus ressalvas sobre a questão.

Atualmente a Coreia do Sul vive um momento de recuperação após a crise política e tem excelentes perspectivas para seu futuro e o apoio popular aumenta cada vez mais, sendo apenas o grupo mais conservador o grande empecilho.

Por outro lado, a RPDC possui uma unidade de coração único como nunca se viu em qualquer momento na história. O povo do norte é fortalecido em ideologia e é fiel ao Partido e ao líder, e por isso trabalha firme para alcançar a vitória final, tendo em mente que são eles os forjadores de seu futuro.

Analisando isso, verificamos que a reunificação será uma questão única na história, pois juntará o que hoje são duas sociedades com sistemas sociais diferentes e com aspectos de vida mudados pelo longo período de separação e pela forte influência externa exercida.

A Coreia atual é diferente daquela onde os EUA entraram com suas tropas no final de 1945. É uma terra separada por ideologias que se opõem. Mas não poderiam em um mesmo país conviver pessoas de ideologias diferentes?

Este pensamento progressista foi analisado e sistematizado pelo Presidente Kim Il Sung que ao longo de sua vida política atribuiu grande importância para a questão da reunificação, atribuindo pontos comuns de toda a nação que servem até os dias atuais.

Sua proposta é de formar a República Confederal Democrática de Koryo, onde tanto o Norte (socialista) como o Sul (capitalista) seriam representados por uma Assembleia Confederal Suprema e trabalhariam juntos sob o princípio de democracia e independência para alcançar a prosperidade para toda a nação, não havendo mais fronteiras, com cidadãos podendo ir de um lado para o outro quando bem entenderem.

Essa proposta é criticada imensamente por conservadores sul coreanos e de diversas partes do mundo e também por muitos marxistas. O motivo das críticas, de modo resumido, é que se coloca uma importância na ideologia maior do que se coloca na questão da reunificação, que significa a reunião dos laços consanguíneos de um povo que por muito tempo viveu juntos e foi brutalmente separado.

Não é menosprezar ideologia, mas apenas dar precedência aos anseios do povo. Esse deve ser o lema dos progressistas.

Com a formação da República Confederal Democrática de Koryo, não se haveria também, ao menos de forma incentivada pelo governo, uma propaganda contra o outro lado. O que mudou a mente dos sul coreanos ao longo do tempo foi a propaganda anti-comunista fortemente imposta pelos EUA e suas forças marionetes no poder no sul e também o "estilo de vida americano" que fez os sul coreanos se diferenciarem bastante dos compatriotas do norte. Foram muitas décadas de lavagem cerebral que resultaram em uma modelação de uma nova sociedade, e nesse meio, muita gente foi massacrada por defender "ideologia do norte". Por outro lado, no Norte, os coreanos recebem propaganda ideológica socialista desde muito cedo que faz esta "unidade de coração único" se manter praticamente intacta, mesmo passadas tantas décadas.

Quando esta república surgir, um conflito entre os sistemas iria surgir, inevitavelmente, em pouco ou passado um certo tempo. Isso, segundo a óptica marxista seria uma luta de classes - agora entre toda a Coreia - onde o socialismo se sobressairia ao final, e a partir daí, formaria-se em um futuro distante uma nova Coreia totalmente socialista, e posteriormente chegariam ao comunismo.

Há quem diga que esse processo seria rápido pois os sul coreanos sem "propaganda" anti-RPDC conheceriam melhor a Ideia Juche e passariam a ser adeptos ao socialismo. Todavia, é uma ideia um tanto quanto irrealista, tendo em vista diversos fatores, incluindo o fato da população sul coreana ser maior e ter forte base ideológica proveniente do capitalismo para fazer um contra-ponto.

Por outro lado, há aqueles que analisam de forma precipitada que ao reunificar com dois sistemas, rapidamente o "capitalismo se sobressairia sobre o socialismo".

São análises ideologizadas que não seguem por um caminho de compreensão mútua do que seria a "grande unidade nacional" que o Presidente Kim Il Sung defendeu. De fato, depois da reunificação algo ocorrerá, mas com certeza não será um processo simples para ser abordado de tal maneira simplista e raza.

O que vem depois da reunificação da Coreia, passadas décadas depois do feito, é uma grande incógnita que apenas as condições do momento poderão nos revelar.

Mas é inevitável a reunificação pacífica e independente da Coreia.

Por :레난 쿠냐


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