quarta-feira, 14 de junho de 2023

A América Latina não é mais o "quintal tranquilo" dos EUA


O comentarista de assuntos internacionais, Paek Kwang Myong, publicou nesta quarta-feira (14) um artigo intitulado "A América Latina não é mais o "quintal tranquilo" dos EUA".

Seu texto íntegro segue:

Enquanto se encontram em decadência os EUA, autoproclamados "única superpotência do mundo", é levantada a onda de independência no extenso território latino-americano, conhecido nos séculos passados como "quintal tranquilo" dos EUA.

Desde 1823, quando o 5º presidente estadunidense, James Monroe, lançou o lema enganoso de "América para os americanos", a agressão, o saque e a intervenção nos assuntos internos, cometidos pelos EUA sob o vistoso cartaz de "paz e liberdade" e "democracia e direitos humanos", violaram flagrantemente a dignidade e soberania dos países regionais que permaneceram por muito tempo como "quintal tranquilo" do imperialismo estadunidense.

Há de sobra os casos de agressão e interferência dos EUA, tais como a tomada dos territórios mexicanos na década de 1840, a colonização de Porto Rico e Guantánamo mediante a primeira guerra imperialista com a Espanha na década de 1890, a fabricação de governos ditatoriais pró-EUA em Nicarágua, Cuba, Chile e outros países entre a década de 1930 e a de 1970 e a invasão armada ao Panamá e à Granada na década de 1980.

A atual campanha de sanção e bloqueio dos EUA contra Cuba, Venezuela, Nicarágua e outros países independentes anti-EUA é, em sua essência, uma tentativa de reabilitar a "Doutrina Monroe".

Porém, o tempo mudou e se tornam mais fortes do que nunca a aspiração e determinação dos povos latino-americanos de viver e desenvolver-se de maneira independente.

Nos últimos anos, apareceram um após o outro na região os governos progressistas que aspira à política externa e interna independente e se torna cada dia mais forte a tendência a resolver com as forças conjuntas os problemas regionais pondo ponto final na dominação monopolista dos EUA.

Os países regionais condenam categoricamente a conduta dos EUA, que impedem a justiça e progresso sociais, como renascimento da "Doutrina Monroe" e intervenção nos assuntos internos dos Estados soberanos.

Ademais, demandam a eliminação da Organização dos Estados Americanos (OEA), convertida em uma marionete dos EUA, e fortalecer as verdadeiras organizações regionais como a Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC) que exclui esse país.

Sob tais circunstâncias, na VII Cúpula da CELAC, efetuada no final de janeiro passado na Argentina, foram discutidos os problemas para intensificar o trabalho desta organização e acelerar a integração política e econômica e foi escutada a voz comum dos países regionais contrária a todas as manifestações de dominacionismo e hegemonismo.

O Brasil retornou em janeiro deste ano à CELAC e restabeleceu as relações diplomáticas com a Venezuela da mesma forma que fez a Colômbia.

Muitos países estreitam a cooperação política e econômica com Cuba, Venezuela e Nicarágua, que mantêm a posição independente anti-EUA, expressando-lhes apoio e solidariedade.

No domínio econômico, entram em etapa crucial as tentativas de introduzir uma moeda comum da região excluindo o dólar estadunidense no comércio exterior entre os países regionais.

Bolívia, Chile e Argentina, "triangulo do lítio" que representa mais de 60% da reserva mundial deste metal, e México, que ocupa o décimo lugar na reserva mundial, realizam com frequência as conversas e os debates para fundar o "complexo regional de lítio" capaz de produzir até bateria e carro elétrico, sem limitar-se à extração.

Os países regionais se somam à corrente de multipolarização mantendo a posição independente nas relações internacionais.

Nos últimos anos, Panamá, República Dominicana, El Salvador, Nicarágua e Honduras estabeleceram relações diplomáticas com a China rompendo os vínculos com Taiwan.

O Equador firmou o Tratado de Livre Comércio com a China e Brasil, Argentina e Bolívia decidiram usar a moeda chinesa Renminbi na liquidação de transações comerciais.

Acerca do incidente da Ucrânia, os países regionais rechaçam tangentemente a demanda dos EUA e do Ocidente de que se somem à campanha de pressão contra a Rússia.

Além disso, Argentina, México, Venezuela e Bolívia e muitos outros países expressaram a intenção de ingressar no BRICS e tomam as medidas de trabalho para este fim.

Isso demonstra claramente que sob justo lema de "América Latina para os latino-americanos", os países desta região se esforçam para lograr com as próprias forças o desenvolvimento independente da região fazendo frente comum ao despotismo e arbitrariedades dos EUA que os impõe século após século as desgraças e penúria.

A enganosa "Doutrina Monroe" é criticada e repudiada totalmente e vai sendo rompida de maneira irreversível a posição monopolista dos EUA na América Latina.

Em um futuro próximo, o "quintal tranquilo" dos EUA se converterá no cenário de prosperidade onde bate a onda da independência.

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