domingo, 5 de outubro de 2025

A vontade dos países africanos de liquidar os crimes do passado do Ocidente

Há pouco tempo, em um discurso na Assembleia Geral da ONU, o presidente de Gana exigiu reparações pelo fato de, no passado, os países ocidentais terem perpetrado o comércio transatlântico de escravos e a dominação colonial na África. Ele afirmou que mais de 12,5 milhões de africanos foram levados à força para trabalhar em benefício dos países ocidentais e condenou o tráfico de escravos como o maior crime contra a humanidade. Ressaltou que o Ocidente deve compensar por ter transformado africanos em escravos, feito da África uma colônia e saqueado seus recursos naturais e patrimônios culturais, sublinhando ainda que o governo ganense desenvolverá atividades na ONU para materializar essa reivindicação.

Antes disso, já em fevereiro passado, na 38ª Cúpula de Chefes de Estado e de Governo da União Africana, a questão de obter reparações dos países ocidentais pelos crimes do passado foi colocada como tema central. Vários presidentes e dirigentes de organizações internacionais, em seus discursos, declararam de forma unânime que sem resolver as injustiças históricas não se pode alcançar a verdadeira justiça.

O fato de que, até hoje, os países africanos continuam exigindo ao Ocidente compensações pelas incontáveis calamidades e sofrimentos impostos pelo colonialismo é porque o comércio transatlântico de escravos e a exploração colonial imposta à África ao longo de séculos deixaram feridas históricas indeléveis no povo africano.

A agressão colonialista ocidental contra a África começou no século XV. A partir de então, os colonialistas saquearam indiscriminadamente os recursos naturais do continente africano. Roubaram de maneira pirata recursos preciosos como marfim, especiarias, pedras preciosas e ouro. Diversas regiões da África Ocidental chegaram a ser chamadas com nomes humilhantes como “Costa do Ouro”, “Costa da Pimenta” e “Costa da Borracha”.

Os colonialistas não apenas pilharam os recursos naturais da África, mas também levaram incontáveis africanos como escravos e expandiram em grande escala o tráfico de escravos.

Os colonialistas europeus que penetraram no continente americano quase exterminaram os povos indígenas que ali viviam e, após se apossarem de suas terras, para obter a mão de obra necessária, levaram inúmeros negros da África como escravos. No início do século XVI, com os colonialistas europeus, surgiu no Haiti o primeiro grupo de escravos negros. A partir de então, sucessivas levas de escravos africanos foram levadas para as Índias Ocidentais e a América do Sul.

Nos séculos XVII e XVIII, o continente africano transformou-se em um campo de carnificina dos carniceiros humanos que se disfarçavam sob o nome de “civilização”.

Os colonialistas instalaram bases ao longo da costa ocidental da África e, mediante ocupação militar, suborno de chefes locais, incentivo a rivalidades e conflitos entre tribos, usaram métodos brutais e artifícios ardilosos para capturar e vender como escravos centenas de milhares de africanos.

Eles executavam impiedosamente os negros que resistiam. Os mercadores de escravos, para evitar que seus cativos fossem revendidos por outros traficantes, gravavam seus nomes no corpo deles com ferros em brasa. Com correntes de ferro atadas aos braços, pernas e até ao pescoço, eram amontoados nos porões dos navios como carga e levados para a Europa e o continente americano.

Ainda hoje permanecem na África antigos depósitos de escravos e outros “vestígios” que denunciam o comércio de escravos.

Pode-se afirmar sem exagero que a prosperidade econômica do Ocidente foi construída à custa de transformar os povos africanos em escravos, explorando seu sangue e suor, bem como saqueando seus recursos naturais. Mesmo assim, os países ocidentais persistem em negar seus crimes e se recusam a pagar compensações.

O crescente clamor nos países africanos pela reparação dos crimes cometidos pelas potências ocidentais reflete a firme vontade de obter, a todo custo, o pagamento da dívida histórica do colonialismo.

Kim Su Jin

Nenhum comentário:

Postar um comentário