O derramamento de sangue na Faixa de Gaza, que se estendeu por dois anos, entrou em uma fase de cessar-fogo. Resta ver se isso será permanente. Mesmo que uma cessação completa da violência seja implementada, os danos atrozes sofridos pelo povo palestino jamais poderão ser apagados.
Segundo dados recentemente divulgados, os setores mais importantes da Faixa de Gaza sofreram perdas diretas superiores a 70 bilhões de dólares devido às atrocidades de Israel. Desde 7 de outubro de 2023, aproximadamente 77.000 palestinos foram mortos ou desapareceram, dos quais mais de 67.000 foram confirmados mortos em hospitais. Cerca de 170.000 pessoas ficaram feridas. Entre as crianças feridas, mais de 40.000 foram atingidas, das quais 21.000 ficaram com sequelas permanentes.
Pelo menos 38 hospitais, dezenas de centros médicos e ambulâncias foram destruídos na Faixa de Gaza. Atualmente, não há nenhum hospital funcionando plenamente, o que, segundo especialistas, significa o colapso do setor de saúde.
Devido aos prolongados ataques militares israelenses, o ambiente sanitário na Faixa de Gaza se deteriorou gravemente, permitindo a propagação de doenças infecciosas. Há escassez de água, centenas de milhares de toneladas de resíduos acumulados, e inúmeros refugiados aglomerados nessas condições precárias.
A situação na educação também é devastadora. Cerca de 670 instituições educacionais, incluindo escolas, foram destruídas, e 13.500 estudantes, 830 professores e 190 acadêmicos foram cruelmente mortos.
Os moradores da Faixa de Gaza vivem literalmente em meio aos escombros. Cerca de 300.000 residências foram completamente destruídas, e aproximadamente 200.000 foram severamente ou parcialmente danificadas. Como consequência, cerca de 2 milhões de pessoas foram forçadas a se deslocar.
O bloqueio brutal imposto por Israel provocou uma grave crise de fome. Os pontos de passagem para a Faixa de Gaza estiveram fechados por mais de 600 dias, impedindo a entrada de caminhões com ajuda humanitária. Aqueles que conseguiram sobreviver aos bombardeios indiscriminados sofreram de fome extrema. O exército israelense lançou bombas e projéteis sobre pessoas que buscavam alimentos, e muitas morreram de inanição. Entre gestantes e crianças menores de dois anos, 92% sofreram de desnutrição.
O problema é que esses números não representam o total final. Israel continua cometendo massacres mesmo após o início do cessar-fogo em 10 de outubro.
Em 19 de outubro, o exército israelense atacou novamente várias áreas da Faixa de Gaza. Sob as ordens do primeiro-ministro Netanyahu, em apenas um dia, as forças israelenses bombardearam e dispararam contra cerca de 100 alvos na Faixa de Gaza de forma indiscriminada. Alegou-se que túneis e instalações militares onde se escondiam “combatentes” na região de Rafah foram destruídos, mas, na realidade, os alvos principais eram locais onde civis se concentravam, barracos e tendas de refugiados. 44 palestinos foram mortos e dezenas ficaram feridos.
Seis dias depois, em 25 de outubro, o exército israelense realizou um ataque com drones contra veículos civis no acampamento de refugiados de Nuseirat, ferindo mais 4 palestinos.
Naquela semana, as autoridades de saúde da Faixa de Gaza informaram que, desde a entrada em vigor do cessar-fogo, o número de mortos devido aos ataques israelenses havia chegado a 93, com 324 feridos.
Recentemente, a Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou que há numerosos pacientes em estado grave na Faixa de Gaza e que eles precisam receber tratamento fora da região. A OMS também divulgou uma estimativa de que seriam necessários cerca de 7 bilhões de dólares para reconstruir o sistema de saúde da Faixa de Gaza e apelou aos países para receberem mais pacientes.
Israel, mesmo que a situação em Gaza se resolva, não pretende se retirar das áreas que já controla e busca realizar sua ocupação e anexação completa. Recentemente, também declarou a intenção de incluir a Cisjordânia em seu território anexado, provocando choque na comunidade internacional.
O que se apresenta como cessar-fogo não passa de uma continuação de operações militares sangrentas, e a situação na Faixa de Gaza se torna cada vez mais grave.

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