Nascido na cidade de Pusan, na atual República da Coreia, em uma família de intelectuais, em 16 de fevereiro de 1889, recebeu educação inicial em casa e concluiu seus estudos primário e secundário em Seul. Nos estudos, se interessou profundamente pela linguística. Depois de formado, passou a dar aulas na Escola Secundária Posong, em Seul. Segundo materiais sul-coreanos, ele teria se recusado a estudar ou trabalhar em escolas administradas por japoneses.
Com a anexação da Coreia pelo Japão, juntou-se à organização "Juventude Coreana" com outros companheiros próximos do campo intelectual. Após o Levante de Primeiro de Março de 1919, que marcou um período de maior repressão do imperialismo japonês, exilou-se em Shanghai. Diz-se que foi na China que ele teve o primeiro contato com a ideologia comunista. Por lá, participou do chamado "Governo Provisório", sendo encarregado do departamento de educação e escolaridade infantil, onde atuou como presidente e também lecionou coreano e história coreana. Depois que os imperialistas japoneses invadiram a China, escondeu-se com outros companheiros em Yanan, sede do Partido Comunista da China na época.
Após a libertação da Coreia, estabeleceu-se na parte norte e fundou, em 1946, o Partido Neodemocrático junto com outros companheiros, como Choe Chang Ik e Han Bin, que regressaram à Coreia vindo de Yanan. Pouco depois seu partido fundiu-se com o Partido Comunista da Coreia, dando origem ao Partido do Trabalho da Coreia. No PTC, foi uma das principais lideranças da primeira geração.
No âmbito estatal, foi eleito presidente do Comitê Permanente do Comitê Popular da República Popular Democrática da Coreia e presidente do Presidium da Assembleia Popular Suprema, e teve grande importância na formação do Estado norte-coreano, por exemplo, com a defesa da nova bandeira em sua obra "Sobre a abolição do Taegukki e a instituição da nova bandeira" (1948). Anteriormente, havia defendido a posição favorável ao sistema de tutela definido pela Conferência dos Ministros das Relações Exteriores de Moscou, combatendo agitações antitutela, antissoviéticas e anticomunistas de figuras como Jo Man Sik
Porém, a imagem de Kim Tu Bong como comunista valoroso, fiel ao líder, ao povo e à revolução começou a ruir com o passar do tempo.
Mesmo durante a Guerra de Libertação da Pátria, quando a jovem República Popular Democrática da Coreia, com apenas dois anos de existência, enfrentava uma poderosa aliança imperialista, promovia atividades faccionistas fazendo pleno uso de sua autoridade.
Foi o mentor do Incidente de Agosto de 1956, uma trama dos faccionistas lacaios das grandes potências para retirar o grande Líder camarada Kim Il Sung do poder na 2ª Reunião Plenária do 3º Período do Comitê Central do Partido do Trabalho da Coreia. Porém, seu plano maligno foi descoberto e, consequentemente, fracassou.
A trama do "Incidente de Agosto"
O Primeiro-Ministro Kim Il Sung partiu no verão de 1956 para uma visita de 7 semanas a outros países socialistas, buscando fortalecer os laços de amizade, cooperação e solidariedade em meio ao caos instaurado pelo 20º Congresso do Partido Comunista da União Soviética.
Aproveitando a ausência do líder, Kim Tu Bong, um alto quadro do Partido e do Estado, reuniu outros faccionistas, como Choe Chang Ik e Pak Chang Ok, e planejou críticas públicas à liderança durante uma reunião plenária do Comitê Central do Partido.
Estimulado pela linha anti-Stalin adotada pelo 20º Congresso da URSS, que incluia críticas ao chamado "culto à personalidade", o grupo articulou-se com diplomatas da URSS e buscou apoio também na China, apresentando-se como portador de uma “linha de esquerda”, mas na prática defendendo teses revisionistas que enfraqueciam a direção central do Partido e a ditadura do proletariado. Entre suas propostas estavam:
— Subordinar o Partido a órgãos estatais como a Assembleia Popular Suprema.
— Reduzir a liderança do Partido sobre sindicatos e sobre o Exército Popular.
— Ampliar a influência e o controle soviético nas instituições e órgãos de segurança da RPDC.
Contudo, Kim Il Sung foi informado sobre as intenções malignas da camarilha de Kim Tu Bong e fez com que a reunião fosse adiada para agosto.
Na presença do líder, os faccionistas proferiram ataques "khrushevistas" ao líder, demandando mudanças substanciais no partido e no regime estatal como um todo. Porém, apesar de seus esforços, não obtiveram simpatia dos membros do Partido, que demandaram a expulsão dos elementos faccionistas.
Esse evento não foi apenas um marco na luta antifaccionista, mas também na luta antirrevisionista, ao apresentar uma posição resoluta do Partido do Trabalho da Coreia de não submeter-se às diretivas de Moscou, mas defender as tradições revolucionárias e promover o socialismo de acordo com as características particulares do país.
Afastados do poder, os faccionistas ainda tentaram recorrer à ajuda externa, tendo inclusive solicitado ao Presidente da China, Mao Zedong, apoio para que retornassem aos seus cargos. Porém, sem mudança na atitude dos rebeldes, a RPDC não curvou-se às orientações de outros e puniu duramente os faccionistas e todos os demais que colaboraram na tentativa de minar a autoridade do Partido. O processo de expurgo dos elementos faccionistas prosseguiu até o final da década de 1950, com investigações sendo conduzidas para esclarecer todo o caso e os envolvidos. Com isso Kim Tu Bong foi oficialmente expulso de todos os cargos em 1958. Não há confirmação se foi executado ou passou por reforma por meio do trabalho de longo prazo.
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