quinta-feira, 15 de março de 2018

A histórica fundação da República Popular Democrática da Coreia



No dia 9 de setembro de 1948, atendendo à demanda de todo o povo, do norte e do sul, o grande Líder camarada Kim Il Sung fundou a República Popular Democrática da Coreia, a única e legítima república que representava os interesses do povo coreano.

A Fundação da RPDC foi um duro golpe à camarilha de Syngman Rhee que havia de forma imprudente decretado a fundação da "República da Coreia" em 15 de agosto do mesmo ano, como uma forma de perpetuar a divisão da Coreia em sul e norte e uma preparação para o início de uma futura guerra liderada sob os imperialistas estadunidenses, os maiores interessados em iniciar uma guerra na Península Coreana.



Para se compreender corretamente o real significado da fundação da República Popular Democrática da Coreia é preciso voltar mais um pouco no passado e relembrar a situação do país naqueles tempos.

Depois de 40 sob o julgo colonial dos imperialistas japoneses, os coreanos puderam ter sua pátria de volta graças à uma intensa luta anti-japonesa liderada por Kim Il Sung e se organizavam para a construção de uma nova pátria independente e que representasse o povo coreano.

Em 15 de agosto de 1945 foi declarada a vitória do povo coreano sobre os imperialistas japoneses, o Dia da Libertação da Pátria quando o povo pôde comemorar finalmente sua liberdade e direito de auto-determinação, estabelecendo as bases para a fundação da nova República.

Contudo, aproveitando-se do Japão rendido na Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos usou-o de base para tomar a Coreia do Sul enviando suas tropas para lá e estabelecendo uma ditadura militar que teria como base de apoio traidores da nação - colaboracionistas - e também agressores japoneses. A retirada das tropas soviéticas da Coreia ainda em agosto facilitaram o plano estadunidense.


Em pouco menos de um mês, os Comitês Populares do sul da Coreia foram fechados e as leis passaram a ser ditadas por meio de decretos do escritório do governo militar dos EUA. Todas as manifestações políticas livres foram abolidas enquanto garantiu  a preservação da propriedade de proprietários e capitalistas -colaboracionistas úteis - .

 Em 20 de agosto de 1945 - apenas 5 dias após a libertação - em Manila, capital das Filipinas, Douglas MacArthur, então comandante-em-chefe das Forças do Exército dos EUA no Pacífico, transmitiu a Abe Nobuyuki, o governador-geral japonês da Coreia, sua "ordem especial" que o governador-geral e o comandante em chefe das tropas na Coreia assumiriam a responsabilidade de "manter a paz pública na Coreia do Sul" e que ninguém além deles seria permitido "manter a paz pública".

Os imperialistas dos EUA, portanto, negaram o povo sul-coreano de todas as atividades políticas para construir um país independente e soberano e emitiu uma "proclamação" após a outra, forçando-os a "submeter" ao governo colonial pelo governador-geral da Coreia.

As sucessivas "ordens" e "proclamações" dos imperialistas dos EUA visavam impedir, com a ajuda do imperialismo japonês, a criação de um governo independente pelos próprios cidadãos coreanos antes do desembarque de suas tropas, atropelando os direitos democráticos e a liberdade do povo sul-coreano e criando condições favoráveis ​​à sua ocupação da Coreia do Sul e o domínio colonial nela.

Tendo concluído os preparativos para a ocupação da Coreia do Sul, os imperialistas dos EUA desembarcaram no "contingente avançado" com o 24º Corpo de Exército em Inchon em 7 de setembro de 1945. No dia seguinte, em 8 de setembro, forças de duas divisões do 24º Corpo de Exército com 45.000 homens começaram a ocupar a Coreia do Sul sob o comando direto de Hodges.

Desta forma, a história do domínio colonial do imperialismo estadunidense começou na Coreia do Sul, substituindo a do imperialismo japonês. A partir desse momento, a Coreia do Sul começou a ser reduzida a uma base militar imperialista dos EUA para uma nova guerra.

Então a Coreia encontrava-se em um momento complicado novamente, a divisão da nação por uma força imperialista, desta vez, a que se gabava de nunca ter saído derrotada em nenhuma guerra, e nem sequer forças armadas regulares o povo coreano possuía. Embora tivessem o bravo Exército Revolucionário Popular da Coreia, com rica experiência em batalhas ferozes contra os japoneses, não era o suficiente para repelir de imediato as forças imperialistas dos EUA. Então, o grande Líder camarada Kim Il Sung fez esforços constantes para a reunificação da pátria de forma pacífica.

Promover reformas democráticas ao norte da Coreia era uma missão necessária e viável e elas foram muitas como a proclamação da Lei de Reforma Agrária, a Lei de Igualdade de Gênero, a garantia de uma base democrática e livre manifestação. No Comitê Popular Provisório da Coreia do Norte o povo em poucos meses podia exercer seus direitos genuínos e levar uma vida independente.


"Viva o Governo Central da República Popular Democrática da Coreia!" diz o cartaz da frente.

No norte da Coreia um avanço rápido no que diz respeito ao desenvolvimento do país era realizado, enquanto no sul o governo marionete submetia-se à economia dos EUA, que por conseguinte, naquele momento concentrava seus investimentos no setor bélico, deixando de lado o atraso com relação às condições de vida das pessoas.

Enquanto os proprietários de terras tinham privilégios, os coreanos pobres viviam na mesma situação crítica do período em que esteve sob o julgo dos imperialistas japoneses. Haviam muitos analfabetos, crianças cresciam sem perspectivas de uma vida melhor e o medo de uma guerra devastadora era muito grande.

Graças a todas as transformações econômicas, social e políticas na Coreia do Norte, a produção industrial aumentou 3,4 vezes entre 1946 e 1949, e a produção para o consumo aumentou 2,9 vezes. No ano de 1949, a indústria era responsável por 91% da produção e cooperativas e o Estado controlavam 57% do comércio. A relação comercial com China e URSS era muito boa e isso os favorecia. Na agricultura, surgiram as primeiras cooperativas agrícolas formadas por granjas e estação de máquinas e tratores.

"Cerca de 72% das crianças frequentavam a escola primária, comparada aos 44% em 1944; cerca de 40 mil escolas para adultos em todo o país davam alfabetização aos operário e camponeses" segundo Cumings. "A produção de ligas de ferro subiu de 6000 toneladas em 1947 para 166000 em 1949, a produção de barras de aço subiu de 46.000 para 97.000, muito superior  à produção japonesa (...) a produção industrial em geral subiu 40% em 1949  e o resultado deste esforço extraordinário foi que até os anos 1960 a Coreia do Norte cresceu muito mais rápido que a do sul"

A economia sul-coreana que correu pela estrada da ruína sob a administração militar dos EUA entrou em um estágio mais grave logo após a fundação da "RC", mais precisamente em 1949. A produção foi totalmente destruída e a inflação monetária foi incontrolável. Os preços subiram às alturas. Em comparação com 1936, eles aumentaram em média 725 vezes em 1948, 831 vezes em abril de 1949 e 909 vezes em julho desse ano.

A ruína econômica afetou diretamente a vida das pessoas, despertou as massas mais amplas para uma luta de salvação nacional anti-EUA, e assim agravou a crise política do "governo" Syngman Rhee.

Com relação à representação política, a diferença entre o norte e o sul era visível. Uma democracia popular era formada na Coreia do Norte e uma ditadura militar colonial instaurada no sul.

No Comitê Provisório da Coreia do Sul, todos comunistas foram perseguidos, partidos e organizações progressistas postos na ilegalidade, e mesmo nacionalistas de centro e direita e até mesmo alguns anti-comunistas ficaram de fora da política que se restringia à extrema direita - Sociedade Nacional para a Aceleração da Independência da Coreia (SNAIC) e o Partido Democrata Hankook.



Syngman Rhee liderava a Assembléia Nacional e fazia parte da Aceleração da Independência da Coreia, mas mesmo entre os ultra-direitistas ele ao longo do tempo, devido à suas medidas polêmicas e fracassadas, passou a ser pressionado e foi perdendo sua força que era suprema, imposta pela força.

Apenas Syngman Rhee tinha espaço para discursar na rádio, apenas ele saia nos jornais, apenas ele dava as ordens e decidia quem podia falar na Assembléia Nacional. Além disso, outra forma deste governo fantoche se sustentar era recruta como base de apoio a "Associação Nacional de Jovens" e a "Associação de Jovens de Taedong", dois grupos vende-pátria e colaboracionistas e auxiliaram a formação da "Federação Geral de Sindicatos de Taehan" (março de 1946) e da "Federação Geral da União de Camponeses Independentes de Taehan" (agosto de 1947).


A repressão era cada vez mais forte. Com auxílio dos japoneses e toda a base de repressão que já existia anteriormente, o governo fantoche da Coreia do Sul, regido sob as ordens dos Estados Unidos, impedia o povo de se expressar e lutar por sua liberdade.

A luta pela reunificação era intensa em toda a Coreia e esforços incansáveis foram feitos pelo governo do norte para buscar uma reunificação pacífica, enquanto a camarilha de Syngman Rhee falava de "Marcha para o norte".

Em abril de 1948 ocorreu a Conferência Conjunta de Representantes de Partidos Políticos e Organizações Sociais do Norte e Sul em Pyongyang, reunindo todos exceto  exceto 2 organizações dirigidas respectivamente por Syngman Rhee e Kim Song Su. A conferência foi rejeitada por Rhee e pelo governo militar dos EUA que considerou como um ato de traição e passou a perseguir figuras de destaque que se opunham ao regime fantoche, como por exemplo o bastante popular no sul, Kim Ku, assassinado em 26 de junho de 1949.

Toda pressão sobre o governo levou a camarilha de Rhee a tomar uma decisão: No 3º aniversário da Libertação da Coreia, Syngman Rhee decretou a fundação da (1º república) República da Coreia, afirmando ser o único Estado legítimo da Península Coreana e que se tratava de um dever reunificar pela força.

Syngman Rhee ainda tratou de oficializar como bandeira a mesma usada pelo Comitê Popular Provisório da Coreia do Norte e no período do Império Coreano como forma de reafirmar sua ideia de que se tratava de um Estado legítimo e tentando atrair seguidores entre as massas trabalhadoras. Mas sua tentativa foi em vão.


Kim Il Sung, ciente das tramas de Rhee desde o início, orientou a concepção de uma nova bandeira e orientou o trabalho para a composição do hino nacional, a "Canção Patriótica", ambos que representassem o povo coreano.


A cor vermelha da bandeira simboliza o derramamento de sangue pelos precursores anti-japoneses e outros patriotas coreanos e o poder invencível do povo firmemente unido em torno da República.
A cor branca mostra que o povo coreano é uma nação homogênea que viveu com a mesma linhagem, língua e cultura em um único território. E a cor azul representa figuras vivas de pessoas trabalhadoras que se esforçam para construir uma nova sociedade democrática e o espírito do povo coreano que luta pela paz e pelo progresso do mundo.

Uma decisão sobre a aplicação da constituição da RPDC foi adotada por consenso na Quinta sessão da Assembléia Popular realizada em 10 de julho de Juche 37 (1948), na presença do Presidente.
Naquele dia, a bandeira da RPDC foi exibida ao som solene do hino nacional.


Imediatamente após a libertação da Coreia da ocupação militar japonesa, o Presidente Kim Il Sung iniciou o trabalho para criar um hino nacional de estilo coreano como uma música para reunir todo o povo coreano sob a bandeira do patriotismo e incentivá-los a se manifestar na luta para construir um país próspero e deu orientação escrupulosa para sua produção.

No outono de 1946, ele chamou alguns funcionários e pediu-lhes para apresentar ao povo o hino nacional o mais rápido possível. Então ele continuou: o nosso é realmente um belo país. Nosso povo tem uma história de 5 000 anos e uma cultura brilhante. Nos tempos antigos, nossos antepassados ​​dedicaram seu sangue para repelir a invasão estrangeira e defender suas terras e os guerrilheiros anti-japoneses lutaram ao custo de suas vidas com armas em suas mãos para recuperar seu país. Hoje, os trabalhadores estão dedicando tudo para construir um país próspero como mestres do poder político. Devemos refletir na música o orgulho nacional do nosso povo que tem sua bela pátria e tradições de luta vitoriosas.

Isso fez com que o governo da República da Coreia, apoiado pelos EUA e legitimado pela ONU perdesse total legitimidade pelo povo coreano.


O governo de Rhee mostrava claramente sua face criminosa com a reunião de vende-pátrias e colaboracionistas e a perseguição aos políticos independentes. A terra era dos fazendeiros ricos, representantes do Partido Democrata Hankook, como por exemplo Yoon Young Sun (imagem abaixo), Ministro da Agricultura no gabinete de Rhee, proprietário de muitas terras durante o regime e antigo colaboracionista pró-japonês.




Enquanto isso, os camponeses pobres continuavam à levar uma vida miserável pagando arrendamento aos seus senhores, trocando apenas de proprietários japoneses para coreanos.

Mas no norte com a reforma agrária promovida pelo Presidente Kim Il Sung, a tristeza dos camponeses deu lugar à uma esperança por uma pátria próspera, pois agora viviam como donos de suas próprias terras e contribuíam para sua própria nação.


Era abissal a diferença entre o governo popular e democrático do norte com relação ao regime militar colonial dos EUA - O primeiro defendia os interesses das massas populares e o segundo defendia os interesses dos imperialistas dos EUA e de um punhado de traidores da nação que para isso exploravam seus próprios compatriotas assim como os imperialistas japoneses.


Em 3 de novembro de 1946 no norte da Coreia foram realizadas as primeiras eleições democráticas da Coreia, em seus 5000 anos de existência. Nas eleições do Comitê Nacional Popular o Partido Social Democrata obteve 351 representantes, o Chondoista Chongu 253 e o PTC (ou PTCN) 1102 e ainda tiveram 1753 representantes apartidários, alguns desses apartidário futuramente se juntariam ao PTC.

No sul,  em 10 de maio de 1948, para realizar uma "eleição livre", os imperialistas dos EUA mobilizaram navios de guerra e aviões, despacharam grandes tropas móveis fortemente armadas com tanques, armas e metralhadoras em todas as partes da Coreia do Sul e criaram um rigoroso cordão de polícia. Eles também tinham barricadas colocadas em torno das assembleias de voto e das estações de polícia e mobilizaram toda a polícia e as organizações terroristas, como o "Hyangbodan", na tarefa de levar as pessoas para as "assembleias de voto" e prender as que se opusessem. 


No entanto, o povo sul-coreano nunca foi intimidado por qualquer supressão armada. Eles travaram uma luta desafiadora à morte contra as eleições separadas e traiçoeiras.

O povo da Ilha de Jeju se ergueu em uma luta armada organizada. Eles ganharam o controle sobre a polícia reacionária e tornaram a eleição completamente inválidas. Nas províncias do norte e do sul de Kyongsang, apenas 10-20% dos eleitores foram às "assembleias de voto" sob compulsão.
Os trabalhadores sul-coreanos iniciaram uma greve geral em 8 de maio para boicotar coletivamente a "eleição separada" tão ruinosa para a nação.


A fundação da República Popular Democrática da Coreia em 9 de setembro de 1948 representou a fundação do primeiro Estado legítimo do povo coreano, um momento histórico para toda a humanidade que encorajou todo o povo coreano na luta por construir uma pátria próspera e os progressistas no mundo.






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