segunda-feira, 10 de abril de 2017

Ocupação Japonesa na Coreia (1910-1945) - Resumo

Olá caro leitor! Após textos introdutórios enfim chegamos no início dos temas mais específicos de nosso blog. Os textos inicias servem para se ter um entendimento prévio sobre a história da Coreia antiga e seus governos feudais, sua cultura, arte, desenvolvimento, pensamentos e tudo mais. Seguiremos postando textos alternativos para ajudar a todos a entender uma histórica muito pouco falada e quando falada, tratada de forma rasa, distorcida e sob um víeis imperialista que muitos acabam acreditando.

Nosso objetivo é mostrar uma realidade que provavelmente você não conhece ou não sabe ao certo devido a toda a manipulação imposta pelos imperialistas estadunidenses. Tendo isso em mente, seguiremos contando sobre partes cruciais para se entender os anseios do povo coreano durante a ocupação japonesa, depois dela, e após a fundação das 2 repúblicas: a República Popular Democrática da Coreia (RPDC) e a República da Coreia  (RC), assim como explicaremos os significado histórico e prático de cada uma. Iniciamos então aqui a primeira parte deste ciclo. Lembre-se que este é apenas o resumo e postaremos fatos e detalhes adicionais ou alguns já aqui citados de forma mais específica, detalhando e contando detalhes sobre determinados assuntos. Boa leitura!


Oficialmente o Japão passou a ocupar a Coreia em 29 de agosto de 1910, mas não foi "de uma hora para a outra" que isso aconteceu. Diversos fatores e fatos influenciaram para o Japão, há muito interessado nos territórios da península coreana, conseguir oficializar a Coreia como mais uma parte de sua expansão imperialista que vinha em forte crescente naquela época seguindo uma tendência mundial de Estados invadirem outros Estados.

Durantes a longa histórica do que conhecemos como Coreia e Japão, ocorreram diversos conflitos entre eles dentre os quais acordos de paz foram assinados pelos derrotados em troca de ganhos econômicos e influências. A Coreia feudal, como já falamos anteriormente, desenvolveu-se durante um bom tempo na Dinastia Joson onde ficou marcada por um exército forte e isolacionismo que levou-a ganhar o apelido de "nação eremita".  Neste período o Japão tentou de diversas maneiras confrontar com os coreanos e sofreram duras derrotas que fizeram-os recuar, dentre os vários conflitos que já citamos anteriormente e que vale uma lida com mais cuidado.
Vale relembrar o primeiro confronto direto com os Estados Unidos que por meio das tropas do General Sherman avançaram pelo Rio Taedong até Pyongyang e que foi atacado massivamente pelas tropas e povo coreano.

Todavia, aquele governo feudal eremita que desenvolveu setores importantes para a sociedade coreana em sua fase final enfrentou sérios problemas econômicos por conta de má administrações, das influências internas que acabaram entrando e mobilizando o povo a exigir mudanças  e uma pressão cada vez maior entre as potências locais em desenvolvimento, o Japão, a Qing China e o Império Russo.

Nessa fase final bastante conturbada, alguns fatos são importantes para a futura invasão japonesa definitiva como em 1876, quando o Japão enfim derrotou Joson no que chamam de "Incidente de
Unyo" e forçou o governo decadente o tratado desigual chamado "Tratado de Kanghwado", um tratado desigual que tornou sob outro pretexto, a Coreia em uma semi-colônia, onde o Japão tinha grande influência e informantes, ao ponto que se dizia "estabelecer amizade entre ambos países".

Se tornando uma penela de pressão, Joseon, uma pátria firme e forte, cheia de conceitos confucionistas se transformou e Império da Coreia em 1897, quando o Rei Gojong retornou da Rússia e estabeleceu o Império da Coreia após se aconselhado pelo Czar Nicolau (2)

Gojong tentou fazer a Coreia se desenvolver novamente e para isso investiu em negócios com outros Impérios e estabeleceu diversos acordos, todavia, foi uma marionete de forças exteriores e viu os conflitos entre outros impérios afetarem seu país. As tropas coreanas não foram deixadas de lada entretanto, e combateu alguns ataques japoneses e chineses, porém a abertura do país sem um controle maior de um líder consciente, fez com que a Coreia fosse disputada em guerras e tudo o que ele conseguiu desenvolver ficaria nas mãos dos japoneses.

Isso aconteceu porque inicialmente entre 1894 e 1895, o Japão, sempre uma pedra no sapato do governo coreano havia se fortalecido militarmente e lutou contra a Qing China, uma dinastia que anteriormente tinha boas relações com a dinastia Joson, pela hegemonia da Coreia  e com a vitória
japonesa, um caminho sombrio se abria. Mas foi no Império Coreano que 2 guerras foram cruciais: Uma segunda guerra sino-japonesa (1904-1905) e a guerra russo-japonesa. Sem apoio e com o seu aliado e seu antigo aliado derrotados, o governo feudal viu o Japão estudar uma invasão sem falhas com apoio dos EUA que na época achava mais vantajoso ganhar apoio japonês na invasão das Filipinas do que comercializar com o governo imperial coreano, e assim foi assinado o "Pacto Secreto de Taft-Katsura" e em 1905, as primeiras tropas japonesas conseguiram tomar parte da Coreia com o "Tratado de Ulsa", e finalmente em 1910, mesmo com resistência de pequenos grupos foi assinado o Tratado Coreano-Japonês onde o governo derrotado passou a ser colônia oficialmente do Japão e a partir daí, uma era sombria para o povo coreano viria.


As tropas japonesas eram cruéis e submeteram o povo coreano à escravidão e os impôs sua cultura e língua, tentando matar todo o orgulho patriótico daquele povo. Desenvolveu suas tecnologias naquele território para seu próprio usufruto enquanto usava dos coreanos para serviços braçais e alguns poucos conseguiam alguns pequenos privilégios com o tempo.

Mas aquele povo acostumado a lutar sempre não ficaria parado por muito tempo. Surgiria lutas armadas com formações de guerrilhas e com influências comunistas e anarquistas entrando naquele território de forma escondida com o passar do tempo.

Segundo as fontes coreanas, os primeiros registros de luta contra os imperialistas japoneses foi ainda antes da ocupação oficial, em 1908, mas foi em número reduzido e sem grande apoio. Quando o Japão assumiu o comando, fez alguns "expurgos" naqueles que consideravam perigosos a seu governo e usou da autoridade de forma pesada para evitar reações populares. Mas isso não evitaria o surgimento de novos grupos posteriormente.

Entre 1910-1912 há relatos de pequenos grupos atacarem e resistirem aos seus "chefes", que acabaram rapidamente mortos.


O Japão era cruel ao extremo e suas marcas criminosas seguem ainda não foram apagadas. Os imperialistas além de matar opositores e fazer o povo coreano de escravo, usava as mulheres coreanas além do trabalho, como "mulheres de conforto", as quais estupravam regularmente e obrigavam-as a fazer abortos e muitas acabavam morrendo.





Com o martírio nacional sendo cada vez maior o povo começou a se mobilizar e criar táticas para por fim a esse inferno na terra que se tornou a Coreia sob o domínio japonês. Alguns coreanos conseguiram fugir para a China e outras áreas para se esconder dos japoneses e montaram táticas de guerrilhas que foram aumentando conforme o tempo e se aglutinando.



Nesse sentido, surge  uma figura marcante chamada Kim Hyong Jik, um corajosos patriota coreano que junto a outros compatriotas em 1917 formou a Associação Nacional Coreana (ANC), um grupo mais organizado e reuniu coreanos de partes diferentes do país para se unirem e lutarem de forma organizada e atacar pontos cruciais do governo japonês, como responsáveis por cada região e outros japoneses de grande importância para o império nipônico. Concebeu uma ideia que se tornaria a base para a vitória do povo coreano posteriormente sobre o Japão. A Ideia Jiwon que é uma ideia de manter firmemente a posição anti-imperialista e continuar de geração em geração uma revolução para formar uma pátria civilizada onde as massas pudessem desfrutar da verdadeira felicidade.


Com um líder perseverante e carismático daquele grupo, Kim formou aquela associação que foi diferencia por sua enorme disciplina, valorização das massas populares e firma posição anti-imperialista.



Kim Hyong Jik, teve contato com os missionários cristãos nas primeiras missões em Pyongyang e frequentou escolas dirigidas por este onde tornou-se professor e adotou o cristianismo protestante e conheceu Kang Pan Sok, também protestante que fundou a igreja Chingol, uma igreja protestante coreana, com quem manteve namorou mas não pôde se casar devido a imposições japonesas.
Ambos possuíam um sentimento patriótico ardente e buscaram a todo o custo a liberdade do povo oprimido.


Em 1912, em Mangyongdae,Kang deu à luz a Kim Il Sung, alguém que viria a salvar a pátria.
Como parte da Idéia Jiwon era de manter a luta revolucionária de geração para geração, Hyong Jik instruiu seu filho desde muito jovem para seguir seu caminho, e com 14 anos de idade o jovem Kim Il Sung junto a outros compatriotas a União para Derrotar o Imperialismo (UDI), pouco depois de seu pai ter sido assassinado em Jinlin na China, tal localidade que seguiu sendo um ponto onde reuniram-se os revolucinários coreanos.

Foram duros anos de lutas e as perdas humanas faziam-os recuar.

No interior da Coreia e no exterior, Kim Il Sung passava aos poucos a se tornar uma liderança do grupo com sua inteligência e devoção patriótica que o fez ser o inimigo número 1 dos japoneses.

Em 1930, o movimento voltou a ganhar novo gás para combater os japoneses, com táticas novas de ataque surpresa estudadas e postas em prática. Kim Il Sung em 3 de julho com 18 anos de idade criou a Associação de Camaradas Konsol, formada por jovens comunistas que assim como ele começar ama ter contato com as obras de Marx e Engels em suas fugas para o exterior.




Em abril de 1932, foi iniciada a Guerrilha Popular que se estendeu para diversas regiões da Manchúria e teve um maior número de voluntários que fez com que o governo japonês aumentasse suas tropas em toda a Coreia. Em março de 1934, esse movimento ainda mais forte formou-se como Exército Revolucionário Popular da Coreia que aos poucos foi liberando pequenas áreas.

Uma Pausa para detalhes:

Um detalhe interessante é que em 1925, pouco antes do início da carreira revolucionária de Kim Il Sung, havia sido feito o Partido Comunista da Coreia que não foi reconhecido pela Internacional Comunista e iria se desfazer em 1928, após boa parte do grupo ter sido capturado pelos japoneses.

Outro detalhe interessante é que a participação feminina começou a partir dos anos 30 com a entrada da heroína revolucionária Kim Jong Suk, e outras mulheres importantes para a vitória final inspiradas nos êxitos dela  entraram na luta em maior número com o passar do tempo.

Voltando:


Em maio de 1936, realizou-se a conferência constituinte da Associação para a Restauração da Pátria (ARP) com um programa de 10 pontos fundamentados por Kim Il Sung e aceito pelos membros.
Com as guerrilhas ganhando força e com mulheres como Kim Jong Suk trazendo grandes baixas para o Japão, com a morte de vários membros importantes presentes no país eles formularam uma respota que foi um cerco enorme conhecido como "Marcha Penosa" onde os guerrilheiros tiveram que fugir entre os anos 37 e 38 em grande número.


Mas o retorno coreano foi avassalador e aproveitou-se de 2 fatores muito importantes para a queda definitiva dos japoneses: O enfraquecimento do Japão na Segunda Guerra Mundial e a posterior colaboração soviética.


Muitas tropas femininas e masculinas se organizaram principalmente em florestas e nas montanhas, sobretudo o Monte Paektu que tornou-se sagrado pois por lá durante todo o período de luta do povo coreano contra os japoneses, foram formadas táticas de ataque e onde eles se escondiam da vigilância japonesa enquanto ainda estavam na Coreia. As tropas femininas tiveram um papel fundamental para superar os japoneses que não poderiam conter os avanços coreanos eternamente. Nos anos de 1943 e 1944 o povo coreano alcançou grandes êxitos no combate de guerrilhas e em 1945, com a URSS declarando guerra ao Japão, a Coreia teve apoio e enfim derrotou o Império Japonês e obteve sua liberdade... por um curto período de tempo pois o imperialismo estadunidense causaria mais dor e sofrimento e chamaria o povo novamente a se unir para combate-lo, mas o contexto já era um pouco diferente e será melhor analisado e descrito em breve em outra postagem.

Detalhe adicional: Kim Il Sung e Kim Jong Suk se casaram na URSS em um período de fuga das tropas japonesas na parte final de luta anti-japonesa a heroína revolucionária deu à luz a Kim Jong Il em 1949 no Campo Secreto do Monte Paektu logo após retornar para o que seria o penúltimo ano de batalha.


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