quinta-feira, 4 de setembro de 2025

A confusão e a crise causadas pela guerra civil e pelos conflitos

Grandes e pequenos conflitos continuam ocorrendo sem cessar em várias partes do mundo. Não são poucos os países que se encontram atolados no turbilhão de desordens políticas, guerras civis e confrontos armados. A economia encontra-se em estado de colapso e as pessoas dependem da assistência internacional para sobreviver ou vagueiam sem rumo em busca de refúgio.

O Haiti, localizado no Caribe, é um desses países. Há quatro anos, o país encontra-se, de fato, em estado de anarquia. Em 2021, grupos criminosos organizados assassinaram o presidente e declararam guerra ao governo. Desde então, a violência intensificou-se. No país, as eleições parlamentares não são realizadas há muito tempo. Instituições judiciárias, incluindo a Suprema Corte, permanecem paralisadas há anos. Muitos haitianos não sabem em qual candidato votar, mesmo que eleições ocorram, pois um voto errado pode lhes custar a vida diante de grupos armados.

Atualmente, os grupos criminosos organizados agem de forma desenfreada. Apenas na capital, eles controlam a maior parte da cidade. Para financiar suas atividades, recorrem frequentemente ao sequestro de pessoas. Aqueles que não conseguem pagar o resgate são mortos. A população sente-se como se carregasse um caixão nas costas, lamentam.

Muitos moradores tentam escapar desesperadamente para regiões menos perigosas. Apenas durante três semanas de março do ano passado, mais de 53.000 pessoas deixaram a capital. Em junho passado, a Organização Internacional para Migrações informou que cerca de 1,3 milhão de pessoas se tornaram deslocadas internamente no Haiti, número 24% superior ao de dezembro do ano anterior.

O diretora-geral da organização apelou para que se fortalecesse a assistência, destacando que crianças, mulheres e idosos estão sendo forçados a viver como nômades.

A comunidade internacional tem se esforçado há vários anos para pôr fim ao ciclo de violência nesse país, mas não obteve resultados. Forças multinacionais de segurança e apoio também foram enviadas, porém a situação permanece inalterada.

O mesmo ocorre com o Sudão, na África. Desde o início do conflito em 2023, inúmeros civis morreram e mais de 15 milhões se tornaram deslocados. No início de maio, em uma cidade da região de Kordofan Ocidental, cerca de 300 civis foram mortos em apenas dois dias, incluindo aproximadamente 30 crianças e mulheres.

O conflito provocou o colapso do sistema de saúde, fome e uma grave crise humanitária. Em dezembro do ano passado, várias agências da ONU e organizações de ajuda humanitária divulgaram um relatório indicando que a fome no Sudão estava se expandindo, afetando cerca de 24,6 milhões de pessoas, ou metade da população, que enfrentam severa escassez de alimentos.

Em abril, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) divulgou dados mostrando que a violência grave contra crianças, incluindo assassinatos e sequestros, aumentou mais de dez vezes em dois anos. Ataques a escolas e hospitais também aumentaram mais de cinco vezes. A diretora-executiva do UNICEF destacou que o Sudão enfrenta hoje uma das mais graves crises humanitárias do mundo, mas recebe pouca atenção, e apelou por apoio contínuo.

O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) contabilizou, no final de 2024, 123,2 milhões de refugiados e deslocados internos em todo o mundo, sendo o Sudão o país com maior número.

Na Etiópia, onde os conflitos sangrentos se intensificam, o número de deslocados chega a 4,5 milhões, dos quais cerca de 56% vivem em situação de deslocamento por mais de um ano, e 23% por períodos entre dois e quatro anos.

Por outro lado, o Comitê Internacional da Cruz Vermelha informou que o sistema de saúde na região oriental da República Democrática do Congo está à beira do colapso. As instalações de saúde dessa região, afetadas por conflitos armados, enfrentam escassez absoluta de medicamentos básicos e equipamentos médicos, incapazes de tratar até mesmo as doenças mais comuns.

Segundo uma organização internacional de pesquisa, no ano passado, cerca de 83,4 milhões de pessoas em todo o mundo foram forçadas a se deslocar dentro de seus próprios países devido a conflitos, desastres naturais e mudanças climáticas, atingindo o maior número da história; desse total, aproximadamente 90% eram deslocados por conflitos e violência.

A situação dos deslocados nos países onde os conflitos se intensificam piora a cada dia. A fome severa, doenças e a morte os acompanham a cada passo. Eles não conseguem viver nem em sua própria terra, nem em terra alheia, refletindo sua condição desamparada.

Historicamente, esses países sofreram considerável influência da invasão estrangeira, da interferência em assuntos internos e das ações de imposição da chamada "democracia".

A ampla opinião internacional exige veementemente o fim de todos os conflitos que causam desastres tão terríveis.

Ho Yong Min

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