segunda-feira, 9 de abril de 2018

Ri Kwan Rin, heroína do Exército independentista


Ri Kwan Rin, foi uma grande patriota coreana que se juntou ao exército independentista na luta armada contra os imperialistas japoneses em uma época que a participação feminina no meio dos combatentes era grande parte em auxílio secundário, como fornecimento de roupas, alimentos, etc.

Vestida de homem, Ri Kwan Rin quebrou paradigmas da sociedade feudal-confucionista coreana ao pegar em armas para lutar pela independência de seu país, fugindo de casa e deixando passar o "tempo de casar" no qual muito se importavam grande parte das mulheres coreanas como um conceito moral da época.

Ela nasceu em Sakju, filha de um camponês de camadas médias que possuía vários hectares de terras de lavouras, bosques e uma casa de telhado de palha de dez quartos (o que era considerado luxuoso). Quando tinha apenas 12 anos, sua mãe faleceu em decorrência de doença e seu pai após dois anos solteiro voltou a se casar, com uma jovem de 16 anos, o que a deixou muito enfurecida.

Ela não conseguia reconhecer uma mulher apenas 2 anos mais velha do que ela dizendo ser sua "nova mãe". Além disso, seu pai, como um obstinado convencionalista feudal, não pensou na instrução de sua filha até que ela completou 15 anos e só pensava em casá-la quando se apresentasse um pretendente que ele avaliasse como apropriado.

Passou a desafiar com mais veemência em ir à escola na medida em que via que outras meninas tinham essa possibilidade e fugiu de casa desafiando a injusta atitude de seu pai aproveitando um momento em que estava ausente, escapando até o rio Amnok, e deixou diante de um buraco de gelo seu vestido e sapatos - o que faria seu pai pensar posteriormente que havia morrido.

Refugiou-se em Ulju onde com a ajuda de um parente distante matriculou-se na escola Yangsil onde estudou com toda tranquilidade quase meio ano e só com a chegada do outono escreveu uma carta ao seu pai pedindo-lhe dinheiro para pagar o curso.

Ele, que ao acreditar que ela havia se afogado, passava dias em lágrimas mas sentiu-se feliz quando recebeu a carta e partiu para Ulju e disse à filha que não a impediria de estudar e que ela lhe escrevesse sempre que precisasse de alguma coisa.

Desde então, Kwan Rin pôde se dedicar aos estudos sem ter que preocupar-se em custeá-lo. Como obtinha sempre boas notas, o centro recomendou à escola média feminina de Pyongyang para a disciplina de artesanato.

Assim foi que a cabo de dois anos de instrução, compreendeu o que se passava pelo mundo e, recomendada por Kim Hyong Jik, principal liderança do exército independentista, ingressou na Associação Nacional Coreana para, desde essa época, participar em atividades clandestinas na qualidade de digna representante de uma organização revolucionária onde aprendeu a ideia do "Grande Propósito" (também dito como "almejar alto" - ideia de Kim Hyong Jik)

Realizou de modo confidencial o trabalho de recrutamento de camaradas entre os estudantes da escola média feminina de Pyongyang, da escola Sungsil, da escola feminina Sunghui e da escola média Kwangsong. De vez enquanto fazia excursão para Mangyongdae, visitando a casa de Kim Hyong Jik onde falava sobre o trabalho da associação e ajudava Kang Pan Sok nos afazeres domésticos.

Ao estourar em Pyongyang o Movimento Popular de Primeiro de Março, ela se colocou à frente dos manifestantes e lutou com valentia. Se fracassava uma manifestação, retornava ao albergue da escola para se repor e voltava a animar os colegas com seus clamores de "Viva".

Ao ser sufocada a rebelião e desatada a onda de repressão e detenções de seus promotores, voltou a sua terra natal e dedicou-se à luta pela independência profissionalmente. Havia chegado à conclusão de que não podia estudar tranquilamente sentada nos bancos da escola enquanto não recuperasse o país da ruína. Inicialmente, ficou encarregada de assuntos gerais do grupo juvenil Kwangje.

Antes de ir para a Manchúria foi protagonista de uma ação assombrosa: em sua terra natal matou a tiros de pistola a dois policiais japoneses e jogou-os em um buraco de gelo no rio Amnok.

Depois de ter ingressado no exército certa vez aconteceu que, estando no país para realizar a tarefa de recolher fundos, tropeçou com um policial que queria registrá-la. A situação era muito perigosa pois nos lenços que levava amarrados à cabeça estava sua pistola. Como o agente insistiu terminantemente que ela desatasse os nós, ela fingiu fazê-lo, e com uma rapidez de relâmpago, pegou a arma e o obrigou a ir com ela no bosque onde ela o matou.

Ao longo da luta armada anti-japonesa nas guerrilhas houveram muitas valorosas mulheres, mas no período em que se fala, não havia outra igual a Ri Kwan Rin. Era uma mulher que quase não havia conhecido mais que o mundo das carteiras escolares onde aprendeu abordar ou a utilizar a máquina de costura, mas era audaz e valente.

Durante um tempo, Dongha Ilbo, Joson Ilbo, e outros jornais publicaram notícias extraordinárias sobre ela.

Ri Kwan Rin era uma mulher de completa inteireza e firme convicção.

Depois do Levante Popular de Primeiro de Março, na Manchúria do Sul, levou-se a cabo intensas gestões para a fusão dos agrupamentos do movimento pela independência. Esse processo quase não avançava pelo fato de que um agrupamento menosprezava o outro e cada um pensava apenas em si próprio. Os debates sobre a fusão eram inúteis palavrórios e fricções.

Com o objetivo de superar esta situação, Kim Hyong Jik incluiu nesse trabalho os veteranos do movimento e elegeu Ri como pessoa apropriada para a operação de ir para Seul com uma carta redigida pelo revolucionário Ryang Ki Tak que tinha muitas influência entre os nacionalistas.

Em Seul, Ri foi detida por agentes políticos e reclusa em um calabouço da delegacia policial do bairro de Jongro onde todos os dias foi submetida a cruéis torturas. Ora vertiam-lhe água com pó de pimenta pelo nariz, ora penduravam-lhe com braços torcidos para trás. Alguns dias deitaram-na de barriga para cima, colocaram uma tábua sobre seu rosto, nela subiam e davam fortes pisadas. A cada dia que submetiam a interrogatório com chutes e socos, repetiam-lhe as mesma perguntas: Se vinha da China ou da Rússia e qual era sua missão. Ameaçaram queimá-la viva, atirando fogo numa pasta de cinzas picantes, colada nas suas pernas, depois de jogar gasolina.

Mas Ri Kwan Rin não se dobrou. Ao contrário, afirmava tranquilamente que era uma mulher sem emprego e que tinha ido a Seul em busca de uma casa rica onde pudesse ser costureira ou babá, mas eles a prenderam e a torturaram sem terem provas de nada contra ela. Diante de tamanha inflexibilidade, ao fim do mês, soltaram-na.

Apesar de mal sustentar-se em suas próprias pernas, conseguiu cumprir sua missão guiando Ryang Ri Tak até Xiangjing. Mas logo depois de chegar lá, caiu enferma em consequência das torturas enquanto esteve presa em Seul.

Neste período, como relata o Presidente Kim Il Sung em suas memórias "No Transcurso do Século", seus camaradas fizeram muitos esforços para a ajudar a se recuperar rapidamente mas com muitas tentativas falhas, decidiram chamar um médico velho para cuidar dela.

Este médico tomou-lhe o pulso e deu um diagnóstico infundado: gravidez. Talvez fosse brincadeira do velho médico, que, diante da reconhecida beleza de sua paciente, tivesse se sentido tentado a dizer algo impróprio a ela como era de costume entre homens da época.

Surpresa, Ri Kwan Rin perguntou-lhe: "O que dizes?" Ele reafirmou o diagnóstico.

Nem bem ele acabara de pronunciar as palavras, ela atirou sobre ele o mokchim (pedaço de madeira grossa que no passado se usava como almofada) que usava e recriminou-o: "Condenado! Por consagrar-se ao movimento pela independência e lutar com as armas na mão?! O que te dói? O que ganhas com difamar-me? Atreva-se a dizer isso de novo!" O médico assustou-se tanto que fugiu descalço.

Os contatos com Kim Il Sung que outrora eram rotineiros tornaram-se raros com a partida do revolucionário para Jinlin onde ela prometeu ir e se ocupar como alguma coisa, mas de fato não cumpriu com esse plano e eles se encontraram apenas em mais três ocasiões na casa do revolucionário Son Jong Do.

Recuperando-se de sua enfermidade, ela seguiu no caminho revolucionário por mais um tempo mas sentindo-se desiludida por conta de divisões de alguns grupos e pela falta de um líder como Kim Hyong Jik, ainda não vendo o jovem Kim Il Sung como essa figura, ela posteriormente deixou de lado a luta e viveu sua vida comum em terra estrangeira, onde ainda teve dois filhos (um menino e uma menina) que herdaram sua ideologia progressista.

Por muito tempo seu paradeiro era incerto, mas em 1970 sua situação foi esclarecida após longas pesquisas dos camaradas do Instituto de História do Partido do Trabalho da Coreia.

Kim Il Sung disse: "Ri Kwan Rin viu-se obrigada a abandonar a luta no meio do caminho por não haver encontrado um dirigente que a orientasse com acerto.(...)

Assim murchou, ignorada, a 'flor do exército independentista', a única flor vermelha em meio ao mar de plantas verdes, que apareceu como luz na inóspita terra manchuriana e que causou tanto pavor aos inimigos, atraindo a atenção do mundo."

Em seus últimos momentos de vida, com contato novamente com Kim Il Sung, agora líder de uma nova Coreia, decidiu regressar à pátria com muito entusiasmo deixando todos seus familiares ainda vivos na China. Outra mulher, sem uma coragem tão grande não se atreveria a tomar tal decisão. Não teria sido capaz nem mesmo ela, se não tivesse sacrificado toda sua juventude em prol da libertação da pátria.

Como disse o grande Líder Camarada Kim Il Sung: "Só os que choraram, riram ou derramaram o sangue pela pátria e a ela se entregaram de corpo e alma, compreendem de coração o quanto ela é preciosa."

Como uma anciã, ela recebeu uma casa com uma paisagem agradável em Pyongyang, perto de onde situava-se a escola média feminina onde ela estudou, e foi-lhe garantido um médico e cozinheira particular e o então Secretário de Organização do Partido do Trabalho da Coreia, Kim Jong Il, esteve encarregado de organizar a preparação desta casa seguindo os gostos da anciã.

Apesar da saúde debilitada, ela preparou uma parcela de terra diante de sua casa e semeou milho. Dizia que como Kim Il Sung, quando criança, comia milho com muito gosto e sempre oferecia-lhe algo feito com milho.

Em memória de seus méritos do período juvenil, sacrificando-se pela pátria e povo, depois de sua morte foi organizado um solene ato funeral e seu corpo foi enterrado no Cemitério dos Mártires Patrióticos.


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