sexta-feira, 21 de julho de 2017

O florescer da economia norte coreana



Não há mais como negar o desenvolvimento da República Popular Democrática da Coreia tanto na frente econômica como no setor de defesa nacional. A realidade concreta apresentada dá uma luz forte demais que ainda não pode ser vista por muitos que se apegaram por anos em difamações acerca do país, considerando-o pobre e à beira do colapso, sem perspectiva de qualquer melhora.

Essa noção de país pobre, atrasado e faminto foi propaganda desde a época da Guerra Fria onde a RPDC viveu ótimos momentos aproveitando a cooperação com a URSS e a China mas o mundo capitalista não podia mostrar a realidade norte coreana e quando vieram tempos difíceis nos anos 90, o país do leste asiático quase que sozinho no mundo hostil se fechou e conseguiu superar todas dificuldades com esforço próprio, recebendo sempre pouca ajuda comparada à hostilidade para com eles.

A Árdua Marcha deixou muitos mortos, fez norte coreanos desertarem e tentarem a vida no sul, na China e em outros cantos do mundo mas acabou, e ao ser superado mostrou uma força incrível do país de reerguer em meio a uma situação de queda quase iminente do regime, com enorme possibilidade de invasão estrangeira. Nesse período o fortalecimento do setor bélico com o maior engajamento com a política Songun fez o país sobreviver e contrariar todas as expectativas dos Estados Unidos e suas forças vassalas, entretanto, a imagem das dificuldades daquele tempo foram e ainda são ditos pela mídia imperialista como se a única mudança tivesse sido o fortalecimento bélico e aí que entra uma enorme contradição: Como um país pobre é tão forte militarmente e está construindo prédios, ruas, apartamentos, casas, rodovias, museus, lojas, fábricas, escolas, centrais hidrelétricas e muitas outras coisas em um curto período de tempo?

Nesse texto trataremos de falar um pouco do desenvolvimento econômico da República Popular Democrática da Coreia nos últimos anos, sob a liderança do Marechal Kim Jong Un sob a linha Byungjin.

Primeiramente é preciso enfatizar que a RPDC não divulga publicamente todos os dados sobre o país e muitos dos relatórios sobre sua economia são feitos por especulação apenas e a maioria dos "especialistas" não tem resposta decente quando se pergunta sobre as construções e desenvolvimentos técnico-científicos da RPDC. Outros especialistas, mesmo anti-RPDC, como Lankov por exemplo, não escondem o fato de que a Coreia Juche está se desenvolvendo de forma rápida e surpreendente mesmo sob tantas sanções.

Para se observar esse crescimento de forma real é preciso analisar diversos aspectos internos da RPDC e os dados que se tem acerca dela. Para isso, falemos então da política Byungjin

A Política Byungjin não é algo que a RPDC fale abertamente, é um novo método de desenvolver a economia e o setor bélico de forma conjunta que antes não era tão bem feito. Na "Era Kim Jong Il" a RPDC se recuperou economicamente dos problemas internos e obteve bons avanços no setor alimentício e no setor médico por exemplo, mas ainda sofria com o problema do setor energético por exemplo, e quando o Marechal Kim Jong Un tornou-se a figura mais importante do país, trabalhou para que todos os problemas fossem resolvidos com base em uma aplicação técnico-científica de alto nível. Dessa forma a RPDC passou a promover maior intercâmbio com diversos países e adquiriu mais conhecimentos para aplicar em suas condições reais, vale ressaltar que o intercâmbio não necessariamente rendeu altos lucros à RPDC com envio de dinheiro, equipamentos e outras coisas mais, mas sim ajudou a RPDC a fazer por si mesma, e mesmo nos setores em que não conseguiu grande cooperação, conseguiu fazer estudos por si mesmo, com seus cientistas e técnicos capacitados que desenvolveram novos métodos que surpreenderam o mundo. Dessa forma a RPDC conseguiu mesmo antes das sanções mais pesadas se tornar mais auto-suficiente, podendo poupar-se de comprar artigos caros necessários provenientes do exterior. A modernização industrial está a pleno vapor no país e dá grandes frutos com aumento da produção nos setores mais necessários e controle de acordo com a demanda em outros.

A RPDC é uma grande produtora de cimento, materiais de construção, possui vários minérios de ferro e é grande produtora de carvão por exemplo. Os campos da pesca e têxtil também estão na linha frente do país atualmente que impulsiona-se para tornar-se uma potência socialista.

A noção de custo difere em uma economia planejada, o Estado não pode simplesmente criar algo fora do nada.  Deve haver um custo suportado em algum lugar, além do custo de oportunidade de direcionar recursos e mão-de-obra para o rejuvenescimento arquitetônico do país. No mínimo, deve-se ter em conta o desgaste dos equipamentos de construção, a energia humana e mecânica gasta.
Para compreender é preciso observar dois aspectos: O uso dos militares do Exército Popular da Coreia para construções pelo país cada vez maior, com um número reduzido de operários civis e o desenvolvimento as Zonas Econômicas Especiais que faz o turismo aumentar desenfreadamente.

1- A utilização dos militares-operários é excelente pois não gera custos "extra" por isso. Os militares recebem seu salário como militares e podem ser designados a trabalhar em obras públicas, sem receber nada a mais por isso. O menor número de operários civis, incluindo o incentivo que a operários a se tornarem militares é um estratégia astuta do governo norte coreano.

2-As Zonas Econômicas Especiais foram frutíferas desde o início com grandes cooperações com China e Rússia, mas também caminhando além: Hong Kong, Malásia, Brasil, Suíça, Suécia, Itália e outros deram boas colaborações para um gás na economia norte coreana que já não é tão estatizada como antes. Infelizmente, com as sanções recentes essas cooperações diminuíram, mas como a ONU não pode proibir turismo, a cooperação para esse setor segue a todo vapor e a Coreia Popular desenvolve meios de atrair cada vez mais o interesse dos estrangeiros que gastam bastante dentro do país anualmente e deixam livres cada vez mais meios de "livre comércio", com agricultores por exemplo vendendo a parte que tem direito para o resto da população, outros vendendo produtos por eles mesmo produzidos ou outros serviços como engraxate por exemplo, mas vale lembrar que todos recebem do Estado.

É possível observar a partir dos relatórios do orçamento nacional da RPDC um aumento crescente das despesas públicas em infra-estrutura: +4,3% para 2014, + 8,7% para 2015 e + 13,7% para 2016.  A RPDC é mais imprudentemente financeiramente, ou encontrou uma maneira de superar o obstáculo da reserva estrangeira?

As relações com a China tornaram-se menos dependente de tais reservas do que muitas vezes é assumida. A China é, de longe, o parceiro comercial mais importante da RPDC e, portanto, é a fonte mais importante de moeda estrangeira. O quebra-cabeça aqui é que, de acordo com a alfândega chinesa, Pyongyang está sofrendo um pesado déficit comercial com Pequim (cerca de um bilhão de dólares em 2014), o que deveria, por si só, esgotar as reservas norte-coreanas.  Como o comércio não foi equilibrado há anos, alguns comentadores acreditam que, ao aceitar a situação, a China está escondendo um subsídio de fato do Estado da RPDC. Tais "subsídios" poderiam vir na forma de mercadorias para as quais o pagamento não é realmente esperado por razões políticas, ou de comerciantes chineses aceitando pagamento na RPDC reinvesti-los localmente, como na renovação do Shopping Kwangbok, co-financiado por uma empresa comercial chinesa. O estouro de construção da Coreia Popular tem sido facilitada por uma necessidade reduzida de reservas estrangeiras com base nas peculiaridades de sua relação com a China.


Finalmente, a economia do país pode simplesmente não ser tão ruim. O preconceito comum de que a Coreia do Norte deve ser um dos países mais pobres do mundo baseia-se em estimativas de PIB altamente especulativas e provavelmente politizadas.  Comparativamente, nossos indicadores mais confiáveis ​​são a produção de alimentos e as estatísticas do comércio, e ambos indicam que a Coreia do Norte está fazendo muito melhor do que na década de 1990, durante a crise econômica pós-soviética.  Os dados recolhidos localmente pelo Programa Mundial de Alimentos indicam que a Coreia do Norte está agora mais ou menos de volta à auto-suficiência nutricional da década de 1980 (produção de cereais de cerca de cinco milhões de toneladas em 2012, em comparação com cerca de dois milhões em 1996) e diminuiu consideravelmente os principais indicadores de desnutrição crônica, atrofia e desperdício.

Volume comercial China-RPDC nos últimos anos:



Enquanto isso, as estatísticas comerciais do escritório de alfândega chinês mostram que o comércio da RPC-RPDC passou de 0,37 bilhões de dólares em 1999 para 5,37 bilhões de dólares em 2016 . Posteriormente, cresceu quase 40% no primeiro trimestre de 2017 em comparação com o mesmo período de 2016, apesar da adoção de sanções particularmente severas da ONU em 2016 (resoluções 2270 em março e 2321 em novembro).  Estes números dificilmente são conciliáveis ​​com a hipótese de uma economia em colapso, para não mencionar que eles subestimam a quantidade real de atividade econômica com a Coreia do Norte. Os números em geral não mostrarão o contrabando, o comércio de certas mercadorias politicamente sensíveis, ou, claro, a "ajuda" chinesa e o investimento. Pequim também foi conhecido por simplesmente não divulgar as estatísticas alguns meses.

Além do comércio, o programa nuclear norte-coreano poderia beneficiar a economia ao permitir que o governo reafecte os fundos das despesas de defesa convencionais para o desenvolvimento dos meios de subsistência das pessoas. Esta parece ser o grande trunfo da política byungjin de desenvolvimento simultâneo nuclear e desenvolvimento econômico. O dilema de segurança da Coreia do Norte é que não pode garantir a segurança nacional através de gastos de defesa convencionais porque o orçamento militar, que está entre US $ 1,2 e US $ 10 bilhões [22], está sendo irremediavelmente ultrapassado pela Coreia do Sul (US $ 36 bilhões) e os Estados Unidos (US $ 606 bilhões ).  A única maneira de desenvolver a economia sem sacrificar-se, a lógica, é se concentrar em capacidades de guerra assimétrica relativamente econômicas, como uma dissuasão nuclear. Isso por exemplo não exclui o fato dos equipamentos militares terem sido renovados, mas comparado aos seus inimigos de guerra, são menores, enquanto seus mísseis e armas nucleares chegam próximo.

Dito isto, o aumento das despesas com os meios de subsistência das pessoas ajuda a explicar a onipresença dos novos bens de consumo produzidos no mercado interno, como alimentos, cosméticos ou eletrônicos, e a queda dos números desertores em mais de metade desde que Kim Jong Un assumiu o poder tem sido motivo de dor de cabeça enorme nos EUA. Por enquanto, a economia norte-coreana está melhorando, e esse é fator para pagar grandes remodelações. A RPDC não se desenvolve apenas em Pyongyang e há grandes desenvolvimentos urbanos em Wonsan, Rason, Hamhung e Sinuiju por exemplo, embora ainda tenha áreas que precisem de maior desenvolvimento ainda.

Sob a liderança de Kim Jong Un a Coreia Popular ganha uma força que não se imaginaria de um país socialista no século 21, garantindo uma modernização sem se entregar ao capitalismo - como fez a China- e defendendo seu legado revolucionário. O ressurgimento econômico se mostra correto e já explicitou claramente que nenhuma sanção funcionará para colapsar o país e se alguém ainda duvida, vive na mais pura ignorância, normalmente ideológica.

A perspectiva futura parece incerta pois tratando-se da RPDC, uma guerra pode começar a qualquer momento por inciativa dos EUA, mas caso os EUA não cometa seu maior erro, que levaria a seu próprio colapso, as sanções devem ser deixadas de lado e as conversações aumentadas e dessa forma com certeza a RPDC se tornará uma país forte economicamente na Ásia, e em caso de uma reunificação, uma nação ainda mais poderosa.

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