PrefácioTendo começado a ser escrita com o surgimento dos Estados, a antiga história das atividades diplomáticas da humanidade registra muitos eventos e episódios que deixaram uma marca indelével na ascensão e queda de diferentes nações, bem como no desenvolvimento da situação internacional.
A história de 5 000 anos da nação coreana relata inúmeros episódios de suas atividades diplomáticas que demonstram o prestígio e a dignidade de seu povo.
A República Popular Democrática da Coreia, que surgiu na arena internacional em meados do século XX como um Estado independente e soberano, deixou fatos dignos de registro na história ao defender sua independência e estabelecer e consolidar sua unidade e cooperação com outros países.
O Presidente Kim Il Sung esclareceu a verdade de que a independência é o sangue vital de um país e de uma nação, e rejeitou a pressão e a interferência de forças externas, mantendo firmemente a posição independente na liderança da revolução coreana.
Sob sua liderança, a RPDC analisou, avaliou e resolveu todos os problemas em conformidade com as exigências e os interesses do povo coreano.
Hoje, a RPDC demonstra sua dignidade como um país forte em seu caráter independente e o povo coreano, como um povo independente.
Este livro é dedicado às façanhas imortais de Kim Il Sung, que desenvolveu as relações exteriores de seu país com base nos princípios de independência e igualdade.
1. Sobre os Princípios de Respeito Mútuo e Igualdade
Desde o final da década de 1940 até meados da década de 1950, o Presidente Kim Il Sung visitou por diversas ocasiões a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, a China e países socialistas da Europa Oriental. Suas visitas a esses países tiveram um significado histórico, pois a República Popular Democrática da Coreia demonstrou sua posição como um Estado soberano plenamente desenvolvido, que resolve todos os problemas relativos às relações internacionais a partir de um ponto de vista independente.
Naquela época, o país enfrentava inúmeras provações e dificuldades, pois havia escassez de tudo em todos os âmbitos da sociedade, incluindo a economia e a cultura.
Após a guerra da Coreia, as dificuldades tornaram-se ainda maiores, pois tudo havia sido reduzido a cinzas.
Depositando sua confiança absoluta na inesgotável força espiritual e criatividade do povo e apoiando-se nele, Kim Il Sung enfrentou com coragem as provações que se impunham à revolução coreana.
Autoconfiança e força própria são o elemento fundamental, e a ajuda externa é secundária – este foi o seu credo constante.
Conduzindo suas atividades externas em condições de igualdade com outros países, fossem eles grandes ou pequenos, nos princípios de respeito mútuo pela soberania, igualdade e relações de boa vizinhança, conforme indicado por Kim Il Sung, o país pôde receber ativo apoio para a sua revolução de países fraternos.
Primeiro Acordo Concluído em Termos de Igualdade
Quando a República Popular Democrática da Coreia foi fundada em setembro de 1948, a URSS estabeleceu relações diplomáticas com ela em nível de embaixada antes de qualquer outro país no mundo.
Em dezembro de 1948, o embaixador da RPDC foi enviado a Moscou, e de 22 de fevereiro a 7 de abril de 1949, Kim Il Sung realizou uma visita oficial à URSS liderando uma delegação do governo da RPDC.
Sua visita à URSS atraiu a atenção mundial, pois foi sua primeira visita a um país estrangeiro após a fundação da RPDC.
Pode-se dizer que a Coreia está localizada em um lugar de importância estratégica para a URSS.
Durante a Segunda Guerra Mundial, o ponto mais vulnerável da URSS para sua defesa era sua parte oriental. Sob esse ponto de vista, ela teve de estacionar enormes forças armadas nessa região para defender o Extremo Oriente e a Sibéria da agressão do Japão e de outros imperialistas, mesmo enquanto travava uma dura guerra contra a Alemanha fascista.
Naqueles dias, Kim Il Sung levantou o slogan “Defendamos a União Soviética com armas!” movido por um elevado sentido de dever internacionalista, e hostilizou o inimigo por trás de suas linhas, contribuindo de maneira tangível para frustrar as tentativas do Japão de invadir a URSS.
Assim, Stalin pôde mover enormes forças armadas para a frente ocidental, desferindo um golpe contundente contra os agressores alemães.
Após o fim da Segunda Guerra Mundial, a estratégia da URSS em relação ao Oriente mudou.
Isso aconteceu porque, com o nascimento da RPDC, o posto oriental do campo socialista foi fortalecido.
Stalin e outros líderes soviéticos receberam calorosamente a delegação da RPDC, respeitando Kim Il Sung como camarada de armas no posto oriental do socialismo.
Em 5 de março de 1949, Kim Il Sung encontrou-se com Stalin no Kremlin.
Após apertar a mão de Stalin, Kim Il Sung perguntou-lhe se estava com boa saúde e apresentou-lhe os membros de sua delegação. Expressou também sua gratidão por ter gentilmente convidado a delegação do governo da RPDC e por ter proporcionado um tratamento cordial.
Quando Stalin lhe perguntou sobre a situação da Coreia naquela época, Kim Il Sung disse:
Tudo vai bem. Graças à cooperação positiva do povo soviético, o povo coreano alcançou muitos êxitos em seus esforços para construir um Estado independente e soberano; e com base nisso, o país iniciou, em 1949, o caminho para a realização de um Plano Econômico Nacional Bienal.
Depois de oferecer-lhe um cigarro, Stalin expressou sua admiração pelo fato de que, sob a experimentada direção do Primeiro-Ministro Kim Il Sung, o povo coreano realizou um grande trabalho numa situação em que o país estava em ruínas, e, em particular, restaurou em curto espaço de tempo a economia devastada pelos imperialistas japoneses. Prosseguiu dizendo que era um dever internacionalista natural para o povo soviético, que realizou a revolução socialista antes de outros países, prestar ativo apoio de várias maneiras ao fraterno povo coreano, que havia tomado o poder em suas mãos e se lançara no esforço de construir uma nova sociedade.
Reconhecendo as observações amistosas de Stalin, Kim Il Sung disse: Durante nossa atual visita à URSS, penso que é necessário que os dois países concluam um acordo sobre comércio mútuo e relações comerciais, bem como assinem um acordo sobre assistência técnica e cooperação cultural para resolver uma série de problemas, incluindo a questão de convidar técnicos soviéticos para a Coreia. Em consideração à perspectiva das trocas econômicas e culturais com a União Soviética, que serão conduzidas de maneira dinâmica, nossa delegação planeja discutir a questão da construção de ferrovias na área fronteiriça entre os dois países e da organização de uma companhia aérea.
Afirmando que Kim Il Sung levantara questões muito importantes e urgentes e que, como a RPDC estava no período inicial de construção do Estado, muitas dificuldades surgiriam, Stalin concordou inteiramente com todas as questões levantadas por ele.
As conversações daquele dia entre Kim Il Sung e Stalin marcaram as primeiras atividades externas que ele realizou após a fundação da RPDC com chefes de Estado de países estrangeiros.
Desde o início, suas atividades externas despertaram calorosos sentimentos entre os funcionários do lado soviético e os membros da delegação do governo da RPDC.
No dia 17 de março, realizaram-se as conversações de segunda rodada entre a delegação do governo da RPDC, liderada por Kim Il Sung, e a delegação do governo soviético, no Kremlin. Após o término das conversações e concluído o acordo, realizou-se a cerimônia de assinatura do Acordo sobre Cooperação Econômica e Cultural entre a RPDC e a URSS.
O acordo consistia em cinco artigos, estipulando que ambos os países desenvolveriam relações comerciais com base nos princípios de cooperação, igualdade e interesses mútuos; aplicariam o status de nação mais favorecida um ao outro no comércio exterior e navegação; desenvolveriam as relações já estabelecidas no campo da cultura; e promoveriam a troca de experiências nos setores industrial e agrícola mediante o envio de especialistas e técnicos e de outras maneiras.
Com base nesse acordo, foram concluídos um acordo sobre circulação de mercadorias entre 1949 e 1950, um acordo sobre empréstimo, um acordo sobre cooperação técnica e um acordo sobre intercâmbios e cooperação culturais.
Em seu discurso na cerimônia de assinatura, Kim Il Sung disse:
A conclusão do acordo sobre cooperação econômica e cultural entre os dois países é um importante acontecimento político. Este é o primeiro acordo que o governo independente da RPDC concluiu na história da Coreia com um governo estrangeiro em termos completamente iguais.
Graças a esses acordos, a cooperação mútua estabelecida entre os dois países pôde desenvolver-se ainda mais em diferentes campos, incluindo a economia, cultura, ciência e tecnologia, e fortalecer ainda mais a amizade e a solidariedade entre os povos dos dois países para a vitória da justiça e da paz.
Um grande banquete foi oferecido no Kremlin naquele dia.
No banquete, Stalin disse: O povo coreano saudou o camarada Kim Il Sung, herói nacional, como seu líder, tomou o poder em suas próprias mãos antes de qualquer outro no Oriente colonizado e lançou-se vigorosamente no caminho da construção de uma nova sociedade. Com o nascimento de uma nova Coreia democrática, foi criada uma garantia confiável para a segurança da fronteira oriental da União Soviética. Em vista disso, a ajuda da União Soviética à RPDC não é, em seu sentido estrito, ajuda, mas um gasto para si mesma. Os camaradas soviéticos aqui presentes devem compreender claramente isso.
Anteriormente, devido à bajulação corrupta e incompetente e à submissão do governo feudal perante as grandes potências vizinhas, o povo coreano foi forçado a concluir tratados desiguais com invasores estrangeiros e, assim, seu país foi reduzido a escravidão colonial.
O Tratado de Kanghwa, que violou totalmente a soberania e os interesses da nação coreana, foi assinado em fevereiro de 1876 pelo governo feudal sob a ameaça e chantagem dos imperialistas japoneses. Esse tratado desigual estipulava os direitos japoneses de exercer "jurisdição extraterritorial", "isenção de impostos" e "levantamento costeiro" na Coreia.
O Tratado Coreia-EUA, imposto ao governo feudal pelos Estados Unidos em 1882, também foi um tratado desigual, que violou a soberania da Coreia ao definir obrigações unilaterais para a Coreia e apenas direitos para os Estados Unidos. O tratado estipulava a aprovação e proteção do comércio ilimitado dos comerciantes dos EUA, a residência de seus funcionários diplomáticos, sua jurisdição consular, aplicação de tarifas alfandegárias baixas para eles, aprovação da exportação do arroz coreano para os EUA e tratamento dos Estados Unidos como nação mais favorecida.
A conclusão do Acordo de Cooperação Econômica e Cultural entre a RPDC e a URSS pôs fim à vergonhosa história da diplomacia da Coreia, manchada pela submissão e bajulação e caracterizada por tratados desiguais impostos ao país por grandes potências agressoras, e serviu como uma ocasião para a RPDC aparecer no cenário político mundial em posição independente e igual, escrevendo um novo capítulo na história de suas atividades externas.
A verdadeira amizade se manifesta em tempos difíceis
O 20º Congresso do Partido Comunista da União Soviética, realizado em fevereiro de 1956, chocou o mundo inteiro e provocou uma grande confusão ideológica no movimento comunista internacional e nos países socialistas. No congresso, Khrushchev negou totalmente os feitos de Stalin em seu relatório secreto ao congresso, intitulado "Sobre o Culto à Personalidade e Suas Consequências".
Na verdade, a questão do “culto à personalidade” e da “idolatria de personalidade” não era simplesmente uma questão de avaliar Stalin como indivíduo. Era uma questão séria relacionada com defender os feitos e as tradições conquistadas pelo líder e herdar as ideias e a direção do líder. Assim, era uma questão fundamental que tinha relação direta com o destino futuro de um partido e da revolução.
Os comportamentos de Khrushchev deram munição ao moinho da campanha anticomunista dos imperialistas.
Em junho de 1956, os imperialistas e reacionários locais provocaram o incidente de Poznan, na Polônia, e, em outubro, o incidente na Hungria, criando assim um grande obstáculo ao movimento comunista internacional.
Em julho de 1956, Khrushchev, interferindo abertamente nos assuntos internos da Hungria, destituiu Rakosi, o líder do partido e do governo húngaro, sob a alegação de que ele estava atrasando a implementação das decisões do 20º Congresso do Partido Comunista da União Soviética.
Esse ato chauvinista das grandes potências causou confusão no partido e no governo húngaros. Imre Nagy e seu grupo, que vinham espreitando na liderança do Partido dos Trabalhadores, usurparam o poder aproveitando-se das manifestações contrarrevolucionárias que os reacionários, instigados pelos imperialistas, organizaram em outubro daquele ano. Em seguida, dissolveram as Forças de Segurança Nacional, libertaram contrarrevolucionários e criminosos de Estado da prisão, declararam a retirada do Pacto de Varsóvia e levaram a questão húngara à ONU.
A visita de Kim Il Sung à União Soviética e a outros países socialistas da Europa Oriental em junho e julho de 1956 chamou a atenção do mundo, pois foi realizada nesse contexto.
A primeira etapa de sua visita foi a Alemanha Oriental.
Os dirigentes da Alemanha Oriental disseram a Kim Il Sung que, agora que a Alemanha estava dividida em leste e oeste, os dois lados não tinham outra opção senão reconhecer a existência de dois Estados. Quando Kim Il Sung visitou o edifício do Comitê Central do Partido Socialista Unificado da Alemanha em 8 de junho de 1956, Walter Ulbricht, primeiro-secretário do partido, disse-lhe que o PSU pretendia fazer com que a República Democrática Alemã fosse reconhecida e reconhecer a República Federal da Alemanha na ONU.
Kim Il Sung disse que a questão alemã deveria ser resolvida de acordo com a vontade e os interesses do povo alemão.
Em 13 de junho de 1956, Kim Il Sung chegou a Bucareste, Romênia, para realizar uma visita ao país.
O povo romeno o recebeu calorosamente ao longo dos quatro quilômetros de estrada do aeroporto até a casa de hóspedes.
Naquele dia, Kim Il Sung encontrou-se com Chivu Stoica, primeiro-secretário do Comitê Central do Partido dos Trabalhadores da Romênia e primeiro-ministro do Conselho de Ministros da Romênia. Na reunião, ele disse que era um prazer visitar a Romênia, encontrar os dirigentes do partido e do governo romenos e testemunhar as conquistas alcançadas pelo povo romeno em sua luta para construir uma nova sociedade, e continuou: Hoje o povo romeno concedeu à delegação da RPDC uma recepção muito impressionante. Gostaria de expressar meus agradecimentos ao povo romeno pela calorosa acolhida por meio de você.
O primeiro-secretário disse que os ardentes sentimentos de amizade do povo romeno para com os hóspedes coreanos representavam seu respeito pelo Partido do Trabalho da Coreia, liderado por Kim Il Sung, um partido experiente que avança sem vacilar ao longo do caminho que havia escolhido.
Após expressar seus agradecimentos, Kim Il Sung disse: Pela experiência prática de uma longa e prolongada luta revolucionária, percebemos profundamente que somente quando estabelecemos a orientação do Juche podemos realizar com sucesso nossa revolução e construção. Se não se estabelece a orientação do Juche, acaba-se oscilando para a direita e para a esquerda com o vento e, no fim, arruinando tudo.
Na manhã seguinte, Kim Il Sung visitou várias fábricas, todas produzindo máquinas especiais necessárias ao país.
Na conversa amistosa que teve pouco antes das conversações com os dirigentes do partido e do governo da Romênia, no edifício do Comitê Central do Partido dos Trabalhadores da Romênia, Kim Il Sung disse: Ao visitar as fábricas em Bucareste, tive a impressão de que a Romênia está desenvolvendo sua economia de maneira estável. Se o seu país avançar dessa forma, em breve alcançará os países industrialmente desenvolvidos. De acordo com nossa experiência, é muito importante alcançar a autossuficiência na economia, embora possa ser um tanto desafiador, se se deseja sustentar-se por conta própria sem depender de outros e manter a independência política. É muito bom que o partido romeno esteja prestando atenção em construir as bases econômicas próprias.
Quando Kim Il Sung visitou a Tchecoslováquia, seus dirigentes perguntaram-lhe se a RPDC ingressaria no Conselho de Assistência Econômica Mútua (CAEM). Kim Il Sung expressou sua posição e visão independentes por meio da explicação lógica e metafórica de que a RPDC participaria da divisão internacional do trabalho somente depois de crescer mais para estar à mesma altura das outras nações já desenvolvidas no CAEM.
Durante sua visita à Albânia, disse que o PTC desenvolveria relações de amizade e cooperação com todos os países irmãos com base no princípio de respeitar plenamente a igualdade e independência dos outros.
Quando Kim Il Sung visitou a Hungria em 17 de junho de 1956, Matthias Rakosi, primeiro-secretário do Comitê Central do Partido dos Trabalhadores Húngaros, disse a Kim Il Sung que a situação na Hungria era instável e havia maus presságios.
Kim Il Sung encorajou-o, dizendo: É natural que as forças imperialistas e reacionárias façam esforços desesperados para sobreviver ao se aproximarem de seu fim. Mas, por mais que se esforcem, não podem bloquear o caminho que o povo húngaro escolheu.
Quando Kim Il Sung chegou a Varsóvia em 2 de julho de 1956 para uma visita à Polônia, a situação no país estava muito tensa.
Quando Boleslaw Bierut, presidente da Polônia, faleceu após o 20º Congresso do Partido Comunista da União Soviética, a liderança do governante Partido Operário Unificado ficou dividida, e a opinião de que o “culto à personalidade” criado por Bierut deveria ser abolido ganhou mais força dentro do partido.
À medida que o vento da “democracia” e da “liberalização” começou a varrer o país, reacionários que haviam sido presos foram libertados, e desordem e confusão sociais foram criadas. Os reacionários internos difamavam o partido, e os imperialistas externos instigavam a contrarrevolução no país.
Vários dias antes da chegada de Kim Il Sung à Polônia, uma revolta irrompeu em 28 de junho em Poznan, onde ocorria uma feira internacional de comércio.
Mas Kim Il Sung visitou o país apesar do perigo, com o objetivo de dar encorajamento revolucionário ao partido e ao governo poloneses.
Quando encontrou Kim Il Sung, Edward Ochab, primeiro-secretário do Partido Operário Unificado da Polônia, expressou agradecimentos ao dirigente da RPDC por visitar seu país mesmo diante da situação política muito complicada.
Kim Il Sung disse com um amplo sorriso no rosto: Como diz o ditado coreano, a verdadeira amizade se manifesta em tempos difíceis. Vocês ficariam desapontados se não visitássemos seu país por causa de sua situação tensa. Não é apropriado que os países irmãos interrompam o intercâmbio de visitas apenas devido a uma situação difícil. É algo positivo que seu país tenha tomado uma posição decisiva diante do incidente de Poznan, instigado pelos reacionários, e endireitado a situação em um curto período. Como os imperialistas e reacionários sempre procuram um ponto fraco, levando adiante tramas reacionárias sempre que surge oportunidade, vocês devem sempre manter uma aguda vigilância revolucionária e nunca enfraquecer as funções da ditadura do proletariado.
Quando o primeiro-secretário expressou suas preocupações sobre a situação política e as dificuldades econômicas de seu país em um banquete de boas-vindas, Kim Il Sung disse: Nós, comunistas, não temos o direito de hesitar ou vacilar diante das dificuldades. O único caminho que devemos seguir é superar as dificuldades e provações com um espírito de luta indomável e firme confiança na vitória. Sempre que a situação for complicada, devemos acreditar firmemente nas massas populares e superar as dificuldades confiando em sua força.
A visita de Kim Il Sung aos países socialistas da Europa Oriental em meados da década de 1950 foi um evento histórico, por meio do qual ele lembrou aos dirigentes desses países a verdade de que somente quando todos os países, sejam grandes ou pequenos, mantêm relações uns com os outros sob o ponto de vista da independência e com base no princípio da completa igualdade e respeito mútuo, podem contribuir para fortalecer as forças socialistas e consolidar a paz mundial.
2. Com julgamento e decisão independentes
O período dos anos 1950 aos anos 1980 testemunhou muitas turbulências na situação política mundial, enraizadas nas diferenças de ideias, pontos de vista políticos e sistemas sociais. Entre elas estiveram as disputas que começaram no campo socialista, a crise dos mísseis do Caribe criada pelos imperialistas estadunidenses, a intensificação da Guerra do Vietnã pelos imperialistas estadunidenses e o fracasso dos países socialistas em tomar uma ação conjunta diante dela, bem como a visita de Nixon à China, que coincidiu com esse contexto.
Por mais complicada que fosse a situação, Kim Il Sung manteve a posição independente nas relações internacionais, resolveu todos os problemas com julgamento e decisão independentes em consonância com os princípios revolucionários e socialistas e trabalhou pela unidade do movimento comunista internacional, considerando como sua obrigação internacionalista ajudar os países irmãos.
Comentário político refinado
A história da diplomacia mundial presenciou casos em que um comentário político refinado coordenou disputas diplomáticas entre países e estabilizou a situação.
Um exemplo típico foi o comentário político que encurralou uma potência e, ao mesmo tempo, fez da outra potência a vencedora.
Naqueles dias, os Estados Unidos estavam lutando para sair do profundo atoleiro da Guerra do Vietnã (agosto de 1964 a janeiro de 1973) e revelando fraqueza estratégica na confrontação militar com a União Soviética. Nessas circunstâncias, os Estados Unidos, julgando que não podiam se dar ao luxo de manter más relações com a União Soviética e com a China ao mesmo tempo, expressaram sua intenção de melhorar suas relações com a China por meio de canais diplomáticos.
Diante da nova situação internacional, a liderança chinesa também decidiu ajustar sua estratégia diplomática e tentou se aproximar dos Estados Unidos para abrir a porta das relações sino-americanas, ao mesmo tempo em que desenvolvia suas relações com a Europa Ocidental, Japão, Canadá, Austrália e Nova Zelândia.
Richard Nixon, então presidente dos EUA, considerava que os Estados Unidos não seriam capazes de enfrentar a ofensiva da União Soviética caso continuassem agarrados à política de contenção e isolamento da China, e defendeu a política de poder, a parceria e o diálogo como os três pilares de sua política externa.
Ele ordenou a Henry Kissinger, seu assessor de segurança nacional, que encontrasse uma possibilidade de contato com a China e pediu oficialmente ao presidente francês Charles de Gaulle, em visita aos Estados Unidos, que transmitisse à liderança chinesa a nova política dos EUA em relação à China. E enviou, por meio do presidente do Paquistão, sua mensagem verbal pessoal à liderança chinesa afirmando que “os Estados Unidos não estariam envolvidos em nenhuma ação para isolar a China.”
Ao receber os sinais de Richard Nixon, a China expressou sua intenção de que poderia reabrir as negociações interrompidas de Varsóvia.
Assim, em janeiro de 1970, os dois países tornaram público simultaneamente que reabririam as negociações de Varsóvia. Mas as conversações foram novamente interrompidas por causa da invasão do Camboja pelos EUA. Ficando impacientes, os Estados Unidos enviaram vários sinais à China por canais diplomáticos, diminuíram o movimento da sua 7ª Frota no Estreito de Taiwan e cancelaram sua oposição à entrada da China nas Nações Unidas.
Em outubro daquele ano, Richard Nixon expressou publicamente sua intenção de visitar a China pela primeira vez ao afirmar, em entrevista a um jornalista do "The Times", que a única coisa que ele precisava fazer antes de morrer era ir à China.
Em dezembro, Mao Zedong respondeu à pergunta feita por Edgar Snow, jornalista estadunidense e seu velho amigo, sobre a possibilidade da visita de Richard Nixon à China: Se Nixon tiver intenção de visitar a China, você pode transmitir nossa mensagem a ele de que pode vir à China se embarcar em um avião discretamente. Não nos importa se ele arruma uma briga conosco ou não, se vem como turista ou como presidente.
Posteriormente, Richard Nixon tornou públicas algumas medidas para reduzir o fosso nas relações entre os dois países, e, no final de abril de 1971, Zhou Enlai enviou através do Paquistão a clara resposta da China de que seu governo estava pronto para receber abertamente em Pequim um enviado especial do presidente dos EUA, ou o Secretário de Estado dos EUA, ou até mesmo o próprio presidente dos Estados Unidos, e realizar conversações diretas com eles.
Ao receber a mensagem, Nixon informou apressadamente à parte chinesa que Henry Kissinger chegaria a Pequim em 9 de julho de 1971 como seu enviado especial.
Em 15 de julho de 1971, Pequim e Washington tornaram público simultaneamente um comunicado conjunto China-EUA.
O comunicado conjunto informava que Zhou Enlai e Henry Kissinger haviam mantido conversações, nas quais Zhou Enlai convidou, em nome da República Popular da China, o presidente dos EUA Richard Nixon, que desejava visitar a China, e que Richard Nixon acolheu o convite com satisfação.
O comunicado chocou o mundo. Não havia precedente de o chefe de um Estado visitar outro país com o qual não tinha relações diplomáticas. Além disso, o presidente dos Estados Unidos, que havia sido extremamente hostil à China, visitaria a China, com a qual não mantinha relações diplomáticas.
Jornais, rádios e agências de notícias do mundo comentaram o propósito da China ao convidar Richard Nixon e o objetivo de Nixon ao visitar a China.
Questionavam por que a China tomou o caminho do compromisso com os Estados Unidos depois de ter estado em conflito com eles devido à ajuda militar estadunidense a Taiwan.
Alguns países socialistas criticaram a China por apertar as mãos dos Estados Unidos, e alguns países capitalistas comentaram que havia uma mudança nas linhas socialistas da China e que a visita do presidente dos EUA à China era como um acontecimento que abalou o mundo.
Tais comentários não eram apenas muito desfavoráveis para a China, como também afetaram a unidade dos países socialistas.
Kim Il Sung compreendeu a fundo a situação política internacional, que havia se tornado complicada devido às diferentes posições sobre todo o processo dos contatos sino-americanos e do comunicado conjunto China-EUA. Em seu discurso histórico no comício de massas dos cidadãos de Pyongyang realizado em 6 de agosto de 1971, para receber Samdech Norodom Sihanouk do Camboja em visita à RPDC, Kim Il Sung afirmou:
Isso significa que a política hostil contra a China, que os imperialistas estadunidenses perseguiram temerariamente durante mais de 20 anos para conter pela “força” as grandes transformações revolucionárias na China, um país com quase um quarto da população mundial, finalmente desmoronou. Significa que os imperialistas estadunidenses sucumbiram enfim à pressão das poderosas forças revolucionárias e anti-imperialistas do mundo. Sua visita não será a marcha de um vencedor, mas a jornada de um derrotado, e reflete plenamente o declínio do imperialismo estadunidense. Esta é uma grande vitória para o povo chinês e uma vitória para os povos revolucionários do mundo.
Logo que o comentário objetivo e científico de Kim Il Sung sobre a visita de Nixon foi transmitido, os jornais, rádios e agências noticiosas do mundo silenciaram.
Nenhum político e nenhum comentarista havia analisado a visita de Nixon como uma visita de um derrotado que viria com bandeira branca após 22 anos de hostilidade.
O discurso de Kim Il Sung em 6 de agosto inverteu a situação de imediato, tornando Mao Zedong o vencedor e Richard Nixon o derrotado.
A motivação de Nixon para visitar a China era superar a crise econômica do seu país.
Existem duas maneiras de superar a crise econômica imperialista: uma é a guerra e a outra é garantir mercado de consumo.
Até então, os Estados Unidos haviam fracassado em assegurar mercado de consumo por meio da guerra. Para obter matérias-primas, combustível e mercado de consumo necessários para manter sua economia, que havia engordado após a Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos travaram guerras de agressão e pilhagem por todo o mundo, incluindo as da Coreia e do Vietnã, das décadas de 1950 a 1970, mas apenas sofreram derrotas repetidas, longe de superar sua crise econômica.
Assim, tentaram superar a crise econômica através do comércio com a China. Julgaram que não havia motivo para que apenas eles passassem fome enquanto Canadá, França, Grã-Bretanha e outros países exploravam o mercado chinês; portanto, deveriam superar a crise econômica através do comércio com a China, que tinha um vasto território, enorme população e ricos recursos.
As relações interestatais consistem principalmente em relações políticas e econômicas, e é comum estabelecer relações políticas por causa das relações econômicas.
Nixon considerava que a crise econômica levaria à crise política e esta traria a falência da estratégia mundial dos EUA. Era por isso que decidiu visitar a China.
Kim Il Sung compreendeu tudo isso e orientou a opinião pública mundial com um comentário político curto, porém refinado, prestando assim uma ajuda decisiva à China e fortalecendo ainda mais a amizade e unidade com ela.
Coexistência pacífica com o imperialismo não é o caminho
No início da década de 1970, potências que tinham mantido relações de contradição irreconciliáveis entre si demonstraram sinais crescentes de aproximação, enquanto defendiam a coexistência pacífica.
China e Estados Unidos iniciaram conversações para normalizar suas relações após a visita de Nixon à China, e a União Soviética e os Estados Unidos começaram negociações para concluir o Tratado ABM.
Influenciados por essas mudanças nas políticas externas da China e da União Soviética, alguns países revelaram tendência de manter boas relações com os imperialistas estadunidenses.
Isso foi evidente até mesmo em alguns países socialistas e países em desenvolvimento.
Enquanto isso, os países capitalistas afirmavam que finalmente havia chegado uma era de "diálogo" e "distensão".
E alguns partidos comunistas e operários nos países capitalistas estavam inclinados a abandonar os princípios revolucionários.
Um partido comunista de um país da Europa Ocidental defendia a "reforma estrutural", destinada a abandonar a revolução, enquanto um partido comunista de um país capitalista na Ásia abandonou a revolução e chegou ao ponto de revisar seu programa. Eles defendiam a coexistência pacífica e nem sequer mencionavam o imperialismo, afirmando que o imperialismo já não existia no mundo.
Ao visitar vários países estrangeiros em maio e junho de 1975, Kim Il Sung incentivou energicamente os países socialistas a realizar suas revoluções a partir do ponto de vista da independência, unidos uns com os outros e na posição anti-imperialista.
Em suas conversações com o presidente romeno e em um discurso em um comício de massas em maio de 1975, Kim Il Sung disse: Nosso princípio de unidade com os países socialistas permanece inalterado. Continuaremos incentivando a unidade, não a divisão. Para evitar o perigo de outra guerra e manter uma paz duradoura e a segurança do mundo, todas as forças anti-imperialistas e amantes da paz, incluindo os países socialistas, devem unir-se firmemente e frustrar os movimentos dos imperialistas para agressão e guerra. A RPDC é o posto avançado oriental do socialismo e uma das frentes onde a luta anti-imperialista é mais feroz. O Partido do Trabalho da Coreia defenderá esta frente com mérito e contribuirá para a realização da causa socialista.
Em um discurso feito em um comício de massas dos cidadãos de Sófia, na Bulgária, em 5 de junho, Kim Il Sung disse: Os imperialistas encontram-se cada vez mais pressionados em casa e no exterior. À medida que sua situação piora, intensificam seus movimentos de agressão e guerra e recorrem a manobras conciliatórias e enganosas na tentativa de encontrar uma solução para seus problemas. Os países socialistas devem continuar com a luta anti-imperialista para conter e frustrar os movimentos imperialistas de agressão e guerra e manter e consolidar a paz mundial, e dar total apoio aos povos da Ásia, África e América Latina em sua luta de libertação contra o imperialismo. Como no passado, assim no futuro, o povo coreano continuará lutando pela paz, democracia, independência nacional e pela causa comum do socialismo em unidade com as forças revolucionárias internacionais.
Em 6 de junho, ele visitou a Iugoslávia e manteve conversações individuais com o Presidente Josip Tito.
Tito disse:
Como o seu é um país independente sem bases militares estrangeiras, ele tem o direito de integrar-se às fileiras dos países não alinhados.
Nas conversações realizadas em 7 de junho entre as delegações dos partidos e governos dos dois países, Kim Il Sung disse que estava feliz por ter a oportunidade de se encontrar com os principais dirigentes da Iugoslávia e manter conversações francas e camaradagens com eles, acrescentando: Nossos dois partidos não têm divergência de opiniões, mas possuem bases firmes sobre as quais podem unir-se, ou seja, o princípio de independência mantido pelos dois partidos. Você usa o termo para se opor à hegemonia enquanto nós usamos o termo para se opor à adoração às grandes potências. Os dois termos diferem apenas na forma de expressão, mas têm o mesmo significado. Quando um homem se entrega a uma atitude servil em relação às grandes potências, ele se torna um tolo; quando uma nação adota essa atitude, o país irá à ruína; e quando um partido adota essa atitude, ele arruinará a revolução e a construção. Cada partido deve ter sua própria ideologia e defendê-la firmemente. Se qualquer partido seguir cegamente a ideologia de outros, isso dará origem ao faccionalismo, que eventualmente levará à sua ruína. É por isso que nosso Partido enfatiza a necessidade de armar todo o povo com a ideologia monolítica do Partido. Um partido pode ser leal ao internacionalismo conduzindo bem a revolução em seu país, e realizar efetivamente a revolução não contradiz o internacionalismo.
Concordando com Kim Il Sung, Tito disse com satisfação que compreendia mais profundamente a verdade de que a independência se manifesta na manutenção da postura e atitude de mestres na revolução e na construção, e que os comunistas podem sair vitoriosos quando lutam pelos interesses do povo de seus países.
Kim Il Sung disse: A unidade no movimento comunista internacional pode ser realizada somente quando prioridade é dada ao princípio de não interferência nos assuntos uns dos outros. Não pode haver partidos superiores ou inferiores entre os partidos irmãos e ninguém gosta de viver subordinado. Todos os problemas podem ser resolvidos apenas quando a independência é mantida.
Em agosto de 1977, dois anos depois, Tito visitou a RPDC com a avançada idade de 85 anos e consolidou as relações amistosas entre os dois países, elogiando Kim Il Sung como um líder destacado do movimento comunista internacional.
3. Viagem de 20 000 km ao Exterior
Em meados de maio de 1984, um trem especial da RPDC percorreu o vasto território da União Soviética.
O trem recebeu calorosas boas-vindas por toda a União Soviética e Europa Oriental. Relatos sobre as conversações bem-sucedidas e acordos firmados em muitos países despertaram admiração no mundo.
A longa viagem ao exterior que Kim Il Sung realizou por mais de 50 dias no trem especial, em meados da década de 1980, trouxe uma nova virada para o desenvolvimento das relações de amizade com a União Soviética e outros países socialistas da Europa Oriental, reforçou as forças socialistas mundiais e inspirou os povos dos países em desenvolvimento com confiança na causa da independência global.
Melhorando a Relação Desfavorável
Insatisfeita com o fato de que a RPDC seguia o caminho da independência, sem obedecer a sua linha, a União Soviética passou a evitar amplamente a RPDC, tornando as relações entre os dois países distantes.
Quando Kim Il Sung visitou a União Soviética em 1961, Khrushchev disse que garantiria que a RPDC pudesse usar a eletricidade gerada pela recém-construída usina hidrelétrica perto do Lago Baikal, caso esta aderisse ao CAEM.
Afirmando que seu país estava muito distante do lago, Kim Il Sung recusou sua proposta e continuou: Vocês dizem que devemos ingressar no CAEM, mas o nível de desenvolvimento econômico dos países socialistas europeus é elevado, enquanto o nosso não é. Quando esses países podem ser comparados a estudantes universitários, meu país pode ser comparado a um aluno do jardim de infância. Então como poderíamos nos igualar a eles no CAEM? Se construirmos o socialismo por nós mesmos, sem a sua assistência, significará aliviar-lhes desse encargo, e isso também é uma expressão de internacionalismo. Nós construiremos o socialismo com nossos próprios esforços, sem aderir ao CAEM. Isso de forma alguma é uma expressão de "nacionalismo".
Em maio de 1984, a delegação do Partido e do governo da RPDC, liderada por Kim Il Sung, passou por diversos lugares como Chita, Ulan Ude, Krasnoyarsk, Novosibirsk e Omsk ao longo da Ferrovia Transiberiana. Por onde passou, foi recebida calorosamente pelos cidadãos locais, que saíam às ruas com os slogans “Calorosas boas-vindas à delegação do Partido e do Estado da RPDC, liderada pelo camarada Kim Il Sung!” e foi saudada por altos funcionários dos oblasts e cidades. As bandeiras dos dois países tremulavam nas estações ferroviárias.
Em 23 de maio de 1984, quando o trem especial chegou à Estação Yaroslavl, em Moscou, realizou-se uma grandiosa cerimônia de boas-vindas com a presença de altos funcionários do Partido e do Governo da União Soviética.
Um grande número de cidadãos de Moscou o saudou calorosamente na praça da estação ferroviária e nas ruas, segurando retratos de Kim Il Sung e acenando com buquês e bandeiras dos dois países.
Kim Il Sung foi recebido por Konstantin Chernenko, secretário-geral do Comitê Central do Partido Comunista da União Soviética, no Kremlin.
A mídia de diferentes países destacava sua visita como notícia especial todos os dias.
Um jornal publicou um artigo afirmando: “A recepção da União Soviética ao presidente Kim Il Sung demonstrou o mais alto nível de boas-vindas a um chefe de Estado estrangeiro. A recepção por sua liderança foi sem precedentes.”
Alguns informaram que seria uma nova ocasião histórica para fortalecer a amizade e a solidariedade entre os dois países, enquanto outros tramaram para afastar a RPDC de outros países. Ainda outros publicaram artigos afirmando que a RPDC pediria ajuda militar à União Soviética.
Naquele momento, a União Soviética estava reforçando suas forças nucleares e modernizando o armamento militar de suas unidades estacionadas nos países da Europa Oriental em resposta ao desdobramento de mísseis nucleares de alcance intermediário pelos Estados Unidos nos países da Europa Ocidental. Alguns países falaram mal da União Soviética, descrevendo suas ações como perseguição à hegemonia.
Afirmando que o principal no desenvolvimento das relações RPDC-União Soviética era se os dois países lutariam ou não contra os imperialistas estadunidenses, Kim Il Sung apoiou a União Soviética em suas contramedidas.
O lado soviético ficou muito satisfeito. Durante conversações individuais com Kim Il Sung, Chernenko prometeu que, se o líder da RPDC enviasse um enviado especial ou uma delegação à União Soviética no futuro, ele os receberia pessoalmente, por mais ocupado que estivesse.
Em sua Visita aos Países da Europa Oriental
Kim Il Sung prosseguiu suas visitas ao exterior, recebendo calorosas boas-vindas em todos os seus destinos — Berlim Oriental, Frankfurt e Dresden na Alemanha Oriental, Sófia na Bulgária, onde uma apresentação de música e dança foi realizada em sua homenagem, Hungria, Tchecoslováquia, Polônia, Iugoslávia e Romênia.
Em 1º de junho, manteve conversações individuais com Erich Honecker, secretário-geral do Partido Socialista Unificado da Alemanha, e discutiu sobre o desenvolvimento das relações de amizade e cooperação entre os dois países e partidos, bem como outras questões de interesse mútuo.
Nas conversações, Honecker expressou sua vontade de lutar pela unidade e coesão dos países socialistas.
János Kádár, da Hungria, e Gustáv Husák, da Tchecoslováquia, também receberam calorosamente Kim Il Sung e discutiram problemas surgidos na construção socialista.
Os dois países, como membros do CAEM, enfrentavam dificuldades em sua construção econômica. A visita do líder da RPDC, que não aderiu ao CAEM, mas levava adiante invariavelmente a construção econômica socialista com sua própria economia nacional independente, poderia servir como uma oportunidade de ouro para esses líderes aprenderem com as experiências da RPDC.
Kim Il Sung lhes disse que, embora seu país não tivesse aderido ao CAEM, pôde avançar com seus próprios esforços porque havia construído por si mesmo uma economia nacional independente, apertando os cintos. Continuou dizendo que o PTC analisava e abordava todos os problemas surgidos em cada período por si mesmo, citando alguns exemplos.
Durante sua visita, Kim Il Sung concluiu tratados de amizade e cooperação com a Alemanha Oriental e a Bulgária.
Foi o primeiro a causar tamanha sensação nos países que visitou, cruzando o vasto continente e desfrutando de tão unânime respeito por parte dos chefes de Estado do campo socialista.
Segundo opiniões públicas sobre sua visita à União Soviética e aos países socialistas da Europa Oriental, altos funcionários dos Estados Unidos se perguntaram por que o líder coreano havia sido recebido tão calorosamente na União Soviética e em outros países socialistas da Europa Oriental.
Olhando para trás, os países socialistas da Europa Oriental nunca haviam mobilizado seus povos para receber um chefe de Estado estrangeiro nas ruas. A União Soviética não era exceção.
Mas, sem se prender às convenções, concederam a Kim Il Sung uma recepção tão grandiosa e calorosa.
4. Pela Unidade e Cooperação
Após a Conferência de Bandung em meados da década de 1950, os países em desenvolvimento emergiram como uma força política distinta na arena política internacional.
Kim Il Sung realizou atividades externas para fortalecê-la como uma força independente e anti-imperialista que não poderia ser ignorada na arena internacional.
Em 6 de maio de 1969, quando se encontrou com Salvador Allende, presidente do Senado do Chile, disse:
Esta não é uma era em que as questões internacionais são decididas por algumas potências. Tal era já passou. O destino do imperialismo será decidido pela luta revolucionária dos povos do mundo.
Em maio de 1975, quando visitava a Romênia, ele novamente esclareceu a posição dos países em desenvolvimento na Ásia, África e América Latina.
Em 24 de maio, realizou-se em Bucareste um comício de amizade Romênia-RPDC no Palácio do Soviete Estatal. No discurso que proferiu no comício, Kim Il Sung disse:
Os países socialistas, ao lutar contra o imperialismo e pela causa comum do socialismo, devem prestar apoio e incentivo positivos aos povos da Ásia, África, América Latina e outros povos do mundo, que se opõem ao imperialismo, em sua luta de libertação. Se os povos dos países socialistas, dos países asiáticos, africanos e latino-americanos e todos os demais povos amantes da paz do mundo, estejam eles em países grandes ou pequenos, lutarem em firme unidade, poderão apressar a vitória final em sua luta pela paz, pela democracia, pela independência nacional e pela causa comum do socialismo.
Seu discurso causou grande entusiasmo entre os líderes e povos dos países em desenvolvimento.
Parecia como se um corredor rumo a Pyongyang tivesse sido construído na década de 1960; líderes dos países em desenvolvimento acorreram a ele.
Dos anos 1960 ao início da década de 1990, Kim Il Sung os recebeu, explicando-lhes a Ideia Juche e respondendo às suas perguntas sobre a construção de uma nova sociedade.
Os líderes expressaram sua reverência ao líder da RPDC por considerar seus países como aliados da força socialista e por ajudá-los a fortalecer seus países como uma força independente e anti-imperialista impulsionando o desenvolvimento da humanidade progressista.
Com a Convivência Pacífica, Amizade e Cooperação como Base
Em 18 de abril de 1955, a Conferência Ásia-África, com a participação de delegados de 29 países, foi aberta no Palácio da Independência em Bandung, Indonésia.
No discurso de abertura, intitulado "Nascimento de uma Nova Ásia e África", o presidente Sukarno da Indonésia disse: Esta é a primeira conferência das raças de cor depois do início da história humana e o ponto de partida da história mundial. O colonialismo ainda não morreu, e ele deve ser eliminado sem falta. Para isso, nós, povos asiáticos e africanos, devemos nos unir.
Frustrando os movimentos obstrutivos dos Estados Unidos e seus seguidores, em 24 de abril a conferência aprovou por unanimidade seus dez princípios e os tornou públicos por meio de um comunicado conjunto. A conferência confirmou que a observância dos princípios, que constituíam a base da convivência pacífica, da amizade e da cooperação entre os países, contribuiria positivamente para manter e promover a paz e a segurança globais.
Foi a Indonésia que desempenhou um papel ativo na organização da conferência, que serviu como ocasião para os países asiáticos e africanos emergirem na arena política internacional como uma força política independente.
Os Estados Unidos, que desde o início estavam insatisfeitos com a conferência, colocaram-se em seu caminho, alegando que não poderia ser chamada de “evento importante” e que “nenhum acordo seria produzido”.
Em resposta resoluta à propaganda ocidental, a Indonésia organizou e sediou a conferência em curto período.
Acompanhando com vivo interesse a tendência do país rumo à independência anti-imperialista, em 23 de novembro de 1958, durante sua visita à China, Kim Il Sung encontrou-se com o embaixador indonésio na China, que foi visitá-lo em sua hospedagem.
O embaixador indonésio disse a Kim Il Sung que seu país desejava estabelecer relações diplomáticas com a RPDC o mais rápido possível.
Kim Il Sung respondeu: Nós também desejamos estabelecer relações diplomáticas com a Indonésia. Ambos os países podem se compreender, então é melhor esperarmos até que chegue o momento certo. O importante é que os países em desenvolvimento devem unir-se uns com os outros.
Em 16 de abril de 1964, os dois países estabeleceram relações diplomáticas.
E em 1º de novembro do mesmo ano, o presidente Sukarno da Indonésia visitou a RPDC.
Após recebê-lo no aeroporto, Kim Il Sung manteve conversações com ele no edifício do Comitê Central do PTC.
Nas conversações, disse: Consideramos que a Segunda Cúpula dos Países Não Alinhados foi bem-sucedida. Foi bastante progressista. Sua Excelência, presidente Sukarno, fez um excelente discurso na cúpula. Falou muito bem sobre anti-imperialismo e anticolonialismo.
Agradecendo o elogio, Sukarno disse: Mas jornais dos países imperialistas publicaram artigos me difamando.
Com um largo sorriso, Kim Il Sung respondeu: Se os imperialistas estão felizes com uma reunião, a reunião não é boa. Se uma reunião desagrada aos imperialistas, então é uma boa reunião.
Com brilho no rosto, Sukarno disse que as palavras do Primeiro-Ministro Kim Il Sung eram como uma filosofia que ele ensinaria ao seu povo, e agradeceu-lhe profundamente pelas excelentes observações.
Explicando que a Ganefo eram jogos esportivos dos países em desenvolvimento e que a Conefo era uma conferência dos países em desenvolvimento, disse a Kim Il Sung que a Conefo estava planejada para ser realizada na Indonésia em 1965. Então disse: Espero que participe da reunião.
Aceitando prontamente seu convite, Kim Il Sung disse que tal reunião, se organizada, seria muito benéfica, e apoiou seu esforço para sediá-la.
Em abril de 1965, Kim Il Sung visitou a Indonésia.
Em 10 de abril, realizou-se uma cerimônia de boas-vindas a Kim Il Sung por sua chegada ao Aeroporto de Jacarta. Na cerimônia, Sukarno disse: Depois de saber que Sua Excelência, Primeiro-Ministro Kim Il Sung, visitaria meu país, esperei com alegria o dia de sua chegada. Hoje, o senhor finalmente veio ao meu país, e meu coração transborda de grande emoção. Todos os 105 milhões de indonésios o recebem. Durante sua estadia em meu país, o senhor sentirá o quanto meu povo deseja ardentemente fortalecer a amizade com o povo coreano. Mais uma vez, dou-lhe as boas-vindas à Indonésia.
No discurso de resposta, Kim Il Sung disse: Sua visita ao meu país no outono passado deixou uma impressão inesquecível na mente do povo coreano, pois contribuiu historicamente para o desenvolvimento das relações amistosas entre os povos de nossos dois países. Estou convencido de que nossa atual visita será proveitosa ao esforço de melhorar ainda mais as relações de amizade e cooperação entre os povos de nossos dois países e, além disso, de consolidar a solidariedade entre os povos da Ásia, África e América Latina com base no espírito da Conferência de Bandung.
Ao conferir a Kim Il Sung a Ordem da República da Indonésia de Primeira Classe, a mais alta condecoração de seu país, Sukarno disse: Sua Excelência, Primeiro-Ministro Kim Il Sung, o senhor é amigo do povo indonésio, da República da Indonésia, bem como meu amigo. Por favor, receba esta ordem como símbolo da eterna amizade entre os povos de nossos dois países e como gratidão do povo indonésio ao povo coreano.
No discurso que proferiu no banquete oferecido por Sukarno no Palácio do Estado, Kim Il Sung assinalou os êxitos alcançados pela República da Indonésia no campo da política externa, e continuou: A Indonésia é copatrocinadora da Conferência de Bandung. O presidente Sukarno e o governo indonésio prestaram contribuição notável para fortalecer a unidade dos povos da Ásia, África e América Latina com base no espírito da Conferência de Bandung. Penso que as próximas atividades a serem realizadas em celebração ao décimo aniversário da Conferência de Bandung, organizadas pelo governo indonésio, prestarão nova contribuição à aplicação e ao maior desenvolvimento do espírito da conferência. Os imperialistas desafiaram a Indonésia chegando a envolver até a ONU, mas a República da Indonésia retirou-se da ONU, desferindo um golpe resoluto contra eles. Expresso total apoio e solidariedade a esta justa luta.
Sukarno sentiu-se encorajado.
Em Bandung, realizou-se a Terceira Sessão da Assembleia Consultiva Popular Provisória da Indonésia. Kim Il Sung participou da reunião como observador.
No discurso de política apresentado na reunião, Sukarno citou Kim Il Sung dizendo que um país independente não pode ser construído sem uma economia autossustentada, e continuou: O povo coreano não está subordinado a nenhuma força política ou economicamente, pois construiu uma forte economia nacional autossustentada sob a sábia liderança do Primeiro-Ministro Kim Il Sung. A Indonésia também deve construir uma economia autossustentada no espírito de autoconfiança como a Coreia. A presença do Primeiro-Ministro Kim Il Sung nesta reunião servirá de grande estímulo ao povo indonésio que deseja construir uma economia autossustentada.
Mais tarde, apontando para uma estátua de bronze no jardim do Palácio de Bogor, disse a Kim Il Sung que havia erguido aquela “Estátua de Chollima” por amar a Coreia.
Em 14 de abril, ao encontrar-se com o pessoal dirigente da Indonésia na casa de hóspedes do Palácio Presidencial, Kim Il Sung lhes disse: A Indonésia é um país rico; há muitas árvores frutíferas; o paisagismo é excelente; as casas têm boa aparência; o povo está bem vestido, e fizeram muitas coisas, como irrigação. O país tem uma ampla área de terras. O presidente Sukarno disse que não haveria problema mesmo que o número total da população chegasse a 200 milhões ou 250 milhões. Sim, vocês têm o que comer, têm recursos marinhos, e ainda não pesquisaram todos os recursos subterrâneos. A Indonésia deve seguir o caminho de alcançar a autossuficiência econômica.
Tendo ouvido o que o senhor disse, afirmaram os dirigentes indonésios, sentimos mais confiança de que nosso país pode alcançar a autossuficiência econômica.
Em 15 de abril, de acordo com resolução conjunta do governo da Indonésia e do comitê de deliberação de graus e títulos acadêmicos da Universidade da Indonésia, realizou-se uma cerimônia de outorgamento do título de doutor honorário em engenharia a Kim Il Sung.
Na cerimônia, Kim Il Sung disse: Hoje fui agraciado com o título de doutor honorário após receber a mais alta condecoração da República da Indonésia há alguns dias. Isso é uma expressão do sentimento amistoso do povo indonésio para com o povo coreano. O presidente Sukarno apelou a seu povo para lutar a fim de construir uma nova Indonésia com seus próprios esforços. Ele está com toda a razão, e seu apelo é muito significativo para o desenvolvimento futuro do país. A autoconfiança é um dos princípios básicos a ser mantido sem falta na luta revolucionária e no trabalho de construção. As nações oprimidas podem conquistar sua genuína liberdade e independência somente através de sua própria luta, e os países libertados do jugo colonial podem consolidar sua independência política e alcançar prosperidade nacional somente quando seguem o caminho de construir uma economia nacional independente com base no princípio da autoconfiança.
Em 18 de abril, Kim Il Sung encontrou-se em sua hospedagem com o primeiro vice-primeiro-ministro e ministro das Relações Exteriores da Indonésia.
O visitante indonésio disse que temia ficar para trás dos tempos caso não visitasse a RPDC o mais rápido possível, visse sua realidade e aprendesse com sua experiência.
Kim Il Sung lhe disse: Por favor, venha. O futuro é nosso. A Ásia e a África são uma nova força. Para construir uma nova sociedade, é preciso realizar as revoluções ideológica, tecnológica e cultural. Depois de conquistar a independência política, é necessário também conquistar a independência econômica.
Em 20 de abril, quando se encontrou com Kim Il Sung, Sukarno disse: Digo ao meu povo para respeitar e reverenciar Vossa Excelência, o Primeiro-Ministro Kim Il Sung, e aprender com o modelo da Coreia. Digo-lhe que os dirigentes devem sempre manter seus olhos e ouvidos abertos. Isso significa que eles devem aprender com o que veem e ouvem. Vi e aprendi muito com sua ajuda.
Kim Il Sung disse: Em vez de falar sobre aprender, avancemos de mãos dadas.
Em abril de 1965, foram realizadas em Bandung as cerimônias em celebração ao décimo aniversário da Conferência de Bandung. Compareceram chefes de Estado e de governo e delegados de 38 países asiáticos e africanos.
Durante sua estadia na Indonésia, Kim Il Sung participou das celebrações e realizou atividades diplomáticas, trazendo um novo impulso às relações da RPDC com os países em desenvolvimento da Ásia e da África.
No dia 15 de abril, ele foi ao aeroporto e recebeu Samdech Norodom Sihanouk do Camboja, que vinha participar das celebrações.
Na manhã seguinte, Sihanouk visitou Kim Il Sung em sua hospedagem antes de qualquer outra pessoa. Os líderes dos dois países mantiveram conversações em uma atmosfera amigável.
Nas conversações, o líder cambojano disse que visitaria Pyongyang no próximo mês de outubro e agradeceu ao dirigente da RPDC por enviar presentes (tornos mecânicos) à sua juventude.
O líder da RPDC disse que acolheria bem sua visita e afirmou que os presentes eram poucos, acrescentando que, embora seu país não fosse avançado em tecnologia mecânica, enviaria mais se o Camboja precisasse.
Sihanouk disse que, mesmo que seu país não pudesse acompanhar o ritmo da RPDC, seguiria o caminho que a RPDC havia escolhido para si.
Kim Il Sung respondeu: Por favor, não fale sobre quem segue quem. Avancemos de mãos dadas. Avancemos juntos, ajudando-nos e aprendendo uns com os outros, de modo que obtenhamos de vocês o que nos falta e vocês obtenham de nós o que lhes falta, e que aprendamos de vocês o que ignoramos e vocês aprendam de nós o que ignoram. É necessário que os países asiáticos recém-emergentes se desenvolvam rapidamente cooperando entre si. Isso é ainda mais importante para os países pequenos.
Norodom Sihanouk ficou tão comovido que agradeceu profundamente a Kim Il Sung. Este é o início da amizade entre Kim Il Sung e Sihanouk.
No dia 16 de abril, Kim Il Sung encontrou-se com o primeiro-ministro Pham Van Dong da República Democrática do Vietnã durante as celebrações do décimo aniversário da Conferência de Bandung.
Como o primeiro-ministro vietnamita pediu sua ajuda para adotar uma declaração conjunta dos países asiáticos e africanos sobre a questão vietnamita, Kim Il Sung disse-lhe que a declaração deveria enfatizar que as tropas dos EUA deveriam se retirar do Vietnã do Sul e que a questão vietnamita deveria ser resolvida pelo próprio povo vietnamita.
No dia seguinte, Kim Il Sung encontrou novamente o primeiro-ministro vietnamita e analisou a complicada situação no Vietnã, que lutava contra os imperialistas estadunidenses.
O primeiro-ministro vietnamita disse que estava se perguntando o que fazer ao ouvir os meios de comunicação estrangeiros relatarem que a ajuda militar da União Soviética era falsa e tinha um motivo oculto.
Kim Il Sung disse: Meu país enviará ao Vietnã, que luta contra o imperialismo estadunidense, todo o apoio sem hesitação. É melhor aceitarem a ajuda soviética.
Pham Van Dong disse que transmitiria a posição de princípio do líder da RPDC aos membros de sua liderança.
Depois disso, Kim Il Sung enviou pilotos do Exército Popular da Coreia ao Vietnã para ajudar o povo vietnamita.
No dia 17 de abril, Kim Il Sung encontrou-se com o presidente do Comitê Central do Partido Comunista da Indonésia na embaixada da RPDC em Jacarta, e explicou a posição de princípio do Partido do Trabalho da Coreia sobre as divergências dentro do movimento comunista internacional, a linha original e independente que o PTC mantinha na luta contra todo tipo de oportunismo “esquerdista” e direitista, incluindo o revisionismo e o dogmatismo, e as questões de princípio que surgiam na revolução e na construção.
No dia 18 de abril, Kim Il Sung encontrou-se com Souphanouvong, presidente do Comitê Central da Frente Patriótica do Laos, que lhe fez uma visita de cortesia e disse: Apoiamos absolutamente a luta patriótica do povo laosiano; a vitória está definitivamente do lado do povo laosiano. Se precisarem de nossa assistência, não pouparemos nada em nosso apoio à luta de seu povo, assim como fizemos no passado.
Souphanouvong agradeceu-lhe e disse que suas dificuldades não eram nada em comparação com as que o povo coreano havia enfrentado ao lutar contra os imperialistas estadunidenses durante a Guerra da Coreia.
Kim Il Sung disse: A Guerra de Libertação da Pátria foi devastadora. Os imperialistas estadunidenses tentaram eliminar nosso país da face da Terra, mas não conseguiram fazê-lo nem desencorajar nosso povo. A reconstrução pós-guerra foi difícil desde o início. Apenas três edifícios permaneceram intactos em Pyongyang. O país foi totalmente arrasado, mas nós o reconstruímos de forma mais bela do que era no passado. É claro que recebemos assistência internacional, mas o mais importante foi que nosso povo foi forte. Permaneceremos fiéis à nossa obrigação internacional. Espero que transmita minhas cordiais saudações aos dirigentes e ao povo do Laos.
Nesse mesmo dia, Kim Il Sung encontrou-se com o vice-presidente da República Árabe Unida e disse: Apoiamos sua política de oposição aos agressores israelenses. Espero que os dirigentes da República Árabe Unida visitem nosso país. Sua visita apoiaria e encorajaria os países em desenvolvimento em sua luta pela liberdade e independência. Como somos camaradas de armas, confiamos em vocês e vocês podem confiar plenamente em nós.
O vice-presidente disse que transmitiria as palavras de Kim Il Sung ao Presidente Gamal Abdel Nasser sem falta, e que faria esforços positivos pelo desenvolvimento das relações de amizade entre a RPDC e a República Árabe Unida.
Anteriormente, a caminho da Indonésia, Kim Il Sung fez escala em Yangon, capital de Mianmar, e encontrou-se com San Yu, secretário-geral do Partido do Programa Socialista da Birmânia, com o ministro das Relações Exteriores e outros altos funcionários.
Ele disse ao secretário-geral: Espero que visite meu país. A troca de visitas estreitaria as nossas relações, e poderíamos nos conhecer melhor, trocar experiências e aprender uns com os outros. Poderia fazer uma visita não oficial se uma visita oficial fosse inconveniente. Nossos dois povos foram oprimidos no passado. Nossos dois países não são potências e não somos arrogantes com outros. Podemos nos desenvolver rapidamente por meio de visitas mútuas e aprendendo uns com os outros.
Quando se encontrou com o ministro das Relações Exteriores de Mianmar, este demonstrou inveja pelo fato de a RPDC ter se tornado um país desenvolvido que construía máquinas modernas, incluindo tratores e máquinas diversas.
Kim Il Sung disse: No passado, havia um temor diante da tecnologia. Muitos asiáticos pensavam que os países capazes de fabricar máquinas eram apenas os países capitalistas europeus e o Japão. Lutamos contra o misticismo das máquinas. O povo de Mianmar também pode fabricá-las quando estiver determinado a isso.
Em 20 de abril, após sua visita à Indonésia, Kim Il Sung visitou novamente Mianmar e encontrou-se com Ne Win, presidente do Conselho Revolucionário de Mianmar.
Nas conversações, elogiando os grandes êxitos alcançados pelo povo de Mianmar em sua construção estatal, ele disse: É bom que tenham realizado reformas sociais e estejam lutando para construir as bases de uma economia nacional. Esse é o caminho para desenvolver a economia. Visitei seu país não para discutir qualquer problema político, mas para conhecê-los, compartilhar experiências na construção da economia nacional e promover o apoio mútuo e as relações amistosas. Cada país conhece melhor os problemas que enfrenta e é capaz de resolvê-los. O que vocês estão fazendo é totalmente progressista. Meu país esteve sob dominação colonial por muito tempo e, portanto, é atrasado. Está na mesma situação que Mianmar. Sem a economia nacional, não podemos falar de independência política. Meu país está empenhado em construir uma economia nacional e concentrando seus esforços nisso. Mianmar pode lançar bases sólidas para sua economia nacional, pois é um país comparativamente grande e rico em recursos naturais.
Durante sua visita à Indonésia, Kim Il Sung estabeleceu relações amistosas com mais de dez países.
Ajudando e aprendendo uns com os outros
Desde a visita de Kim Il Sung à Indonésia, em abril de 1965, o número de dirigentes e delegações dos países em desenvolvimento visitando Pyongyang aumentou visivelmente. Entre 1966 e 1970, uma delegação parlamentar da Somália, uma delegação governamental da Guiné, a delegação da Assembleia Nacional do Camboja, o presidente da República Islâmica da Mauritânia, o primeiro-ministro da República Popular da Albânia, o presidente do Senado do Chile, o presidente do Iêmen do Sul, uma delegação governamental do Congo, a delegação da Assembleia Popular da Bulgária, a delegação do Grande Hural Popular da Mongólia, uma delegação do Sejm da Polônia, a delegação da Grande Assembleia Nacional e do Conselho de Estado da Romênia e uma delegação parlamentar do Sri Lanka visitaram Pyongyang e encontraram-se com Kim Il Sung.
A respeito disso, a mídia mundial informou que uma grande mudança havia ocorrido na visão mundial sobre a RPDC na segunda metade da década de 1960.
O fato era que a linha de independência seguida pelo Partido do Trabalho da Coreia e pelo Governo da RPDC, baseada na Ideia Juche, atraiu a atenção de dirigentes de muitos países ao redor do mundo.
Agora, eles começaram a encontrar na Ideia Juche a teoria de luta e o caminho para o socialismo, e a respeitar e seguir Kim Il Sung, que havia concebido a ideia e construído o socialismo do Juche.
Quando recebeu uma delegação militar da RPDC em seu país, o Presidente egípcio Anwar Sadat disse: Seu país tem experiência de derrotar os Estados Unidos, bem como de lutar contra os japoneses por um longo tempo. Vamos aprender com essas experiências. Se enviarmos muitas delegações militares ao seu país, por favor, ensinem-lhes as boas experiências do Exército Popular da Coreia.
E, a uma delegação da RPDC, o presidente da Tanzânia disse: Não queremos nada da RPDC, mas gostaríamos de aprender com suas experiências na política educacional, política de segurança e construção do exército.
O Vietnã disse que a RPDC tinha mais experiências na construção de fábricas da indústria regional e na construção do socialismo do que ele, propondo enviar secretários do Partido de nove províncias para aprender com as experiências da RPDC na construção da indústria regional e do socialismo.
Tornou-se uma tendência que pessoas de países em luta pela libertação nacional, países recém-independentes e até mesmo países socialistas visitassem a RPDC.
Kim Il Sung encontrava-se com os chefes de Estado estrangeiros que visitavam o país e os incentivava a seguir o caminho da independência.
Em suas conversações em março de 1974 com Houari Boumedienne, presidente do Conselho da Revolução e presidente do Conselho de Ministros da República Democrática e Popular da Argélia, que havia visitado a RPDC, Kim Il Sung disse: Autossuficiência significa que se vive por conta própria, sem depender de outros. Algumas pessoas pensam que, como buscamos ser autoconfiantes, produzimos tudo sozinhos. O meu é um país pequeno, por isso não pode produzir sozinho tudo de que precisa. Compramos tecnologia e fábricas de outros países, e isso não contradiz a linha da autossuficiência e a ideia Juche.
Boumedienne disse: O senhor é grandioso porque nunca fez concessões aos imperialistas. O mundo o admira por ter apresentado suas próprias linhas e por nunca ter vacilado.
Em maio do mesmo ano, Kim Il Sung encontrou-se com o Presidente Leopold Senghor do Senegal, que visitou a RPDC.
O Presidente Senghor disse: Vamos aprender com a RPDC. Ela avança rumo ao socialismo e o desenvolve de maneira criativa. Procurei encontrar algo de referência para a construção do Estado nos livros de alguns países socialistas, mas em vão. Só o encontrei nos livros da RPDC. A RPDC é um farol para os países em desenvolvimento; é o único país do qual devemos aprender.
Quando se encontrou com o Presidente Hafez Assad da Síria em setembro de 1974, Kim Il Sung disse que havia mais de 80 países não alinhados e que seu país pretendia juntar-se a eles.
Assad disse que era uma excelente ideia, e que a adesão da RPDC seria aprovada por unanimidade, pois muitos países agora estavam buscando aprender com as ideias do Presidente Kim Il Sung.
Kim Il Sung disse-lhe: Ajudamos vocês durante a guerra em outubro do ano passado. Um amigo na necessidade é um amigo de verdade. Um amigo feito bebendo não é um amigo de fato.
Assad respondeu: Respeito você, Presidente Kim Il Sung, principalmente porque você prestou uma grande ajuda à Síria quando ela estava em sua maior dificuldade. No caminho para o seu país, parei em um país e pedi algumas armas, mas ele recusou. Você disse que, sem realizar a industrialização, é impossível alcançar a independência política, e você está absolutamente certo. Ao visitar o seu país, fiquei ainda mais convencido de que o meu país deve realizar a industrialização.
Em abril e maio de 1978, muitos chefes de Estado de países estrangeiros visitaram a RPDC para ver com seus próprios olhos os sucessos que o povo coreano alcançou na construção socialista ao longo dos últimos anos sob a bandeira da Ideia Juche e aprender com suas experiências.
Tudo isso trouxe uma grande mudança nas relações externas da RPDC no início da década de 1970.
Quase todos os chefes de Estado dos países africanos visitaram a RPDC para buscar as opiniões de Kim Il Sung sobre a construção de uma nova sociedade.
O presidente Samora Machel, de Moçambique, visitou o país várias vezes entre 1971 e 1984. Uma vez, quando Kim Il Sung lhe pediu que aprendessem uns com os outros e avançassem de mãos dadas, ele ficou tão comovido que disse que o respeitaria como respeitaria seu próprio irmão mais velho.
Em outubro de 1967 e setembro de 1974, o presidente Moktar Daddah, da República Islâmica da Mauritânia, visitou a RPDC. Kim Il Sung foi ao aeroporto recebê-lo e o acompanhou a vários lugares, contando-lhe experiências em diversos campos.
Para discutir os caminhos para realizar a independência e a cooperação globais, Kim Il Sung visitou a Argélia e a Mauritânia em maio de 1975.
Durante sua visita a esses países, ele enfatizou, em conversas individuais e ampliadas com seus líderes, bem como em discursos feitos em banquetes e comícios de massa, que os povos dos países em desenvolvimento tornaram-se os mestres do mundo e impulsionavam vigorosamente o avanço em direção a um novo mundo livre da exploração e da opressão sob a bandeira da independência anti-imperialista; que eles eram grandes aliados do povo coreano; e que ele se tornara confiante, pela sua própria experiência, de que até mesmo um país atrasado poderia construir uma nova sociedade próspera em um curto espaço de tempo se mantivesse sua independência e lutasse corajosamente com o espírito de autoconfiança.
Em 28 de maio, no comício de massa realizado em Argel para receber a delegação do Partido e do Governo da RPDC, Kim Il Sung disse: Hoje, os povos dos países em desenvolvimento tornaram-se uma grande força motriz da história humana. O fato de esses países terem surgido na arena mundial como forças políticas independentes e grandes forças revolucionárias anti-imperialistas de nossa era anuncia o início de uma nova era gloriosa na história dos povos da Ásia, da África e da América Latina, que no passado estiveram sob exploração e opressão. Se os países em desenvolvimento se unirem firmemente no campo político e fortalecerem a cooperação econômica e técnica com base no princípio do benefício mútuo, poderão alcançar prosperidade comum, realizando a autossuficiência econômica sem a assistência das grandes potências. Quando os povos dos países em desenvolvimento, que representam a maior parte da população e do território do mundo, formarem uma ampla frente unida e lutarem resolutamente, poderão exercer uma influência decisiva sobre o desenvolvimento da situação internacional como um todo.
Esse discurso provocou uma grande repercussão na Argélia e em outros países africanos; agências de notícias, emissoras de rádio e jornais divulgaram o discurso na íntegra, comentando que se tratava de um grandioso programa político que indicava o caminho que os países em desenvolvimento, incluindo os países africanos, deveriam seguir.
Na segunda conversa individual com Boumediene, em 29 de maio, Kim Il Sung contou-lhe sobre sua experiência na construção de uma nova sociedade, dizendo que os argelinos deveriam realizar a revolução de seu país com a atitude de mestres, pois conheciam a questão argelina melhor do que ninguém. E sugeriu compartilhar opiniões sobre uma forma mais eficaz de mobilizar o movimento dos não alinhados para a unidade dos países em desenvolvimento, além de mencionar a questão da adesão da RPDC às fileiras dos Estados não alinhados.
Boumediene disse: Acho que você é um líder que poderia desempenhar um grande papel no movimento dos não alinhados. Você conquistou a independência nacional graças à autoconfiança e mantém a independência sem vacilar diante da complexa situação internacional.
Kim Il Sung chegou à Mauritânia em 30 de maio. Quando se encontrou com o presidente Moktar Daddah, disse: Há duas prioridades na Mauritânia. A primeira é resolver o problema da água, já que quase todo o seu território é coberto por deserto. A segunda é construir um porto para permitir a atracação de navios. Então, tudo será resolvido facilmente. Se o senhor, presidente, amar seu povo e seu povo o seguir, tudo correrá bem. Esses são os fatores decisivos para resolver os problemas. A autossuficiência econômica tem grande importância na consolidação da independência política. Segundo minha experiência, o que é importante para alcançar a autossuficiência econômica é construir a própria indústria. A Mauritânia poderia prosperar se construísse sua própria indústria e um porto.
O presidente mauritano disse: Suas palavras são realmente inspiradoras. Construiremos uma nova sociedade com esperança e convicção, como o senhor disse.
As palavras de Kim Il Sung ajudaram os líderes dos países em desenvolvimento da Ásia e da África a compreenderem a grande verdade de que a independência é o sangue vital de um país e de uma nação.
Tanto em 1993 quanto em 1994, Kim Il Sung recebeu uma delegação parlamentar da Tailândia, o presidente da Palestina, uma delegação do Congresso Nacional do Povo da China, uma delegação do Partido do Trabalho da Bélgica e outras delegações, expressando suas opiniões sobre como alcançar a paz e a independência mundiais.
Os feitos imortais que Kim Il Sung realizou ao se encontrar com figuras de diferentes países do mundo e incutir nelas confiança e coragem para seguir o caminho da independência até os últimos dias de sua vida ainda inspiram a humanidade progressista a completar a causa da independência global.
5. Percebendo a Tendência da Era
O início do novo milênio testemunhou uma rápida mudança nas relações entre a RPDC e os países da Europa Ocidental.
A Itália estabeleceu relações diplomáticas com a RPDC em 4 de janeiro de 2000, e quase todos os países ocidentais, incluindo o Reino Unido, a Espanha, a Alemanha, a Bélgica, os Países Baixos e o Canadá, seguiram o exemplo em um ou dois anos.
Foi um acontecimento notável o fato de os países ocidentais, que vinham seguindo a linha dos Estados Unidos na arena internacional, terem estabelecido relações diplomáticas com a RPDC.
Mas isso não foi o resultado da iniciativa de um único país nem de um fator externo.
Por trás disso estavam os feitos de Kim Il Sung, que percebeu a tendência da situação política nos países capitalistas europeus já na década de 1970 e fez com que a RPDC desenvolvesse relações com os influentes partidos socialistas desses países.
Ao entrar na década de 1970, a tendência da situação política nos países capitalistas europeus começou a mudar.
Os partidos socialistas ganharam força nesses países, exercendo crescente influência política. Entre os partidos comunistas dos países europeus, apenas os da França e da Itália tinham jornais populares, mas muitos partidos socialistas também possuíam seus próprios órgãos de considerável circulação e uma base de massas sólida. O que era digno de nota é que eles defendiam a independência.
Por outro lado, os partidos comunistas de alguns países socialistas não tratavam esses partidos socialistas adequadamente, pois achavam que, se mantivessem relações diplomáticas com esses partidos burgueses, sua reputação seria manchada. Convidavam os líderes desses partidos socialistas não em nome de seus partidos, mas em nome de organizações de amizade, e seus altos funcionários nem sequer se encontravam com suas delegações. Esses partidos socialistas não ficavam satisfeitos com isso e não demonstravam vontade de aceitar seus convites.
No entanto, Kim Il Sung sustentava que, embora os partidos socialistas dos países capitalistas fossem diferentes dos partidos da classe trabalhadora em caráter, deveriam ser tratados em pé de igualdade diplomática, pois os partidos comunistas e socialistas eram, afinal, todos partidos políticos.
Na década de 1970, delegações do Partido do Trabalho da Coreia visitaram a Bélgica, a França, a Suécia, a Noruega e outros países da Europa Ocidental, esforçando-se para desenvolver relações com seus partidos socialistas.
O Partido Socialista da Bélgica cedeu a sala de conferências de seu edifício para uma coletiva de imprensa internacional da delegação do PTC, dizendo que tal evento contribuiria para aumentar o número de apoiadores e simpatizantes da RPDC na Europa.
Após a conferência, muitas pessoas disseram que puderam compreender melhor a RPDC, e jornalistas de grandes meios de comunicação, incluindo a UPI e a AFP, convidaram a delegação do PTC para visitar seus escritórios em Bruxelas.
À medida que os partidos sociais-democratas de esquerda e socialistas em muitos países capitalistas europeus saíram vitoriosos nas eleições parlamentares no final da década de 1970 e início da de 1980, chegando ao poder, Kim Il Sung passou a prestar atenção ao trabalho com os partidos socialistas da França, de Portugal e da Alemanha Ocidental, enviando delegações do PTC a esses países sempre que realizavam seus congressos.
Uma delegação do PTC visitou a França em três ocasiões e manteve conversas com a liderança do Partido Socialista da França. Quando uma delegação do PTC visitou Nanterre, na França, a convite do Partido Socialista Francês para participar de seu congresso, François Mitterrand, líder do partido, encontrou-se com um delegado do PTC no segundo dia do congresso, que durou três dias. No encontro, Mitterrand disse: Gostaria de agradecer ao Presidente Kim Il Sung por enviar uma delegação do PTC ao Congresso do Partido Socialista da França. Conheço bem a Ideia Juche criada pelo Presidente Kim Il Sung. Visitarei a RPDC antes da eleição presidencial na França e me encontrarei com ele.
Mitterrand visitou a RPDC em fevereiro de 1981, quando precisava concentrar todos os esforços na eleição presidencial marcada para maio.
Mas, como havia apresentado em sua campanha a proposta de implementar uma série de políticas sociais voltadas à liberdade e aos direitos democráticos das massas trabalhadoras, considerou extremamente importante visitar a RPDC e ver com seus próprios olhos a realidade de um país onde se aplicavam políticas centradas no povo.
Quando se encontrou com o Presidente Kim Il Sung, Mitterrand disse: Meu partido chegou a um consenso de que eu deveria encontrá-lo, Presidente Kim Il Sung, para compreender a RPDC. O senhor é um estadista de prestígio reconhecido em todo o mundo.
Kim Il Sung disse-lhe que, se os países europeus mantivessem sua independência, isso seria de grande ajuda para evitar outra guerra mundial e para manter a paz na Europa, na Ásia e no restante do mundo.
Mitterrand afirmou que, se se tornasse presidente, trabalharia bem com os países em desenvolvimento e ajudaria em seu progresso.
Kim Il Sung respondeu: Espero que o seu país lidere os demais países europeus desenvolvidos na ajuda aos países em desenvolvimento e na criação de uma nova ordem econômica internacional, depois que o senhor se tornar presidente da França. Fico muito contente que tenha visitado meu país e que tenhamos tido uma conversa amistosa. Estou convencido de que o seu partido exercerá influência e, assim, fará uma grande contribuição para a realização da causa da independência na Europa.
Mitterrand disse: Agradeço sinceramente por ter explicado em detalhe tantas questões hoje. O senhor, como chefe de Estado, apresentou análises e julgamentos claros sobre muitos assuntos, senhor Presidente. Nunca ouvi declarações tão valiosas quanto as que o senhor fez.
Depois de retornar ao seu país, Mitterrand venceu a eleição realizada em maio e assumiu o poder. O surgimento de um governo socialista na França, após 23 anos de governo conservador, encorajou fortemente os partidos socialistas nos países capitalistas europeus a buscarem sua independência.
Os Estados Unidos e o Japão ficaram apreensivos com a ascensão de Mitterrand ao poder. Os EUA reclamaram que a França fora a primeira entre seus aliados ocidentais a admitir pessoas de origem comunista em seu governo como ministros. Por outro lado, muitos países africanos e latino-americanos — sem falar de Japão, França e Alemanha Ocidental — deixaram de ouvir os Estados Unidos após Ronald Reagan assumir o poder. A realidade demonstrava que a influência estadunidense estava enfraquecendo.
Quando uma delegação do PTC foi a Portugal, à Alemanha Ocidental e a outros países capitalistas europeus no início de maio de 1981 para participar dos congressos de seus partidos socialistas, os líderes desses partidos expressaram disposição em visitar a RPDC.
Ao se encontrar com o chefe da delegação do PTC, o secretário-geral do Partido Socialista Português disse que Mitterrand lhe havia contado que o Presidente Kim Il Sung era um grande homem. E prometeu visitar a RPDC, acrescentando que Willy Brandt, líder do Partido Social-Democrata da Alemanha Ocidental, era seu amigo, com quem havia lutado na clandestinidade durante a Segunda Guerra Mundial, e que ele também ficaria feliz em visitar a RPDC.
Kim Il Sung recebeu os líderes visitantes desses partidos e os incentivou ativamente a lutar pela independência da Europa.
6. Podem haver países grandes e pequenos, mas não superiores e inferiores
No início da década de 1990, os Estados Unidos emergiram como a única superpotência do mundo, após o colapso do socialismo na União Soviética e em outros países do Leste Europeu, devido à sua persistente estratégia de “transição pacífica” e “política de poder”. Exultantes com seu sucesso, os Estados Unidos, alardeando a “vitória” do capitalismo e o “fim” do socialismo, lançaram-se à tarefa de estabelecer uma nova ordem mundial sob sua liderança.
A RPDC, contudo, ergueu ainda mais alto a bandeira do socialismo, em vez de abaixá-la.
Fazendo fronteira com grandes países como a China e a Rússia, a península coreana é um trampolim geográfico para o continente.
Considerando a península coreana uma base estrategicamente importante na região da Ásia-Pacífico, os Estados Unidos, após o colapso do socialismo na antiga União Soviética e em vários outros países, intensificaram seus movimentos para esmagar a RPDC.
Inicialmente, espalharam a teoria da “autodestruição da RPDC”, mas, quando essa teoria se mostrou infundada, iniciaram um novo alvoroço sobre a "suspeita do programa nuclear” do país.
Insistiram em uma “inspeção nuclear” na RPDC, com o objetivo de isolá-la e sufocá-la.
Como esse alvoroço não surtiu efeito sobre a RPDC, os Estados Unidos realizaram o exercício militar conjunto “Team Spirit 93”, tentando forçá-la a aceitar uma inspeção especial. Isso criou uma situação explosiva na península coreana.
A RPDC se encontrava em uma encruzilhada: ou lutar contra os Estados Unidos, a única superpotência do mundo, ou ajoelhar-se diante deles.
A atenção mundial concentrou-se na RPDC.
Para lidar com a situação predominante, Kim Il Sung assegurou que fossem tomadas medidas resolutas de autodefesa para proteger a segurança e a soberania do país.
Em 8 de março de 1993, o Comandante Supremo do Exército Popular da Coreia emitiu a ordem de declarar o estado de prontidão de guerra para todo o país, todo o povo e todo o exército; e em 12 de março, o governo da RPDC divulgou uma declaração anunciando que a RPDC se retiraria do Tratado de Não Proliferação Nuclear.
Foi uma declaração bombástica para os Estados Unidos. Temia-se que a retirada pudesse romper fatalmente o monopólio nuclear estadunidense — um dos principais meios de concretizar sua estratégia de supremacia mundial.
A melhor opção para evitar isso era iniciar um diálogo com a RPDC. Com isso, a água de uma solução diplomática começou a fluir sob a espessa camada de gelo do confronto entre a RPDC e os EUA.
Nesse contexto, o ex-presidente dos Estados Unidos Jimmy Carter visitou a RPDC em junho de 1994.
Como 39º presidente dos Estados Unidos, ele ainda exercia certa influência após sua aposentadoria, apoiando o então presidente Bill Clinton.
Por ser o primeiro presidente estadunidense, em exercício ou fora do cargo, a visitar Pyongyang — e por manter relações estreitas com o presidente em exercício —, sua visita atraiu a atenção mundial.
A mídia internacional comentou que sua visita à RPDC coincidia com a declaração de retirada do TNP e que possuía aspectos tanto simbólicos quanto sérios; os Estados Unidos estariam enviando Jimmy Carter, uma de suas figuras influentes e de alto escalão, para uma recuperação temporária de sua influência diplomática.
A atenção do mundo se concentrou em como o Presidente Kim Il Sung receberia Jimmy Carter e como abordaria o confronto entre a RPDC e os EUA sobre a questão nuclear, que havia atingido seu ponto máximo.
Era entendimento geral que, embora a visita tivesse sido anunciada como privada, não poderia ser considerada dissociada do governo estadunidense.
Em 15 de junho de 1994, Carter e sua comitiva chegaram a Pyongyang via Panmunjom.
No dia seguinte, Kim Il Sung os recebeu — Carter, sua esposa e sua comitiva — no então Salão da Assembleia de Kumsusan, posou para uma foto com eles e manteve conversações.
Kim Il Sung expressou sua expectativa de que a visita de Carter a Pyongyang fosse o primeiro passo na construção de confiança mútua, dizendo que, se voltassem a se encontrar, a confiança aumentaria.
Após expressar seus sinceros agradecimentos a Kim Il Sung por permitir sua visita a Pyongyang, Carter disse: Embora eu esteja aqui em caráter pessoal, estou visitando seu país sob acordo com vários altos funcionários do governo dos Estados Unidos, incluindo o presidente Bill Clinton, e com total entendimento e autorização do governo dos EUA.
Acho que é um grave erro que a ONU e a secretaria da Agência Internacional de Energia Atômica tenham recentemente criado uma crise em relação à RPDC. Espero que possamos encontrar uma solução para essa crise durante minha visita atual. Farei o meu melhor para o estabelecimento de relações pacíficas entre os dois países e para a paz na península coreana.
Kim Il Sung disse a Carter: Podem existir países grandes e pequenos, mas não superiores e inferiores. Os Estados Unidos não devem desprezar nem menosprezar a RPDC, mas abordá-la em pé de igualdade.
Referindo-se à “inspeção especial” e às “sanções” de que tanto se alardeava nos Estados Unidos, ele afirmou: Agora estão tentando impor sanções contra nós. Não temos medo de sanções. Vivemos sob sanções até agora. Não houve um só dia em que tenhamos vivido fora de sanções. Os Estados Unidos, o Japão e outros países impuseram sanções contra nós. Mas sobrevivemos até hoje sem grandes dificuldades. Acha que não conseguiremos continuar existindo se nos impuserem mais sanções?
De fato, desde que adotou a Lei de Comércio com o Inimigo em dezembro de 1950, os Estados Unidos impuseram incessantes sanções econômicas e militares ao país, invocando leis de controle de exportação de armas, a lei de ajuda externa, regulamentos sobre comércio internacional de armamentos e outras medidas.
Isso foi algo que o próprio Carter reconheceu.
Carter admitiu que o líder da RPDC abordou sem hesitação as questões delicadas e agudas entre a RPDC e os Estados Unidos, falando sobre elas com franqueza.
Na noite do dia 16, Carter telefonou para a Casa Branca.
Era manhã de 16 de junho nos Estados Unidos — mais tarde do que na Coreia — quando Carter ligou.
Naquela manhã, Clinton realizava uma reunião do Conselho de Segurança Nacional na Casa Branca, revisando a questão coreana para decidir, de forma definitiva, contramedidas que incluíam preparativos de guerra, independentemente da visita de Carter a Pyongyang. Afinal, a RPDC ainda era considerada um Estado comunista hostil aos Estados Unidos.
Em 15 de junho, os Estados Unidos haviam submetido aos membros do Conselho de Segurança da ONU um projeto de resolução propondo sanções contra a RPDC, e na reunião realizada na Casa Branca na manhã de 16 de junho, o presidente Bill Clinton deu aprovação final à proposta de que o Conselho de Segurança impusesse sanções à RPDC. Foi nesse momento que o telefone de Carter, em Pyongyang, tocou.
Depois de explicar em detalhes as conversas com o líder da RPDC, Carter enfatizou que as sanções não surtiriam efeito sobre a RPDC, que sua exigência de fornecimento de um reator nuclear de água leve era razoável e que era necessário continuar o diálogo com o país. Em seguida, disse que, ao encontrar novamente o Presidente Kim Il Sung, diria a ele que as medidas de sanção seriam canceladas — e perguntou a Clinton se isso estava certo.
Embora já tivesse dado aprovação final à questão das sanções, Clinton admitiu, durante a conversa telefônica, que as sanções não teriam qualquer efeito. Não teve outra escolha senão concordar com Carter.
Quando o Presidente Kim Il Sung encontrou novamente Carter e sua delegação em 17 de junho, o ex-presidente dos Estados Unidos contou-lhe o que havia dito à Casa Branca na noite anterior e informou que as exigências da RPDC sobre uma série de questões para melhorar as relações RPDC-EUA haviam sido atendidas, incluindo a decisão dos Estados Unidos de cancelar suas sanções planejadas contra a RPDC.
Kim Il Sung agradeceu a Carter por isso e prosseguiu: Não nos importa se os Estados Unidos cancelam suas sanções planejadas ou não. Não somos culpados por nos opormos aos Estados Unidos; são os Estados Unidos que provocam nossa hostilidade. Não confiamos nos estadunidenses porque eles não confiam em nós. Vocês nos perseguiram, e, apesar de sua pressão e hostilidade, certamente podemos continuar existindo.
Nesse mesmo dia, Kim Il Sung foi com Carter à Barragem do Mar Oeste a bordo de uma embarcação.
Enquanto enchia o copo de Carter com vinho de mirtilo de Paektu, conversou com ele em uma atmosfera descontraída.
Falou em detalhes sobre diversos temas, incluindo a história milagrosa da construção da Barragem do Mar Oeste — uma das maiores do mundo —, a colheita agrícola estimada no país, as tendências do desenvolvimento das relações internacionais e outros assuntos.
Kim Il Sung explicou a Carter, sem formalidades rígidas, a luta heroica do povo coreano para aplicar a Ideia Juche, sua visão sobre a paz mundial e o futuro da humanidade.
Após retornar aos Estados Unidos, Carter declarou que o Presidente Kim Il Sung era cheio de vigor e sabedoria; que possuía não apenas um conhecimento detalhado e profundo de tudo, mas também generosidade; acrescentando que ele era maior do que George Washington, Thomas Jefferson e Abraham Lincoln — os mais ilustres fundadores e construtores dos Estados Unidos — juntos.
A comoção mundial foi enorme.
O jornal indonésio "Indonesian Observer" escreveu: “O Presidente Kim Il Sung e seu país tornaram-se grandes vencedores graças à visita de Carter a Pyongyang. Sua visita ajudou a melhorar a imagem da RPDC. Os esforços dos Estados Unidos para pressionar Pyongyang a revelar seu programa nuclear fracassaram.”
O jornal português "O Público" escreveu: “Aproveitando-se da visita de Carter a Pyongyang, a RPDC causou grande confusão na diplomacia estadunidense e tornou ineficaz sua tentativa de impor sanções. Os acontecimentos recentes demonstraram claramente a estratégia de Kim Il Sung como um grande estrategista.”
Após a visita de Carter a Pyongyang, os Estados Unidos retiraram formalmente suas sanções planejadas contra a RPDC, que haviam sido apresentadas ao Conselho de Segurança da ONU, e retornaram às conversações RPDC-EUA.
Editado por Kim Jun Hyok
Traduzido do coreano para o inglês por Kim Yong Nam
Traduzido do inglês para o português por Lenan Menezes da Cunha
Publicado pela Editora de Línguas Estrangeiras,
República Popular Democrática da Coreia
Publicado em outubro de 2025
E-mail: [flph@star-co.net.kp](mailto:flph@star-co.net.kp)
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