A comunidade internacional tem envidado muitos esforços para resolver o problema do aquecimento global.
A Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima, de 1992, reconheceu a responsabilidade histórica dos países ocidentais pela emissão de dióxido de carbono e estabeleceu princípios relacionados à responsabilidade comum porém diferenciada, às capacidades individuais e à equidade.
O Protocolo de Kyoto, adotado em 1997, refletiu esses princípios ao estipular que os países ocidentais tinham a obrigação de reduzir suas emissões de gases de efeito estufa, além de fornecer apoio financeiro e tecnológico aos países em desenvolvimento. Ao mesmo tempo, definiu de forma clara as metas de redução das emissões para os países desenvolvidos e os prazos para seu cumprimento.
O Protocolo de Kyoto levou oito anos para entrar plenamente em vigor. Isso porque, além de exigir a ratificação por um grande número de países, era necessário que os países que já o haviam ratificado representassem um certo nível das emissões globais de dióxido de carbono — critérios que não foram fáceis de satisfazer.
Entretanto, a principal razão disso reside no comportamento desprezível dos países ocidentais, cegos pela busca do lucro. Desde que o problema do aquecimento global foi levantado, eles têm se dedicado apenas a calcular quanto poderiam receber em fundos de apoio, tentando de toda forma esquivar-se de suas responsabilidades.
Em 2001, o então presidente dos Estados Unidos declarou rapidamente a retirada do país do Protocolo de Kyoto logo após assumir o cargo.
Embora sejam os maiores responsáveis pelo aquecimento global, os Estados Unidos abandonaram não apenas o Protocolo de Kyoto, mas também o Acordo de Paris e outros acordos internacionais relacionados ao clima, revelando sem rodeios, diante do mundo inteiro, sua face repulsiva como principal causador da destruição do meio ambiente.
A União Europeia também retardou a ratificação do Protocolo sob o pretexto da “reconstrução econômica” dos países da Europa Oriental recentemente incorporados.
O problema do aquecimento global, embora superficialmente pareça uma questão ambiental, está se agravando gradualmente como uma questão política e econômica entre países, e como um problema nas relações entre o Ocidente e os países em desenvolvimento.
O foco do conflito reside na equidade na resolução do problema, sendo a exigência unânime dos países em desenvolvimento e da comunidade internacional que os países ocidentais assumam sua responsabilidade histórica.
Essa questão sempre foi um ponto de discórdia nos fóruns internacionais sobre a crise climática e tornou-se a principal fonte de confronto entre os países ocidentais e os países em desenvolvimento.
Diante da luta persistente e unida dos países em desenvolvimento e da exigência unânime da comunidade internacional, o Ocidente, acuado, lançou promessas meramente aparentes, como a de “atingir emissões líquidas zero de gases de efeito estufa até 2050”, enquanto acusa, de forma inversa, os países em desenvolvimento de “virarem as costas” à solução da crise climática.
A esse respeito, a comunidade internacional reconhece isso como a expressão da intenção ardilosa do Ocidente de desviar o foco das críticas que recaem sobre si e transferir a responsabilidade aos países em desenvolvimento.
Em novembro do ano passado, foi realizada em Baku, capital do Azerbaijão, a 29ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima.
Na conferência, os conflitos e contradições entre os países ocidentais e os países em desenvolvimento se agravaram ainda mais.
Após intensos debates, foi alcançado, com grande dificuldade, um acordo segundo o qual os países desenvolvidos destinariam anualmente 300 bilhões de dólares para ajudar os países em desenvolvimento a lidar com os impactos da mudança climática.
Os países ocidentais tentaram vangloriar-se dizendo que “o valor prometido aumentou significativamente em relação ao apoio anterior”, mas essa quantia é lamentavelmente insuficiente até mesmo para cobrir os recursos urgentemente necessários.
Muitos países em desenvolvimento expressaram indignação diante da atitude mesquinha do Ocidente, que tenta escapar das críticas da comunidade internacional acenando com uma quantia irrisória.
Um representante de um país em desenvolvimento que participou da conferência criticou duramente o valor apresentado pelo Ocidente, classificando-o como “absurdamente pequeno”, e afirmou: “Essa decisão é apenas uma aparência enganosa. Com isso, não será possível resolver os imensos desafios enfrentados por todo o mundo.”
Especialistas em meio ambiente, ativistas e organizações não governamentais também se levantaram para condenar a conduta desprezível do Ocidente.
O representante dos Estados Unidos teve de deixar o local da conferência após receber duras críticas de vários participantes, que lhe disseram: “Tenha vergonha.”
O processo nada tranquilo da conferência mostrou mais uma vez que ainda há um longo caminho a percorrer para enfrentar a crise climática.
A solução para o agravamento contínuo da questão do aquecimento global reside em a comunidade internacional alinhar suas direções e coordenar seus passos para proteger o presente e o futuro da humanidade.
Somente assim será possível superar de forma sábia a crise climática urgente e iminente.
A realidade voltou a evidenciar que a questão da crise climática não se limita ao âmbito da proteção ambiental, mas é, antes de tudo, uma importante questão política e internacional.
Ela diz respeito à recuperação da dignidade e dos direitos legítimos dos antigos países coloniais e semicoloniais que foram submetidos à exploração e pilhagem pelos países ocidentais no passado.
Un Jong Chol
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