terça-feira, 11 de novembro de 2025

A sombria perspectiva de uma sociedade antipopular revelada no Livro Branco sobre medidas de prevenção ao suicídio

No Japão, que se vangloria de sua “prosperidade material”, o número de pessoas que tiram a própria vida está aumentando em contraste gritante com a ostentação das propagandas chamativas.

O suicídio tornou-se um acontecimento cotidiano neste país. A imprensa noticia constantemente casos de suicídio e divulga estatísticas, alertando que, se essa tendência continuar, o Japão poderá alcançar o recorde mundial de suicídios, e apela pela formulação urgente de medidas para contê-lo.

O fato de o suicídio estar intrinsecamente ligado aos conceitos de “tradição” e “cultura” mostra sem disfarces o quanto ele se tornou um problema social sério no Japão.

Até mesmo os políticos japoneses não conseguem negar isso. Talvez por essa razão, todos os anos se esforçam para “identificar as causas” e “formular contramedidas”.

Recentemente, em uma reunião ministerial, foi publicado o “Livro Branco sobre Medidas de Prevenção ao Suicídio – Edição de 2025”. Segundo o documento, a taxa de suicídios entre os jovens permanece em nível elevado, e o número de suicídios entre alunos do ensino fundamental, médio e colegial atingiu o maior índice desde 1980. O texto atribui as causas ao suposto uso excessivo de medicamentos, a problemas psicológicos e de saúde, e à educação familiar.

Assim, as medidas apresentadas por eles consistem em estipular por lei que toda a sociedade deve se envolver na prevenção do suicídio, e em criar uma sociedade que valorize e acolha plenamente as preocupações e sentimentos de todas as pessoas. Em outras palavras, argumentam que, como os suicidas mergulham em depressão depois de lutar em meio a várias angústias, bastaria prevenir isso para reduzir drasticamente o número de casos.

Os políticos japoneses, ao menor pretexto, visitam instituições como o “Centro de Apoio às Medidas de Prevenção ao Suicídio” e o “Centro de Promoção de Medidas para Salvar Vidas”, dizendo de forma vazia que se esforçarão para evitar que as pessoas carreguem sozinhas suas ansiedades e problemas, e que melhorarão o sistema de aconselhamento.

Não é surpreendente que, entre os países do chamado “clube dos ricos” — o grupo dos sete —, o Japão registre a taxa mais alta de suicídios entre pessoas de 10 a 20 anos. Considerando também o desprezo popular enfrentado pelo governo devido à proliferação de crimes e males sociais, a situação não causa espanto.

A questão é: será possível eliminar essa depressão e essa angústia?

Segundo as palavras dos políticos, seria necessário criar um ambiente de vida satisfatório para as pessoas e promover como costume social atividades de ajuda aos jovens em dificuldade. No entanto, isso é absolutamente impossível.

No Japão, onde reina um extremo individualismo e prevalece a lei da selva, não se pode sequer imaginar igualdade e cooperação mútua. A profunda disparidade e desigualdade na vida econômica das pessoas revelam a verdadeira face do país.

Os capitalistas, sob o amparo e proteção do governo, alegando prevenir dificuldades de gestão e prejuízos empresariais, provocam com frequência ondas de demissões. Muitos acabam engrossando as fileiras dos desempregados. O número de jovens desempregados, inclusive de formados universitários, continua aumentando.

Mesmo segundo os dados oficiais, a taxa de emprego entre graduados universitários cai continuamente. Os estudantes, ainda antes da formatura, correm de um lado para outro em busca de trabalho, mas a maioria não consegue emprego e cai no desemprego logo após se formar. Quanto aos jovens que não concluíram a universidade, nem é preciso mencionar sua situação.

Privados até dos direitos trabalhistas mais básicos, mergulhados na frustração diante da vida e no vazio espiritual, esses jovens perdem quaisquer ideais e aspirações para o futuro, caindo na depressão e escolhendo o caminho do suicídio. No Japão, pessoas nessas condições são incontáveis.

Em junho passado, um casal na casa dos vinte anos, que havia perdido o emprego em Hokkaido, tentou o suicídio, e também em Osaka outro casal da mesma faixa etária tirou a vida junto com os filhos.

Provavelmente, eles também desejavam viver felizes em um lar harmonioso. Mas o sistema social não lhes permitiu isso.

O aumento do número de suicídios entre estudantes do ensino primário, secundário e superior tem a mesma causa. Pais desesperados, tomados pela frustração, gritam com os próprios filhos, os maltratam e até os expulsam de casa. Nas escolas, professores cometem frequentemente atos de violência contra os alunos. No fim, os estudantes, atormentados por seus problemas, acabam tirando a própria vida.

A causa do suicídio, que dificilmente diminui no Japão, reside precisamente no próprio sistema social. O “Livro Branco sobre Medidas de Prevenção ao Suicídio”, publicado anualmente pelas autoridades japonesas, anuncia claramente o sombrio futuro do país.

Ri Hak Nam

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