sexta-feira, 30 de março de 2018
Kim Il Sung e o cristianismo
Após muitos anos de insistência, no período final da dinastia feudal de Joson, os missionários cristãos puderam realizar seus trabalhos legalmente na Península Coreana.
Anteriormente, Joson tinha uma postura rígida para com influências estrangeiras e capturou, prendeu e matou missionários que fizeram atividades ilegais com o objetivo de espalhar sua fé em território coreano.
Ao estabelecerem-se na Península Coreana, com Pyongyang como base, os missionários, em maioria estadunidenses, construíram igrejas e também escolas onde ensinavam matérias mais modernas do as ensinadas em escolas administradas por coreanos.
Em um curto período conseguiram atrair um número considerável de pessoas para se converter ou aceitar o cristianismo como fé e também receberam muitos alunos em suas escolas.
Com a ocupação japonesa na Coreia, a situação dos missionários, ao contrário do povo coreano, melhorou devido à boa relação com os imperialistas japoneses e usufruíram de maior liberdade e regalias.
Kim Il Sung, nascido em Mangyongdae, um distrito de Pyongyang, apenas 2 anos após a ocupação do Japão na Coreia, era filho dos revolucionários Kim Hyong Jik e Kang Pan Sok.
Seus pais, ambos grandes patriotas que almejavam a libertação do país e da nação da opressão imposta pelos imperialistas japoneses, estudaram em escolas de missionários por um período da vida e frequentaram a igreja, inclusive levando seus filhos posteriormente.
Mas, segundo conta Kim Il Sung em suas memórias "No Transcurso do Século", seus familiares, e tampouco ele, eram cristãos.
Seu pai principalmente, era uma importante liderança do movimento pela libertação da Coreia, fundador da Associação Nacional Coreana, que almejava libertar o povo coreano da opressão dos japoneses e construir um novo Estado mais justo. E obter maior conhecimento era fundamental para avançar seus trabalhos patrióticos e por isso estudar em uma escola de missionários era uma ambição dele.
Assim como a família de Kang, a de Hyong Jik era pobre, mas com esforços redobrados dele e de seus familiares ele conseguiu estudar por um tempo na escola privada Sungsil, administrada por missionários estadunidenses e adquirir conhecimento mais amplo de forma geral. Mas o mais importante que conseguiu por lá foram camaradas que com a mesma vontade de libertar a Coreia se juntaram à ele na luta patriótica.
Kim Hyong Jik em seus trabalhos pela independência da Coreia teve contato com obras comunistas e outras progressistas de várias partes do mundo e altamente avaliou a revolução russa que deu origem à União Soviética posteriormente, além de ver com bons olhos outros movimentos reformistas que dariam uma boa contribuição para o movimento coreano. Mas ele aderiu ao comunismo após ganhar experiência de luta e estudo e chamou seus filhos a estudar também sobre as obras e os movimentos comunistas do mundo para seguirem seu legado.
Sobre seu pai, Kim Il Sung disse: "Do ponto de vista ideológico meu pai era ateu, mas como estudou na escola Sungsil que ensinava teologia, muitos cristãos simpatizavam com ele e, consequentemente, eu tinha muitos contatos também."
Kim Il Sung conta ainda que embora tenha também estudado em escola de missionários, a escola Chingol, em sua avaliação, ele não sofria influência do cristianismo. Ele disse: "Há pessoas que me perguntam se eu tive muita influência cristã em minha adolescência. A verdade é que isso não ocorreu por mais que eu tenha recebido ajuda humanitária de cristãos. Além do mais, eu também tinha alguma influência ideológica sobre eles."
Segundo Kim Il Sung, os missionários não eram pessoas de fato boas que queriam ajudar de alguma forma o povo coreano, longe disso, desfrutavam de uma vida muito melhor e impunham uma cultura e fé estrangeira à um povo de tradições milenares, mas por outro lado também ofereciam algo de positivo como as matérias modernas que daria ao povo coreano que por muito viveu em uma dinastia feudal e depois viveu como escravo do imperialismo japonês maior bagagem para lutar pela independência do país e até mesmo construir um novo Estado próspero por meio de tais conhecimentos.
Também avaliava que embora o cristianismo e a adesão à fé estrangeira não fosse algo que libertaria o povo coreano, os ensinamentos de Jesus Cristo não se opunham aos objetivos do povo coreano e mesmo não era contrário ao que se propunha estabelecer em um Estado socialista.
Kim Il Sung disse: "Considero que o espírito cristão de desejar que todo o mundo viva em paz e harmonia não está em contradição com minha ideologia que advoga que o ser humano seja independente, que tenha uma vida independente."
Sobre sua mãe, uma mulher muito atarefada com os trabalhos domésticos e com os trabalhos que a família tinha de fazer para sobreviver e que ainda ajudava constantemente seu marido em seu trabalho pela pátria, havia um sentimento um pouco diferente, que a fez, dentre todos, a mais ligada à igreja, não por acreditar que houvesse um paraíso para se viver após a morte, mas por ser um ambiente onde podia descansar de seu trabalho árduo e se sentir melhor. Era um sentimento de estar em um lugar que trazia sossego e não de estar em um local para se comunicar com Deus.
Kim Il Sung disse: "Eu ia à Songsan quando minha mãe ia à igreja. Ela a frequentava mas não era cristã. Um dia perguntei-lhe em tom confidencial: 'Mamãe, tu vais à igreja porque crês realmente na existência de Deus?' Ela meneou negativamente a cabeça e sorrindo me disse: 'Não vou à igreja por acreditar em algo. O que me importa ir ao paraíso? A verdade é que quando estou muito agoniada, cansada, quero encontrar ali um pouco de sossego.' Sua confissão me fez sentir pena dela e desde então a amei ainda mais."
O tempo passou e dentre as fileiras de revolucionários e outros voluntários que lutaram pela libertação da Coreia estavam cristãos, inclusive com boa relação com Kim Il Sung que emergiu como principal liderança ainda na sua adolescência, e depois da libertação da Coreia, ele, escolhido pelo povo, seguiu o caminho que escolheu no passado, o de fundar um Estado socialista, de tipo Juche, e garantiu legalmente a liberdade religiosa ao povo coreano.
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