terça-feira, 5 de novembro de 2024

A multipolarização do mundo e o estabelecimento de uma ordem internacional justa são uma forte aspiração da atualidade


Na segunda quinzena de outubro passado, foi realizada a 16ª Cúpula de Chefes de Estado do BRICS na cidade de Kazan, na Rússia.

A cúpula contou com a participação de representantes de 36 países, incluindo líderes de mais de 20 países, bem como representantes de 6 organizações internacionais. Durante a reunião, foi realizado um debate aprofundado sobre a cooperação dentro do BRICS e questões internacionais importantes, sob o tema "Fortalecer o multilateralismo e promover o desenvolvimento e a segurança globais justos". Ao final, foi adotada a Declaração de Kazan.

A Declaração de Kazan refletiu uma posição de princípios sobre várias questões internacionais, incluindo a direção do desenvolvimento do BRICS e a necessidade de uma reforma abrangente da ONU. Além disso, a declaração reafirmou a oposição a sanções unilaterais motivadas por motivos políticos, defendendo uma abordagem de resolução pacífica das crises regionais e a eliminação das causas subjacentes desses conflitos.

O Presidente da Rússia, em seu discurso na reunião ampliada da cúpula, afirmou que os países do BRICS estão moldando um exemplo de multipolaridade e gerando uma nova onda de crescimento econômico. No entanto, ele destacou que as forças acostumadas à lógica de dominação estão tentando bloquear a transição para um mundo multipolar. Ele também apontou que os métodos prejudiciais adotados pelo Ocidente estão destruindo a estabilidade estratégica regional e global, violando os princípios de segurança iguais e indivisíveis, além de fomentar discórdias entre países e grupos étnicos.

O Presidente do Irã afirmou que um mundo melhor é aquele livre de sanções, coerção, agressão, guerras, invasão e genocídio. Ele defendeu o multilateralismo, enfatizando a necessidade de promover a igualdade em vez da discriminação e de incentivar o diálogo em lugar da guerra.

O BRICS está se tornando uma poderosa força que impulsiona a multipolaridade global e a construção de uma ordem internacional mais justa.

O BRICS foi iniciado em 2006, com uma reunião informal entre os ministros das Relações Exteriores da Rússia, China, Índia e Brasil. Desde então, o bloco tem alcançado um desenvolvimento contínuo, com a formalização das cúpulas de chefes de Estado a partir de 2009. Hoje, o BRICS se expandiu para 10 países, representando 33% da área terrestre global, 46% da população mundial, quase 40% da produção total de petróleo e 25% das exportações globais, tornando-se uma poderosa organização multilateral.

O BRICS responde por 37% do Produto Interno Bruto (PIB) global, superando o índice correspondente ao grupo das sete economias mais desenvolvidas (G7). Além disso, sua economia é 2,5 vezes maior que a da União Europeia, sendo, de fato, avaliado como a "locomotiva" do crescimento econômico mundial.

Com o aumento de sua posição e papel na economia global, o BRICS tem se distanciado do sistema econômico liderado pelo Ocidente e tem buscado estabelecer uma nova ordem econômica internacional.

Os países do BRICS, em 2015, manifestaram sua posição conjunta em favor de uma reforma do Fundo Monetário Internacional (FMI), liderado pelo Ocidente, e da criação de uma ordem econômica internacional mais justa, alinhada aos interesses dos países em desenvolvimento. Para promover o aumento dos investimentos em infraestrutura nos países em desenvolvimento, o BRICS fundou o Novo Banco de Desenvolvimento.

A partir de 2019, o bloco iniciou a criação de um sistema de pagamentos interbancários independente, promovendo o uso de moedas nacionais nas transações. Em junho do ano passado, os países do BRICS chegaram a um acordo básico sobre a introdução de uma moeda comum para o bloco.

À medida que a cooperação entre os países do BRICS se expande para as áreas política e de segurança, o bloco está gradualmente se tornando uma organização de cooperação multilateral estratégica, com uma identidade cada vez mais definida.

Nas cúpulas de 2014 e 2015, respectivamente, as declarações de Fortaleza (cidade no nordeste do Brasil) e de Ufa (cidade no oeste da Rússia) abordaram a necessidade de aprofundar a cooperação em uma série de questões políticas e de segurança internacionais e regionais. Entre os temas discutidos estavam a reforma da ONU, a preservação dos resultados da vitória na Segunda Guerra Mundial, a luta contra o terrorismo, e a resolução da crise na Síria.

A Cúpula de Chefes de Estado do BRICS de 2021, realizada por videoconferência, enfatizou a defesa dos princípios de não interferência nos assuntos internos e da resolução pacífica de disputas, além de fazer um apelo para o fortalecimento dos regimes de controle de armas e a prevenção da corrida armamentista no espaço.

Nas reuniões de ministros das Relações Exteriores e na Cúpula de 2023, os países membros confirmaram três áreas principais de cooperação entre os membros: política e segurança, economia e finanças, e intercâmbios humanos e culturais.

O presidente do Conselho da Europa afirmou que a participação de países que tradicionalmente valorizavam a cooperação com o Ocidente na cúpula do BRICS demonstrou a necessidade de a União Europeia mudar sua abordagem de diálogo com outros países e passar a respeitá-los mais. Ele reconheceu que a postura do Ocidente tem sido muitas vezes arrogante.

À medida que a influência internacional do BRICS cresce, mais de 30 países têm solicitado adesão, incluindo até mesmo membros da OTAN, como a Turquia, que também está buscando entrar no bloco.

O crescimento das forças que buscam uma ordem internacional mais justa e o declínio da ordem global desigual liderada pelo Ocidente é um processo legítimo e inevitável do desenvolvimento histórico e das transformações da era atual.

Jang Chol

Rodong Sinmun

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