sábado, 2 de agosto de 2025

"Resultado ótimo" da submissão aos EUA

No dia 27 de julho passado, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, se reuniu com o presidente estadunidense no campo de golfe de Turnberry, na Escócia, e anunciou o acordo-quadro entre a UE e os EUA sobre a questão tarifária.

De acordo com o documento, os EUA manterão inalterados 50% das tarifas sobre os produtos de aço e alumínio da UE e aplicarão 15% às mercadorias fabricadas na UE. Por sua vez, a UE deverá comprar, nos próximos 3 anos, uma enorme quantidade de equipamentos de produção estadunidense, além de gás liquefeito e petróleo de fabricação estadunidense, no valor de 750 bilhões de dólares, e investir 600 bilhões de dólares na sua contraparte.

Sobre o acordo, Leyen estimou que ele é o "resultado ótimo" que a UE pode obter na situação atual e que estabilizará as relações comerciais entre a UE e os EUA.

Então, pode-se dizer que o pacto é benéfico para a UE, como afirma Leyen?

Assim que o acordo foi divulgado, os EUA expressaram satisfação, afirmando que haviam conseguido 99,9% do que desejavam.

Por outro lado, no continente europeu, começaram a ser divulgados protestos melancólicos de diversos setores.

O primeiro-ministro francês qualificou o acordo como desigual, pois estipula a imposição de tarifas de 15% sobre as mercadorias fabricadas na Europa e exclui os produtos estadunidenses da lista tarifária, lamentando que naquele "dia sombrio" o acordo tenha levado a UE a se curvar à pressão dos EUA.

O primeiro-ministro alemão, que insistia em obter rapidamente um acordo tarifário, fazendo até concessões aos EUA, confessou que o pacto terá uma grave influência negativa sobre a economia nacional, que é baseada na exportação.

Sua homóloga italiana disse, desanimada, que a influência positiva do acordo será julgada pelos seus detalhes.

O primeiro-ministro polonês apontou com preocupação que as perdas de seu país ultrapassarão os 2,1 bilhões de dólares, enquanto seu homólogo húngaro zombou dizendo que "Trump comeu o café da manhã de Leyen".

O chanceler húngaro urgiu fortemente pela substituição imediata da direção da UE.

O presidente do Comitê Internacional de Comércio do Parlamento Europeu expressou grande descontentamento, dizendo que não se pode qualificar o resultado das recentes negociações como uma vitória da União Europeia nem um sucesso diplomático, e que, sendo uma concessão unilateral da UE em vez de uma cooperação comercial de benefício mútuo e coprosperidade, o acordo atual não atende ao interesse fundamental da Europa, o que reflete a opinião pública do continente.

Nesse cenário, o círculo econômico da Alemanha, primeira potência econômica do continente, lamenta que a indústria automobilística do país perderá bilhões de dólares por ano devido à tarifa de 15% imposta pelos EUA aos carros fabricados na Europa, o que pode resultar na perda de até 70 mil empregos nacionais.

Por outro lado, um órgão de análise econômica ocidental previu que o produto bruto nacional da UE será reduzido em 0,5% devido ao recente acordo tarifário.

Os meios de comunicação europeus criticam diariamente o acordo, considerando-o uma amarga derrota para a UE, que expôs sua impotência.

Como opinam os meios de comunicação e os especialistas, é óbvio que os custos econômicos ocasionados por esse acordo serão repassados aos consumidores europeus, e os habitantes em situação de vida mais difícil enfrentarão grandes dificuldades.

Esse acordo desigual e humilhante não é fruto da assimetria nas relações comerciais ou do conflito tarifário entre os países, mas sim o resultado inevitável da habitual confiança cega da UE nos EUA e sua política submissa a este país.

Quanto às atuais relações entre as duas partes do Atlântico, um meio de comunicação dos EUA afirmou que o "sacrifício" da Europa para com o seu país levou o continente europeu a uma situação miserável e aconselhou que ele deveria restabelecer sua capacidade de pensamento estratégico e aprender a proteger seus próprios direitos.

Agora, ouvem-se dentro da Europa vozes de desprezo em relação a esse acordo, chamando-o de "ignomínia da UE e desequilíbrio de forças", além de apelos para reduzir o nível de dependência militar e técnica em relação aos EUA, embora seja tarde.

A UE deve, mesmo agora, perceber que sua dependência dos EUA é um fator crucial que denigre sua honra internacional.

Ri Chol Hyok, comentarista de assuntos internacionais

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