O Haiti, localizado no Caribe, é um desses países. Há quatro anos, o país encontra-se, de fato, em estado de anarquia. Em 2021, grupos criminosos organizados assassinaram o presidente e declararam guerra ao governo. Desde então, a violência intensificou-se. No país, as eleições parlamentares não são realizadas há muito tempo. Instituições judiciárias, incluindo a Suprema Corte, permanecem paralisadas há anos. Muitos haitianos não sabem em qual candidato votar, mesmo que eleições ocorram, pois um voto errado pode lhes custar a vida diante de grupos armados.
Atualmente, os grupos criminosos organizados agem de forma desenfreada. Apenas na capital, eles controlam a maior parte da cidade. Para financiar suas atividades, recorrem frequentemente ao sequestro de pessoas. Aqueles que não conseguem pagar o resgate são mortos. A população sente-se como se carregasse um caixão nas costas, lamentam.
Muitos moradores tentam escapar desesperadamente para regiões menos perigosas. Apenas durante três semanas de março do ano passado, mais de 53.000 pessoas deixaram a capital. Em junho passado, a Organização Internacional para Migrações informou que cerca de 1,3 milhão de pessoas se tornaram deslocadas internamente no Haiti, número 24% superior ao de dezembro do ano anterior.
O diretora-geral da organização apelou para que se fortalecesse a assistência, destacando que crianças, mulheres e idosos estão sendo forçados a viver como nômades.
A comunidade internacional tem se esforçado há vários anos para pôr fim ao ciclo de violência nesse país, mas não obteve resultados. Forças multinacionais de segurança e apoio também foram enviadas, porém a situação permanece inalterada.
O mesmo ocorre com o Sudão, na África. Desde o início do conflito em 2023, inúmeros civis morreram e mais de 15 milhões se tornaram deslocados. No início de maio, em uma cidade da região de Kordofan Ocidental, cerca de 300 civis foram mortos em apenas dois dias, incluindo aproximadamente 30 crianças e mulheres.
O conflito provocou o colapso do sistema de saúde, fome e uma grave crise humanitária. Em dezembro do ano passado, várias agências da ONU e organizações de ajuda humanitária divulgaram um relatório indicando que a fome no Sudão estava se expandindo, afetando cerca de 24,6 milhões de pessoas, ou metade da população, que enfrentam severa escassez de alimentos.
Em abril, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) divulgou dados mostrando que a violência grave contra crianças, incluindo assassinatos e sequestros, aumentou mais de dez vezes em dois anos. Ataques a escolas e hospitais também aumentaram mais de cinco vezes. A diretora-executiva do UNICEF destacou que o Sudão enfrenta hoje uma das mais graves crises humanitárias do mundo, mas recebe pouca atenção, e apelou por apoio contínuo.
O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) contabilizou, no final de 2024, 123,2 milhões de refugiados e deslocados internos em todo o mundo, sendo o Sudão o país com maior número.
Na Etiópia, onde os conflitos sangrentos se intensificam, o número de deslocados chega a 4,5 milhões, dos quais cerca de 56% vivem em situação de deslocamento por mais de um ano, e 23% por períodos entre dois e quatro anos.
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