Nos países ocidentais, a crise econômica se agrava a cada dia, e as divisões sociais e a instabilidade política dela decorrentes tornam-se ainda mais severas. Fenômenos de alternância de poder ocorrem de forma imprevisível, enquanto as contradições e confrontos entre partidos governistas e oposicionistas em torno de políticas intensificam-se como nunca antes.
Com a inflação monetária e a contínua queda da taxa de lucro do capital, aumenta o número de falências empresariais. A luta entre partidos pelo poder e pela conquista de esferas de influência aprofunda a divisão social, e ao mesmo tempo, protestos contra a exploração do capital ocorrem com frequência em vários lugares. Em meio ao aumento acentuado dos atos de violência contra imigrantes, cresce o clamor por políticas anti-imigração mais radicais.
A esfera de domínio do Ocidente foi amplamente reduzida. O sonho de expandir sua zona de influência por meio da execução da política de avanço para o leste da OTAN está se tornando uma ilusão. A implementação imprudente dessa política de expansão para o leste transformou-se, ao contrário, em um fator que gera todo tipo de crise e confusão nos países ocidentais. Eles também estão perdendo os mercados que haviam estabelecido em várias regiões, incluindo a África.
Os países ocidentais estão se esforçando desesperadamente para escapar da crise de declínio. Uma das saídas que buscam é a militarização da economia. Militarizar a economia e iniciar guerras de agressão é um dos métodos tradicionais utilizados pelos países imperialistas para escapar de graves crises econômicas e de caos sociopolítico.
Historicamente, a Primeira Guerra Mundial, a Segunda Guerra Mundial, a Guerra da Coreia e a Guerra do Vietnã foram todas provocadas pelas forças reacionárias imperialistas para se livrarem das crises econômicas e sociopolíticas que as sufocavam.
A guerra e a militarização da economia desviam uma grande parte da produção para o setor militar. Nos últimos anos, os países ocidentais têm aumentado drasticamente seus gastos militares, mergulhando em frenesi pela militarização da economia.
Um vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia declarou em um programa de televisão que atualmente os gastos militares de todos os países membros da OTAN somam 1,506 trilhão de dólares — um índice inimaginável, que representa 55% das despesas militares globais —, o que significa que o orçamento militar dos 32 países membros da OTAN é maior do que o dos outros 163 países juntos.
De acordo com um relatório publicado pela OTAN em junho do ano passado, entre os 32 países membros, 23 já atingiram a meta de elevar a proporção das despesas militares a 2% do PIB nacional, e a OTAN busca aumentar essa proporção para 5%.
Em junho, na cidade de Haia, nos Países Baixos, durante a reunião de cúpula da OTAN, os países-membros concordaram em destinar, até 2035, 5% de seus respectivos Produtos Internos Brutos (PIB) para gastos militares. Para alcançar esse acordo, o secretário-geral da OTAN chegou a propor um compromisso: 3,5% do PIB seriam destinados às despesas militares básicas, enquanto os 1,5% restantes seriam aplicados em infraestrutura, segurança cibernética e outros setores.
Esses dados indicam que os gastos militares dos países ocidentais estão aumentando rapidamente, e que enormes quantias de recursos estão sendo investidas na militarização da economia. Mostram também que a militarização da economia tornou-se um fenômeno generalizado no Ocidente, sendo promovida em uma escala sem precedentes.
Com o aumento massivo das encomendas de armamentos, a produção militar se torna intensamente ativa, enquanto a produção civil diminui naturalmente. As empresas que passam a receber encomendas de armamentos transformam-se em indústrias bélicas, e as já existentes expandem-se em grandes conglomerados militares.
Em maio, o governo dos Países Baixos assinou um contrato para a compra de dezenas de tanques produzidos por uma empresa germano-francesa de fabricação de armas. Com isso, foram criadas condições para dinamizar tanto essa empresa quanto as demais companhias ligadas a ela.
Os países ocidentais, aumentando sistematicamente seus gastos militares e fomentando confrontos militares regionais, estão empurrando a situação internacional para a instabilidade e para o limiar da guerra. O objetivo é expandir o mercado sob controle estatal, abrir canais de venda para as indústrias bélicas e livrar-se das crises internas graves que enfrentam.
Quando os países capitalistas gastam grandes somas em despesas militares e fazem volumosas encomendas de armamentos, as empresas de defesa obtêm novos mercados, o que leva a um rápido aumento da produção militar. Consequentemente, os setores relacionados também ganham novos mercados, criando uma situação na qual as empresas em recessão podem contornar temporariamente a crise econômica.
A intenção maligna dos países imperialistas de militarizar a economia e lançar guerras de agressão reside em abrir novos mercados externos e assegurar matérias-primas baratas.
No século XXI, a invasão do Iraque pelos países ocidentais, liderados pelos Estados Unidos, e a instalação de bases militares em várias partes do Oriente Médio — seguidas por atos de pilhagem de abundantes recursos naturais — servem como um exemplo típico disso.
Naquela época, os Estados Unidos e outros países ocidentais, sob o pretexto da “guerra contra o terrorismo”, aumentaram a produção de armamentos, conseguindo estabilizar temporariamente suas economias internas em deterioração. A execução da guerra do Iraque revitalizou as indústrias bélicas, permitiu-lhes controlar os preços da energia e obter lucros significativos. Com as matérias-primas baratas saqueadas, as empresas ocidentais puderam reduzir custos de produção e ampliar suas escalas industriais, exportar produtos em condições vantajosas e abrir novos mercados para as companhias que estavam em crise.
A verdadeira intenção dos países capitalistas em militarizar suas economias e intensificar a tensão da situação internacional é aumentar as taxas de lucro das empresas monopolistas em crise por meio de uma exploração ainda mais severa dos trabalhadores.
Os governos ocidentais costumam alardear constantemente “insegurança nacional” e “ameaças externas”. Com esse pretexto, as empresas monopolistas aumentam a intensidade do trabalho e reduzem drasticamente os salários, buscando superar a crise econômica.
No entanto, a militarização da economia, assim como as políticas de confronto e as provocações de guerra, não podem servir de remédio para que os países ocidentais escapem de suas graves crises político-econômicas. Tais ações apenas retardam temporariamente o colapso iminente do capitalismo, aliviando por um curto período o aperto de sua própria sentença de morte.
Essas políticas de militarização econômica e confronto inevitavelmente conduzem a crises político-econômicas ainda mais sérias.
Os enormes gastos militares, ampliados para comprar em massa armamentos, são sustentados pela espoliação tributária dos trabalhadores, pela emissão forçada de títulos públicos e pela impressão de moeda. O comprador dos materiais militares necessários à guerra é o próprio Estado capitalista.
Os governos dos países capitalistas utilizam fundos orçamentários nacionais para encomendar e adquirir grandes quantidades de armamentos, sendo que a principal fonte de receita do orçamento estatal provém dos impostos extraídos dos trabalhadores. Além disso, para cobrir a insuficiência das receitas fiscais, emitem títulos públicos em larga escala, impondo sua compra à população trabalhadora.
Os altos lucros das indústrias bélicas e dos monopólios militares são obtidos por meio da cruel exploração das massas trabalhadoras e de uma espoliação adicional sobre seus rendimentos.
Para garantir o imenso volume de receitas necessárias diante do aumento constante das despesas militares, os países capitalistas recorrem à emissão de moeda, o que inevitavelmente provoca inflação. Através da tributação e da compra forçada de títulos, a renda dos trabalhadores diminui; e, com a alta dos preços, seu poder aquisitivo cai ainda mais. Isso agrava a contradição entre produção e consumo, conduzindo a novas crises econômicas.
O capitalismo, que havia respirado momentaneamente aliviado com a eclosão da Primeira Guerra Mundial, mergulhou novamente em crise, passando por três grandes depressões consecutivas entre 1920 e 1941, culminando na Segunda Guerra Mundial.
Após essa guerra, os Estados Unidos, que iniciaram uma nova crise econômica em 1948–1949, vacilaram sucessivamente em meio a outras recessões. Embora a economia estadunidense tenha escapado temporariamente do abismo da crise com a eclosão da Guerra da Coreia, logo voltou a enfrentar a grave crise de 1953–1954, o que demonstrou claramente os efeitos contraproducentes da militarização da economia e das guerras de agressão.
Quando o volume de moeda emitido pelos países capitalistas para garantir as receitas orçamentárias nacionais aumenta além do limite necessário para a circulação, ocorre a inflação monetária. O aumento dos gastos orçamentários destinados a assegurar os fundos necessários para a militarização da economia e para as guerras de agressão gera enormes déficits orçamentários. Superar uma crise econômica apenas leva ao surgimento de outros tipos de crises — econômicas, fiscais e financeiras.
A França, que tem como meta o aumento maciço do orçamento militar, é um exemplo disso, pois está mergulhada em uma crise fiscal. Em consequência, surgem desordens sociopolíticas. Nos últimos dois anos, houve várias trocas de primeiro-ministro. Recentemente, ocorreram grandes manifestações de protesto de diversos setores sociais contra o plano orçamentário do governo, que pretendia reduzir os gastos públicos para ampliar as despesas militares.
Um meio de comunicação estrangeiro informou que, por trás dessa confusão, está a situação fiscal da França: devido à estagnação do consumo e das exportações, o país tem registrado taxas de crescimento persistentemente baixas e deterioração das contas públicas. A situação é considerada até mais grave que a da Grécia durante sua crise da dívida, razão pela qual o Fundo Monetário Internacional exigiu que a França reduza seu endividamento.
Quanto mais obstinadamente se impuser a política de militarização da economia, menos ela conseguirá cumprir até mesmo o papel de medida temporária para a recuperação econômica, pois há limites tanto para os gastos fiscais quanto para as capacidades econômicas voltadas à militarização. Por mais desesperadamente que os países ocidentais se agarrem à militarização da economia, jamais conseguirão escapar de sua crônica crise político-econômica.
Pak Jin Hyang