A realidade desoladora do ano passado demonstrou que o individualismo extremo e a competição pela sobrevivência baseada na lei da selva, que levam à decadência, ruína e destruição, são o destino inevitável do capitalismo, que, dia após dia, afunda ainda mais em uma escuridão sem perspectivas.
No início de 2024, os governantes dos países capitalistas se apressaram em fazer promessas agradáveis aos ouvidos, tentando aparentar que implementariam políticas em prol do povo. Declarações como "Aumentaremos a renda nacional combinando aumento de salários e redução de impostos sobre a renda", "Expandiremos os gastos com planos de apoio para mulheres e crianças este ano" e "Faremos de 2024 um ano de orgulho" foram amplamente propagadas. Contudo, nada mudou na situação de vida das massas trabalhadoras. Em meio à repetição exaustiva dessas promessas ilusórias, o fosso entre os ricos e pobres apenas se aprofundou ainda mais.
No ano passado, a disparidade entre ricos e pobres nos países capitalistas atingiu um nível extremo sem precedentes.
Mesmo nos Estados Unidos, que se autodenominam "o modelo da democracia liberal", a amplificação da disparidade entre ricos e pobres tornou-se um problema grave, causando divisões sociais. De acordo com dados, o patrimônio líquido das famílias mais ricas, que representam apenas 10% da população, correspondeu a quase 75% do patrimônio líquido total das famílias do país. Em contraste, quase metade das famílias vive em condições de pobreza.
As massas trabalhadoras sofrem com intensas cargas de trabalho extenuantes, enquanto os salários recebidos são insuficientes até mesmo para cobrir as necessidades básicas de subsistência. A maioria das famílias acumula dívidas por não conseguir pagar impostos, enquanto os preços dos bens disparam incontrolavelmente, tornando a vida ainda mais difícil. Segundo uma pesquisa, 74% dos entrevistados afirmaram que o aumento dos preços dos alimentos tornou suas vidas ainda mais difíceis.
Nas calçadas das movimentadas cidades, que ostentam prosperidade material e civilização, sem-teto vagam, tremendo de fome e frio, lamentando o futuro incerto. Dados divulgados mostram que, no ano passado, o número de desabrigados nos Estados Unidos ultrapassou 650 mil, atingindo o maior nível desde o início das estatísticas em 2007. Desses, 40% viviam nas ruas, em edifícios abandonados ou em outros locais precários.
Todos os anos, cerca de 50 mil estadunidenses, mergulhados em extremo pessimismo e desespero, amaldiçoam a sociedade desigual e optam pelo caminho do suicídio. O economista estadunidense Matthew Desmond afirmou: "A maioria dos estadunidenses trabalhou arduamente, mas foram os ricos que se tornaram ainda mais ricos, enquanto aqueles que lutam nos níveis mais baixos da sociedade sofrem com a pobreza enraizada. O declínio das oportunidades e a redução da mobilidade social nos Estados Unidos estão enraizados em estruturas institucionais que exploram os pobres, subsidiam os ricos e perpetuam a segregação de classes." Essa declaração evidencia a origem das desigualdades e contradições sociais que impõem pobreza e sofrimento às massas trabalhadoras.
As políticas antipopulares dos governos dos países capitalistas, alardeadas como sendo para o benefício do povo, juntamente com o sistema social reacionário baseado no individualismo, são a causa de todas as infelicidades e sofrimentos das massas trabalhadoras.
O capitalismo é uma sociedade fundamentada no individualismo, onde a sobrevivência se baseia na lei da selva, com os poderosos oprimindo e explorando os mais fracos. Em outras palavras, o capitalismo é a pior sociedade reacionária, na qual uma minoria de capitalistas que monopolizam o poder estatal e os meios de produção oprime e explora as massas trabalhadoras para garantir seus lucros, tornando essa exploração o modo de operação e política do Estado.
No ano passado, muitos governos de países ocidentais proclamaram políticas em prol do povo, mas, na prática, implementaram medidas antipopulares que exploraram o suor e o sacrifício das massas trabalhadoras para proteger os interesses de conglomerados monopolistas. Isso foi uma consequência inevitável da natureza intrínseca do sistema capitalista.
Em determinado país da Europa Ocidental, o governo, sob o pretexto de enfrentar a crise econômica, suspendeu as medidas de redução de impostos para os agricultores. Em uma empresa, diante da queda na taxa de lucro, a primeira medida adotada foi a redução dos salários dos trabalhadores. E isso não se restringe a apenas um país. Em praticamente todos os países capitalistas, os governos, para beneficiar as elites privilegiadas, impuseram baixos salários e desemprego à vasta maioria dos trabalhadores, desviando os valores astronômicos arrecadados por meio de impostos para resgatar grandes bancos e empresas. Essa entrega das vidas das massas trabalhadoras como alimento aos conglomerados monopolistas, comparados a feras, levou a polarização social a um extremo.
O individualismo extremo e a lei da selva, que dele deriva como modo de sobrevivência, são as raízes que transformam a sociedade capitalista em um palco de crimes e decadência moral.
Um dos critérios importantes para avaliar a sobrevivência e o futuro de uma sociedade é a sua atmosfera social. Uma sociedade onde as relações sociais se baseiam na cooperação coletiva, com seus membros ajudando-se mutuamente e vivendo em harmonia, tende a ser estável, sólida e ter um futuro promissor. Por outro lado, uma sociedade onde as relações humanas são marcadas por desconfiança, conflito e contradições, e onde é comum que as pessoas se ataquem mutuamente, inevitavelmente caminhará para a ruína.
O tipo de relações humanas e de atmosfera social que se estabelecem depende inteiramente das ideias que fundamentam a sociedade e do modo de vida dos seus membros.
A sociedade capitalista baseia-se no pragmatismo, que considera verdadeiro apenas aquilo que satisfaz os interesses individuais e traz benefícios próprios. Por essa razão, na sociedade capitalista, valores como afeição, amor entre as pessoas, moralidade e justiça se tornam praticamente inexistentes. Em vez disso, as relações humanas tornam-se frias como gelo, com cada indivíduo buscando apenas o seu próprio benefício e ignorando os outros. Chega-se ao ponto de prejudicar o próximo e destruir os interesses coletivos, sem o menor remorso ou sentimento de culpa, considerando tais ações como plenamente justificadas. Essa mentalidade é o terreno fértil para a misantropia, sendo a origem de males sociais como o racismo, os crimes, a imoralidade e a decadência ética.
Na sociedade capitalista, a desconfiança e o antagonismo formam a base das relações sociais. Naturalmente, em uma sociedade individualista, a existência de antagonismos de classe é algo esperado.
Em uma sociedade desumana como essa, todas as relações humanas, incluindo os antagonismos de classe, são formadas por diversos tipos de confrontos, como os de raça, religião e classe social. A situação se agrava com os conflitos entre imigrantes e cidadãos nativos.
No ano passado, em muitos países ocidentais, movimentos anti-imigração surgiram, com a intenção de expulsar os imigrantes. Em um país da Europa Ocidental, um partido de direita discutiu políticas para deportar massivamente os imigrantes, gerando um grande tumulto social. No Reino Unido, houve uma série de violentos distúrbios anti-imigração em várias cidades, causando caos e desordem social, com danos significativos às pessoas e à propriedade. Nos Estados Unidos, a perseguição aos imigrantes não se limitou ao simples afastamento; tratou-os como inimigos sociais, com campanhas de identificação e expulsão que mais pareciam uma guerra de espionagem, gerando grande ansiedade e medo entre as pessoas. Políticos ocidentais alegaram que o aumento do número de imigrantes elevam a taxa de desemprego e fomentam a criminalidade no país.
No ano passado, em sociedades capitalistas, uma série de crimes horríveis ocorreram continuamente, expondo as falências e fraquezas da sociedade desumana.
Em fevereiro de 2024, no Japão, um estudante de 10 anos matou seus pais, que o haviam criado. Em março, um homem de meia-idade matou seu pai idoso com estrangulamento. Pouco depois, uma mulher foi morta por um homem desconhecido na rua. O mais surpreendente foi que esses crimes não foram motivados por rancores pessoais, e os criminosos não se viam como culpados, considerando seus atos como justificados.
Em janeiro de 2024, no Japão, um criminoso que matou uma mulher disse, durante seu julgamento, que não conseguia entender a mulher com quem tentou falar e, por isso, a matou, como se isso fosse uma justificativa. Outro criminoso matou o pai e a mãe de uma colega de escola e feriu sua irmã, destruindo a casa após a matança. Durante o julgamento, o criminoso afirmou que sua ação foi uma forma de vingança, pois a mulher com quem ele queria se relacionar o havia rejeitado, e ele não sentia remorso nem tinha intenção de se reintegrar à sociedade.
Esses criminosos criados pelo individualismo são comuns em qualquer sociedade capitalista, espalhando caos e destruição no mundo com seus crimes hediondos. No Reino Unido, uma mulher foi descoberta escondendo sua filha recém-nascida por três anos em uma gaveta, enquanto, nos Estados Unidos, policiais que mataram um jovem negro continuam gozando de impunidade. Casos semelhantes ocorreram em diversos países ocidentais, com criminosos cometendo atrocidades indescritíveis, que desafiam qualquer lógica humana.
Sociedades dominadas pela decadência e pela perversidade estão destinadas à queda. A razão pela qual o capitalismo deve inevitavelmente perecer encontra-se exatamente aqui.
O ano de sofrimento e desesperança passou, e um novo ano começou, mas o capitalismo continua acelerando rumo à destruição. Enquanto a classe dominante, que serve aos interesses da elite privilegiada, mantiver o poder e enquanto as leis da sobrevivência baseadas no egoísmo e na luta da selva forem institucionalizadas, o destino do capitalismo não mudará.
Un Jong Chol
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