Recentemente, o presidente da Bielorrússia afirmou que a União Europeia, originalmente fundada como uma aliança política e econômica, transformou-se de fato em um bloco político-militar totalitário com tendências revanchistas. Segundo ele, a UE está transformando os países bálticos em trampolins para ataques da OTAN e tenta aumentar os gastos militares para mais de 3% do PIB.
A Europa, seguindo a liderança dos Estados Unidos, promoveu a expansão da OTAN para o leste, comprimindo constantemente o espaço de segurança estratégica da Rússia e, por fim, provocando a crise na Ucrânia. Após o início do conflito, a UE intensificou o apoio militar e econômico em larga escala à Ucrânia e implementou sanções severas contra a Rússia.
Com o início recente de negociações político-diplomáticas sobre a crise ucraniana, a União Europeia declarou de forma agressiva que a situação não deve terminar com uma vitória da Rússia, e por isso tem reforçado ainda mais a pressão contra Moscou. Em janeiro deste ano, estendeu por mais seis meses as amplas sanções contra a Rússia e, no início deste mês, anunciou um plano abrangente para interromper totalmente as importações de gás natural e petróleo russos até 2027. Dias atrás, aprovou o 17º pacote de sanções contra a Rússia.
Na verdade, pode-se dizer que, com essas sanções imprudentes, a União Europeia perdeu mais do que ganhou. Vários países europeus perderam fontes de energia de baixo custo e enfrentam uma grave crise energética. O aumento das falências de empresas, o alto índice de desemprego e a crise da dívida levaram a uma recessão econômica generalizada.
Recentemente, a Comissão Europeia revisou para baixo a taxa de crescimento da produção total da União Europeia para este ano, em comparação com a previsão feita no ano passado. Não é por acaso que países como a Eslováquia e a Hungria expressam preocupação de que as sanções contra a Rússia estejam causando sérios danos à competitividade da UE e possam criar uma nova “Cortina de Ferro” entre Europa e Rússia.
Apesar dessa situação, a União Europeia continua intensificando tanto o aumento dos gastos militares quanto o apoio militar à Ucrânia. Em março passado, a UE anunciou um plano de rearmamento europeu no valor de 800 bilhões de euros para ampliar significativamente os gastos militares, além de decidir expandir o apoio à Ucrânia. Mesmo países como a Itália e a Alemanha, que tradicionalmente apresentavam gastos militares relativamente baixos e enfrentam altos níveis de endividamento e pressões orçamentárias, decidiram aumentar seus gastos para se alinhar com os demais membros da OTAN.
A França declarou estar pronta para fornecer um “guarda-chuva nuclear” aos países da União Europeia, estacionando aeronaves equipadas com armas nucleares em seus territórios. Já o Reino Unido, que se retirou da União Europeia, chegou a um acordo para redefinir suas relações de defesa e comércio com o bloco.
Essa realidade mostra que a União Europeia está se transformando em uma entidade de confronto exclusiva, com o objetivo de impor uma derrota estratégica à Rússia. Originalmente, a UE foi criada como uma organização de integração regional, baseada na ideia de que a unificação das indústrias de base dos países da região e a eliminação de conflitos de interesse poderiam garantir estabilidade e evitar guerras.
Em 1952, foi criada a Comunidade Europeia do Carvão e do Aço, e em 1957, com os Tratados de Roma (o Tratado da Comunidade Econômica Europeia e o Tratado da Comunidade Europeia da Energia Atômica), formou-se a Comunidade Europeia. Com base no Tratado de Maastricht de 1992, a União Europeia foi oficialmente estabelecida no ano seguinte. O Tratado de Lisboa de 2007 introduziu estruturas políticas como a presidência do Conselho Europeu, consolidando a UE como uma entidade de integração política e econômica.
A transformação dessa união político-econômica em um bloco de confronto não pode ser vista senão como uma atitude imprudente, que poderá em breve mergulhar o ambiente de segurança europeu em uma fase grave e fora de controle.
A Europa tem baseado sua segurança na OTAN, liderada pelos Estados Unidos. Durante a Guerra Fria, a OTAN e o Pacto de Varsóvia, liderado pela União Soviética, estabeleceram um sistema de garantias mútuas de segurança, com reconhecimento do equilíbrio de forças e compromissos de não agressão. A Conferência sobre Segurança e Cooperação na Europa (CSCE), criada em meados da década de 1970 como uma instituição conjunta entre o Leste e o Oeste europeu, evoluiu após o fim da Guerra Fria para tornar-se a Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE).
Atualmente, a OSCE encontra-se permeada por padrões duplos e por um clima coletivo anti-Rússia, o que torna praticamente inviável qualquer expectativa de um processo de paz justo e equilibrado. O sistema de segurança europeu, portanto, está, na prática, colapsado.
A União Europeia, que em certo momento foi vista com esperança como um dos polos de um mundo multipolar, agora revela abertamente sua face como uma entidade voltada para o confronto.
Jang Chol
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