"À medida que as forças progressistas crescem dia a dia, o imperialismo estadunidense, acuado, recorre a vários métodos ardilosos para levar a cabo constantemente atos de agressão militar, derrubada e destruição contra os países revolucionários da América Latina." (Obras de Completas de Kim Il Sung, vol. 52, pp. 486–487)
Uma das coisas que chamam atenção na situação internacional do novo século é o fortalecimento da tendência anti-imperialista e de esquerda na América Latina. Alarmado com isso, o imperialismo estadunidense, decidido a aniquilar tal tendência e a realizar seu plano de dominação, intensificou ainda mais suas manobras de subordinação político-militar.
Antes de tudo, o imperialismo estadunidense intensificou conspirações e provocações políticas e as atividades de caráter militar para eliminar a própria existência da República de Cuba, que não abre mão da bandeira socialista no hemisfério ocidental.
Em primeiro lugar, os EUA lançaram insidiosamente empreendimentos políticos contrários a Cuba.
Mesmo já no novo século, a política agressiva dos EUA contra Cuba ficou patente quando o então presidente Bush filho proclamou, sem rodeios, que "não aguardaremos que chegue o dia da liberdade em Cuba — estamos trabalhando para que esse dia chegue". Isso ficou claro quando, em 24 de outubro de 2006, Bush filho anunciou a fabricação do chamado "Plano de Assistência para uma Cuba Livre". Nesse plano, ele proclamava apoio a "movimentos democráticos" em Cuba, prometendo fornecer "recursos" como ‘‘ajuda política’’, ‘‘apoio à oposição’’ e assim por diante, para possibilitar que o povo cubano alterasse o sistema por conta própria. Observando o conteúdo dessa proposta, via-se claramente a intenção de fomentar mudanças internas por meio de apoio externo, criar um "Fundo Internacional pela Liberdade" para apoiar forças contrarrevolucionárias latentes e incentivar o ingresso de estudantes cubanos em programas no exterior.
Esse "plano" era, em sua essência, um projeto reacionário para restaurar Cuba do socialismo ao capitalismo.
Dentre as ações que os EUA empreenderam com o objetivo de destruir o regime socialista cubano, uma das mais características foi a exploração de slogans como "democracia" e "direitos humanos" para sufocar e esmagar Cuba.
No novo século, os EUA multiplicaram insistentemente acusações contra o governo cubano, dizendo que tudo o que a administração cubana fazia "não estava de acordo com os princípios da democracia e dos direitos humanos", que Cuba representava um obstáculo à democracia no hemisfério — tudo isso como pretexto para desmoralizar Cuba e lançar campanhas difamatórias contra ela.
Outra linha de ação típica do imperialismo para derrubar o regime socialista cubano foi apoiar e armar elementos contrarrevolucionários, tanto internos quanto no exterior, dirigindo contra Cuba operações políticas e subversivas.
Com arrogância e desfaçatez, os EUA clamaram que os elementos contrarrevolucionários e criminosos anti-cubanos deveriam gozar de "liberdade política", incentivando esses grupos a criar instabilidade social dentro de Cuba e incitar rebeliões.
Em outubro de 2003, os EUA organizaram a criação de uma "Comissão de Assistência a uma Cuba Livre", com o objetivo de escalonar uma campanha para derrubar o governo cubano por etapas.
Em 2007, os EUA cometeram o crime de transferir, das contas bancárias do Banco Nacional de Cuba e da Companhia de Telecomunicações de Cuba, congeladas devido ao bloqueio anti-Cuba, a quantia total de 170 milhões de dólares para elementos contrarrevolucionários cubanos, sob o pretexto de indemnizações.
Além disso, os EUA tiveram participação direta no atentado com explosão do avião cubano sobre o espaço aéreo de Barbados em 1976, depois tentaram assassinar Fidel Castro diversas vezes, e patrocinaram e protegeram ativamente criminosos internacionais como Luis Posada Carriles, que realizou ataques a hotéis cubanos e assassinou numerosas pessoas, incentivando assim ações de sabotagem por parte de elementos contrarrevolucionários cubanos.
Igualmente, os EUA intensificaram suas ações militares e de destruição contra Cuba.
Os imperialistas estadunidenses continuaram ocupando uma importante base militar de Guantánamo, reforçando os preparativos de invasão, e não hesitaram em executar grandes atos de destruição inumanos. Os EUA utilizaram armas biológicas contra fazendas e propriedades em Cuba, disseminaram deliberadamente vírus letais entre a população. O uso bárbaro de armas biológicas pelos EUA custou a vida de cerca de 3.400 civis inocentes em Cuba e causou perdas materiais estimadas em aproximadamente 54 bilhões de dólares.
Assim, no novo século os EUA continuaram a não poupar meios para subjugar política e militarmente a República de Cuba.
Em seguida, os EUA não limitaram suas ações a Cuba, mas também intensificaram manobras para derrubar governos e intervir militarmente em outros países da América Latina.
Antes de tudo, os EUA hostilizaram a Venezuela, onde predominavam posições anti-imperialistas e anti-EUA e uma tendência voltada ao socialismo, e intensificaram atividades destinadas a saquear e derrubar o governo venezuelano.
Quando, em dezembro de 1998, Hugo Chávez foi eleito presidente e um governo anti-EUA surgiu, os EUA, desde o primeiro dia, empreenderam ininterruptamente e com obstinação manobras para derrubar esse governo.
Os EUA acusaram o governo venezuelano de "operação revolucionária" e de ameaçar a democratização regional, implementando políticas que visavam marginalizar o país.
Um exemplo típico dessa hostilidade foi a conspiração contrarrevolucionária de abril: após a eclosão de uma "greve geral" em 2002, Pedro Carmona autoproclamou-se "presidente", e Hugo Chávez foi detido. Contudo, apoiadores de Chávez restituíram-no ao poder dois dias depois, e Carmona foi deposto — a tentativa de golpe terminou em "dois dias de governo".
Cerca de dois meses antes do golpe, no final de fevereiro de 2002, conspiradores contrarrevolucionários procuraram o embaixador dos EUA na Venezuela, informando os planos do golpe aos estadunidenses; funcionários dos EUA reuniram-se por dois dias com líderes da oposição uma semana antes do golpe para articular a expulsão do presidente Chávez. O jornal The New York Times, em 25 de abril de 2002, revelou que os EUA já haviam financiado com dezenas de milhares de dólares grupos rebeldes que tentaram a queda do governo em 2001.
Tudo isso demonstra a profunda e constante intervenção dos EUA nos complôs para derrubar o governo venezuelano.
Depois da falha do golpe de abril, no final de 2002 houve nova tentativa de golpe contra o presidente Chávez.
A razão subjacente às contínuas conspirações dos EUA contra a Venezuela foi o desejo de assegurar recursos petrolíferos e eliminar obstáculos às suas ambições hegemônicas. Os EUA pressupuseram que, após a guerra contra o Iraque, a Venezuela poderia suspender exportações de petróleo aos EUA, e, para prevenir essa possibilidade, conspiraram para derrubar o governo venezuelano enquanto preparavam eventual ação militar.
Quando, após o fracasso da conspiração golpista de abril de 2002, os EUA não lograram êxito, desta vez procuraram manipular eleições antecipadas na Venezuela para substituir o regime.
A atual constituição da Venezuela prevê que não se realizem eleições antecipadas antes de transcorrer metade do mandato presidencial. No caso de Chávez, a metade do mandato seria em agosto de 2003. No entanto, os EUA, antes mesmo de tal base estar estabelecida, exigiram através do porta-voz da Casa Branca, em dezembro de 2002, que o presidente Chávez convocasse eleições antecipadas.
Para realizar esse plano, os EUA manipularam uma paralisação massiva na indústria petrolífera venezuelana em 2008. Primeiro, estimularam empregadores de grandes empresas petrolíferas contrários às medidas de proibição da privatização da indústria de petróleo adotadas por Chávez a fecharem postos de trabalho e induziram capitães de navios-tanque afiliados a companhias petroleiras ocidentais a recusarem o transporte de petróleo. Em conluio com meios de comunicação controlados pelas elites privilegiadas, propagaram que trabalhadores do setor petrolífero haviam entrado em greve geral. Um grupo de oposição apoiado pelos EUA organizou, em 2004, uma campanha de coleta de assinaturas exigindo um referendo popular para eleições antecipadas.
Mesmo assim, os EUA persistiram nas suas manobras para derrubar o governo venezuelano.
As ações dos EUA para derrubar o governo da Venezuela manifestaram-se também no fornecimento de recursos financeiros às forças antigovernamentais, incitando-as abertamente e fomentando a desordem sociopolítica e a crise no país.
Às vésperas das eleições presidenciais de 2006, os EUA intensificaram o apoio às forças oposicionistas e enviaram, sob o pretexto de "especialistas eleitorais", altas autoridades da administração Bush para conspirar secretamente com a oposição no sentido de depor o governo Chávez. Durante a eleição, altos funcionários estadunidenses encontraram-se clandestinamente com figuras oposicionistas venezuelanas, oferecendo apoio financeiro para tentar impor um governo pró-EUA. Entretanto, as tentativas fracassaram e o governo anti-imperialista de Chávez obteve novamente a vitória eleitoral.
Diante do repetido fracasso de suas intrigas, incluindo planos de assassinato contra o presidente Chávez e conspirações de derrubada do governo, os EUA recorreram aos métodos previsíveis: passaram a acusar Venezuela de violações aos "direitos humanos" e à "democracia", e criticaram as políticas progressistas do governo, por exemplo, a aquisição de armamentos da Rússia, alegando que as quantidades excediam as necessidades defensivas.
Os EUA fomentaram, em volta da campanha de coleta de assinaturas, uma opinião pública que dava a impressão de que a substituição do regime era cada vez mais provável, incitando ainda mais as forças opositoras. Contudo, as assinaturas reunidas pela oposição não atingiram o limiar constitucional exigido de 240 mil nomes, e a tentativa dos EUA de depor o governo falhou novamente.
Além da Venezuela, os EUA continuaram intervindo militarmente e conspirando pela derrubada de governos no Haiti.
O principal objetivo da intervenção militar e das conspirações para derrubar o governo haitiano era, acima de tudo, colocar um governo pró-EUA no poder em Haiti, capaz de proteger os interesses dos EUA naquele país.
Assim, no novo século, os EUA tramaram manter e reforçar sua política de recolonização de Haiti por meio de um regime pró-EUA.
Como consequência da difusão de políticas reacionárias, em 2004 a insurreição popular contra o governo pró-EUA de Aristide intensificou-se e a situação no país tornou-se ainda mais aguda. Os distúrbios antigovernamentais assumiram um caráter cada vez mais violento, incluindo ataques armados a órgãos estatais, e se alastraram pelo território nacional. Forças armadas opositoras chegaram a tomar a cidade de Gonaives, uma das maiores do país, em 7 de fevereiro. O país mergulhou em caos, ocorreram numerosas baixas e uma massiva crise de refugiados.
Com a escalada dos acontecimentos, os EUA passaram a temer ser responsabilizados internacionalmente por terem apoiado Aristide. Naquele momento, quando os EUA já se encontravam desgastados com a deterioração da situação no Afeganistão e no Iraque, temeram que uma crise prolongada na América Latina viesse a lhes causar problemas adicionais.
Assim, os EUA abandonaram a tática inicialmente proclamada de apoio político a Aristide e passaram abertamente a intervir militarmente para substituir o já enfraquecido regime por um governo mais pró-EUA. Em 19 de fevereiro, quando as forças opositoras proclamaram um governo paralelo em Gonaives e nomearam um presidente interino, a embaixada dos EUA no local invocou a "proteção" como pretexto e, por meio de declarações da Casa Branca, atribuiu a maior parte da responsabilidade pelos distúrbios a Aristide, exigindo sua renúncia.
No fim, Aristide foi forçado, sob pressão dos EUA, a assinar uma carta de renúncia e foi embarcado em uma aeronave militar estadunidenses por 60 fuzileiros navais rumo à África do Sul, para onde foi expatriado.
Além disso, os EUA intensificaram sua ingerência em diversos países da América Latina, como Bolívia, Equador e Chile, promovendo interferência interna e conspirações para derrubar governos. Os EUA articulavam alegações de que ‘‘a democracia estava sendo enfraquecida’’ na Bolívia e tramavam até golpes militares; em países como Equador e Chile, exploravam alegações de violação da ‘‘democracia’’ para justificar suas persistentes intrigas de ingerência interna.
Dessa forma, as incessantes manobras de subordinação político-militar dos EUA contra os países da América Latina no novo século demonstram claramente que os alegados slogans de "democracia", "liberdade" e "direitos humanos" que os EUA ostentam não passam de cortinas de fumaça para realizar seu plano de dominação imperialista. Mostram também que os EUA são, na realidade, o principal inimigo da humanidade progressista mundial: atacam e invadem países que buscam resistir à dominação e seguir o caminho da independência, especialmente países pequenos, fracos e desprotegidos.
As manobras dos EUA para dominar política e militarmente os países latino-americanos estão sendo cada vez mais repelidas pelas lutas anti-imperialistas e pela busca de autodeterminação dos povos da região, e acabarão, inevitavelmente, em derrota total.
Hong Yong Chol, professor da faculdade de História da Universidade Kim Il Sung

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