sexta-feira, 28 de abril de 2017
Anarquismo na Coreia.
O movimento anarquista na Coreia surgiu praticamente no mesmo período que o movimento comunista no país. Sua origem data o início do século XX. Os primeiros anarquistas coreanos assim como ocorreu com os primeiros comunistas coreanos, moraram por um período no exterior, no caso, a China era o local preferido onde eles realizavam encontros e organizavam movimentos e manifestações contra o governo feudal e também estiveram junto aos comunistas lutando contra os japoneses. A diferença é que ao contrário dos comunistas que começaram a se manifestar no final do Império Coreano quando o país já era uma semi-colônia do Japão, eles já se manifestavam contra o Império e sofreram forte repressão sendo muito deles presos pelo governo.
O número de anarquistas segundo dados chineses e coreanos ao longo da história chegou a ser de cerca de 8000 pessoas, um número pequeno comparada ao de comunistas.
Quando o Japão oficialmente passou a ocupar a Coreia, por muitas vezes estiveram junto a comunistas e outros guerrilheiros sem ideologia lutando pela libertação da Coreia mas sempre que podiam faziam reuniões no interior da China para discutir sobre o futuro do país porque temiam que com o avanço comunista no país, o Estado seguisse existindo porém de outra forma, o que eles condenavam veementemente.
Os principais nomes do movimento anarquista coreano foram Kim Chwa Chin, Ha Ki Rak, Park Yeol e Shin Chae Ho. Chwa era filho de Kim Hyong Gyu, um coreano rico que possuía 50 escravos, dos quais ele libertou quando completou 18 anos quando iniciou uma luta para libertar o país da escravidão para o estabelecimento de uma nova Coreia sem Estado e procurado pelo governo feudal teve que fugir constantemente para a China e seguiu sua luta também contra os imperialistas japoneses que ocuparam o país em 1910 e acabou morto em 1930 pelas tropas japonesas. Ha, se uniu a Chwa em busca de uma nova Coreia anarquista, mas diferentemente de seu amigo, defendia o pacifismo o que o fez ser menos perseguido pelo governo feudal, embora tenha participado das manifestações de estudantes de Kwangju. Ele havia estudado também por um tempo na Universidade Waseda no Japão e quando os nipônicos ocuparam seu país em 1910, deixou de lado o pacifismo e esteve junto no movimento anti-imperialista. Sobreviveu até a libertação da pátria em 1945, e foi um crítico moderado de Kim Il Sung e do recém-formado Comitê Popular Provisório da Coreia do Norte e estava no sul quando os EUA invadiu o país e esteve junto aos comunistas tentando livrar o país do imperialismo novamente e sobreviveu bravamente mais uma vez e viveu até seus últimos dias na Coreia do Sul onde em 1972 fundou a Federação Anarquista da Coreia e em 1995, 2 aos antes de morrer, foi um dos organizadores da Conferência Mundial da Paz em Seul. Park era filho de japoneses e vivia se deslocando entre a Coreia e ao Japão, e adotou o anarquismo radical que o fez conspirar contra o governo imperial japonês, tentando um ataque contra a Casa Imperial que levou-o a ser um procurado do governo do Japão considerado traidor da pátria, que passou com o tempo a ficar mais em seu país natal onde concluiu a escola secundária em Seul e quando o Japão ocupou o país, foi o responsável por diversos ataques contra lideranças japonesas dentro e fora da Coreia, incluindo o ataque ao príncipe herdeiro Hirohito, lutando junto aos comunistas até ser preso em 1923 e incrivelmente ficou vivo até a libertação da Coreia em 1945 quando se tornou livre. Era um crítico moderado do recém formado Comitê Popular Provisório da Coreia do Norte e estava ao norte do país quando ocorreu a invasão estadunidense e por lá ficou até 1971 quando faleceu. Shin foi um historiador muito respeitado durante a dinastia Joson que se tornou um grande crítico do Império Coreano e aderiu ao movimento anarquista na China e participou de movimentos contra a ocupação japonesa posteriormente e acabou preso e morto em 1936 pelo governo japonês.
Durante a ocupação japonesa, a Região de Shinmin foi considerada uma região autônoma onde os anarquistas e comunistas se reuniam e conseguiram vencer batalhas contra os japoneses de 1929 à 1931 e era considerada pelos anarquistas como o local onde o movimento anarquista ganharia força e seguiria para todo o país.
Em 1924, em uma reunião secreta foi publicado o "Manifesto da Revolução Coreana" que falava sobre a necessidade de combater os japoneses e libertar o país por meio de luta revolucionária, obra muito apreciada pelos anarquistas coreanos atuais e em 1929, o grupo de anarquistas intitulou-se como Liga da Bandeira Negra.
Os anarquistas juntos aos demais patriotas lutaram até 1945 quando o país se tornou livre da ocupação japonesa. Os que sobreviveram foram críticos moderados do CPPCN e sofreram com a invasão estadunidense. No sul foram reprimidos pela ditadura de Rhee e no norte chegaram a fazer pequenas manifestações sem grande apoio popular e viram todo o sofrimento do povo coreano durante a guerra da Coreia. Os poucos anarquistas que sobreviveram para contar história e os novos anarquistas que surgiram no norte e no sul passaram a ser apenas pacifistas e admiradores do passado de luta porque o movimento passou a ser cada vez mais insignificante.
No norte ao longo da história alguns se mudaram para outros países e os que viveram por lá não tiveram outra opção se não aceitar o governo comunista, porém os grandes nomes anarquistas foram sempre bem falados no país, assim como no sul, onde atualmente há um número maior de anarquistas atualmente se comparado ao norte.
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