quinta-feira, 3 de julho de 2025

O ateísmo de Feuerbach e suas limitações

No ateísmo de Ludwig Feuerbach (1804–1872), filósofo alemão moderno e representante do ateísmo moderno, manifestam-se de forma concentrada as características e limitações desse tipo de ateísmo. Feuerbach voltou sua atenção para esclarecer a origem, a evolução e as formas de superação da religião, incluindo o cristianismo, buscando herdar e desenvolver ainda mais o pensamento dos ateus franceses que o precederam.

O ateísmo de Feuerbach também se torna um certo pressuposto teórico para uma correta compreensão do ateísmo marxista.

Portanto, esclarecer corretamente de que princípio Feuerbach partiu para tratar das questões religiosas e quais são as limitações de seu ateísmo possui um importante significado para o reconhecimento preciso das características gerais do desenvolvimento do ateísmo moderno e do ateísmo marxista.

O grande Dirigente camarada Kim Jong Il apontou o seguinte:

“Feuerbach, que foi um dos representantes da filosofia clássica burguesa alemã, opôs-se à visão teológica e idealista sobre o ser humano e defendeu que se deveria compreendê-lo a partir de uma perspectiva realista. No entanto, a visão de Feuerbach sobre o ser humano contém uma falha fatal e uma limitação essencial. O ser humano que ele tinha em mente era um indivíduo, um ser natural. Feuerbach não foi capaz de ver o homem como um ser social e interpretou sua natureza não com base em atributos sociais, mas em características instintivas e biológicas.”

Feuerbach tratou das questões religiosas em sua obra "A Essência do Cristianismo" (1841) e, posteriormente, escreveu "A Essência da Religião", na qual aplicou e aprofundou seus princípios ateístas em relação a todas as religiões. Seu pensamento ateu foi sistematizado nas "Lições sobre a Essência da Religião", realizadas em Heidelberg entre 1848 e 1849, e na obra "A Nova Revelação", publicada quase na mesma época.

Feuerbach, em primeiro lugar, criticou a compreensão teológica da origem da religião e esclareceu sua raiz epistemológica.

Na época, os teólogos religiosos pregavam que o sentimento religioso era inato ao ser humano. Feuerbach se opôs a essa pregação, afirmando que o ser humano não possui um sentimento religioso inato e que, se houvesse tal sentimento, seria necessário admitir a existência de um órgão sensorial específico para a superstição, a ignorância e a preguiça — mas como tal órgão não existe, concluiu que a religião surgiu no processo do desenvolvimento histórico.

Ele também afirmou que é errôneo considerar que a religião surgiu por acaso e explicou sua origem a partir de fundamentos epistemológicos.

Segundo Feuerbach, Deus é, em sua essência, um reflexo ilusório da essência humana, e nesse sentido, “não foi Deus quem criou o homem, mas o homem quem criou Deus.” Assim, ele considerava que o ser humano possui pensamento infinito e que, ao se independizar e objetivar a infinitude do pensamento e da capacidade de conhecer, isso se torna o Deus onipotente.

Para Feuerbach, a onipotência de Deus é a essência da onipotência humana, bem como sua esperança e anseio. Em sua visão, se o ser humano não tivesse esperança nem desejos, Deus não surgiria. As diferenças nas religiões decorrem das formas de esperança e desejo do ser humano. Os gregos, desejando felicidade terrena e longevidade, criaram os deuses do Olimpo; os judeus, cujo sonho era o poder, imaginaram um Deus invisível que criou o mundo a partir do nada e governava os homens por rígidas normas morais; e os cristãos, desejando livrar-se do sofrimento causado pela pobreza e preocupações, conceberam um paraíso com felicidade eterna, amor puro e salvação da humanidade.

Feuerbach afirmava que, embora a imaginação e os desejos humanos sejam infinitos, as capacidades do ser humano são limitadas — e é justamente essa limitação que cria Deus.

O fato de Feuerbach criticar o idealismo religioso e tentar esclarecer a essência da religião relacionando-a à essência humana constitui uma grande contribuição para o desenvolvimento do ateísmo. No entanto, ao considerar o ser humano de forma abstrata, separado das relações sociais, ele não pôde revelar a origem social e de classe da religião.

Feuerbach também apresentou uma proposta de superação da religião por meio de sua teoria da alienação religiosa.

Segundo essa teoria, Deus é a essência genérica do ser humano que se separou do próprio homem. Ou seja, na religião, o ser humano se divide entre gênero e indivíduo, e sua essência se opõe a si próprio. A superação dessa alienação só seria possível mediante o reconhecimento de que Deus, na verdade, é o próprio ser humano. A teoria da alienação religiosa de Feuerbach teve um significado positivo ao criticar o idealismo que, à época, defendia teologicamente a religião por meio da filosofia. No entanto, por não reconhecer o ser humano como um ser social, cometeu o erro de reduzir o caminho para superar a religião à transformação da consciência e das ideias individuais.

Quando Feuerbach fala do ser humano como um ser unido pelo amor, ele está se referindo sempre a um indivíduo abstrato. Além disso, o fato de analisar a função da religião apenas a partir de sua etimologia, e não de uma perspectiva de classe, revela sua posição de classe como pensador burguês que via a religião como instrumento de dominação.

A limitação do ateísmo de Feuerbach deriva, em última instância, de sua concepção errônea sobre o ser humano.

Uma das maiores fraquezas do ateísmo de Feuerbach é não admitir a existência do ser humano sem religião. Nesse sentido, ele chegou a afirmar: “Ao rebaixar a teologia à antropologia, elevei a antropologia ao nível da teologia.”

Feuerbach opôs-se à visão teológica e idealista sobre o ser humano e defendeu sua compreensão a partir de uma posição realista, propondo como fundamento o ser humano real e sensível, ou seja, o “homem de carne e osso”.

Nesse contexto, o ser humano real é aquele que existe como ser sensível. Isso significa que o ser humano é um ser que possui percepção sensível, é objeto da intuição sensível de si mesmo, pode ser confirmado sensivelmente e é capaz de experimentar o sentimento do amor.

Ri Yong Nam

Enciclopédia Científica (과학백과사), volume 1, 2013, páginas 43 e 44

Publicado em 13 de janeiro de 2013

Nenhum comentário:

Postar um comentário