Como já foi noticiado, no último dia 31 de março, no estado de Minas Gerais, no Brasil, as forças reacionárias de direita que iniciaram uma rebelião contra o governo expandiram posteriormente sua revolta para todo o território brasileiro, e no dia 2 de abril proclamaram Mazzilli, lacaio pró-EUA e presidente da Câmara dos Deputados, como presidente.
Os líderes da rebelião agora estão prendendo e perseguindo muitos progressistas que apoiavam Goulart e se opunham ao golpe militar contra o governo, além de impor atos brutais de terror e violência contra pessoas inocentes.
A classe dominante de Washington está calorosamente celebrando o “golpe exitoso” desses elementos traidores e brutais, sem esconder seu apoio a isso.
O presidente dos EUA, Johnson, enviou uma mensagem de "amizade e cooperação" ao recém-empossado presidente, e o secretário de Estado dos EUA, Rusk, anunciou rapidamente que os EUA continuarão oferecendo ao "novo governo" do Brasil a ajuda necessária para o desenvolvimento econômico e social.
Como demonstram claramente todos os fatos, o recente golpe militar no Brasil foi o resultado de uma conspiração totalmente reacionária e antipopular, arquitetada por elementos de extrema-direita sob a manipulação do imperialismo estadunidense.
Os imperialistas estadunidenses, ao instigarem o golpe militar no Brasil e colocarem no poder os seus lacaios reacionários de direita, que haviam cultivado, estão tentando desviar o país de seu caminho independente, submetê-lo ainda mais à sua dominação, fascistizar ainda mais o sistema estatal e reprimir a luta do povo por democratização e por seus direitos à vida.
Erguer seus lacaios e derrubar governos que não lhes agradam é um método perverso que o imperialismo estadunidense persegue de forma obstinada em todo o mundo, especialmente na América Latina.
Essas manobras desesperadas tornaram-se ainda mais perversas desde que, recentemente, a política dos EUA para a América Latina entrou em colapso total, fazendo com que suas bases de agressão e dominação começassem a ser abaladas pela raiz.
Como se pode ver pela corajosa luta patriótica anti-EUA do povo do Panamá, que sacudiu a América Latina no início deste ano, e pela crescente luta armada do povo da Venezuela, a atual luta dos povos latino-americanos, que se opõem às políticas de agressão e dominação do imperialismo estadunidense, e lutam pela democratização de seus países e por seus direitos de sobrevivência, está se desenvolvendo em escala continental. Como resultado, o “quintal dos fundos” dos Estados Unidos está se transformando, de fato, em um verdadeiro caldeirão em ebulição.
A luta do povo brasileiro contra o imperialismo estadunidense, os reacionários latifundiários e os capitalistas dependentes também atingiu, recentemente, um nível sem precedentes.
Apenas no mês de março passado, em centros industriais como Rio de Janeiro, Manaus e São Paulo, ocorreram greves e manifestações dos trabalhadores industriais. Além disso, trabalhadores rurais de 29 regiões do Brasil realizaram reuniões representativas e tomaram medidas firmes, decidindo ocupar as terras dos grandes latifundiários. Estudantes, intelectuais e amplas camadas da classe média também estão se juntando a essa luta.
Refletindo a forte mobilização e as demandas da sociedade e do povo brasileiros, o governo do Brasil passou a implementar uma série de reformas progressistas em sua política interna e não pôde deixar de adotar uma linha independente em sua política externa.
Especialmente, o presidente Goulart, apesar da forte oposição das forças reacionárias de direita e das ações contra o governo, sempre defendeu internamente a revisão da constituição vigente, a distribuição de terras aos camponeses, a concessão do direito de voto aos trabalhadores urbanos e militares, e a proibição de medidas políticas discriminatórias contra partidos progressistas e organizações sociais. No dia 14 de março, ele ainda promulgou um decreto no estado do Rio de Janeiro para implementar a reforma agrária e confiscar empresas estrangeiras.
Na política externa, o presidente Goulart não apenas se opôs à agressão imperialista dos Estados Unidos e defendeu uma política de independência nacional, como também, conforme suas declarações, implementou consistentemente uma política de não intervenção nos assuntos políticos de outros países, autodeterminação dos povos, igualdade entre todas as nações, solução pacífica dos conflitos, respeito aos direitos humanos e cumprimento das resoluções das conferências internacionais.
O desenvolvimento da situação no Brasil — o país mais extenso e populoso da América Latina, localizado no coração da América do Sul — representou um duro golpe para a política dos Estados Unidos na região e inevitavelmente tornou-se um "caminho erigoso” que provocou insegurança e ansiedade nos imperialistas estadunidenses.
Exatamente por isso, formar um governo composto por lacaios reacionários no Brasil foi uma “tarefa urgente” que a classe dominante dos Estados Unidos nunca esqueceu nem por um momento.
Já em setembro de 1961, o imperialismo estadunidense tentou derrubar o governo Quadros e colocar seus lacaios no poder. Quando essa tentativa fracassou, procurou enfraquecer a base política de Goulart e permitir que os conservadores reacionários assumissem a supremacia nas políticas interna e externa, tentando substituir o sistema presidencialista de governo pelo sistema parlamentarista. No ano passado, chegaram até a conspirar um golpe militar, envenenando o governador do estado de Guanabara, Lacerda.
Além disso, o imperialismo estadunidense, para reprimir as forças progressistas no Brasil, secretamente enviou inúmeros agentes militares especiais ao país, e o recente golpe militar é o resultado dessa conspiração meticulosamente arquitetada há muito tempo pelos Estados Unidos.
A manipulação do golpe militar no Brasil revelou mais uma vez, de forma incontestável, que o imperialismo estadunidense é o inimigo implacável que brutalmente reprime e massacra todas as forças e movimentos progressistas, sendo o inimigo mortal dos povos da América Latina.
O povo está vendo claramente a política agressiva do imperialismo estadunidense e está cada vez mais se opondo e rejeitando-o.
Mesmo sob o terror e repressão militar, numerosos brasileiros realizaram protestos condenando veementemente os conspiradores rebeldes e as cruéis maquinações do imperialismo estadunidense. O imperialismo estadunidense enfrenta uma resistência cada vez mais firme do povo brasileiro, e não é por acaso que fontes estrangeiras relatam que haverá protestos em muitas câmaras legislativas, órgãos governamentais e organizações em várias regiões. Não apenas no Brasil, mas também em amplas áreas da América Latina, como Uruguai, Venezuela e Argentina, o comportamento criminoso dos Estados Unidos está sendo condenado.
Por mais que tentem, os imperialistas estadunidenses jamais conseguirão salvar sua política sobre a América Latina, que está à beira do colapso.
Kim Min Nam
Rodong Sinmun, 5 de abril de 1964
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