Há pouco tempo, os Países Baixos, a Suécia e a Eslovênia exigiram da União Europeia uma pressão redobrada e medidas mais fortes contra Israel em relação à situação da Faixa de Gaza. Os ministros das Relações Exteriores dos Países Baixos e da Suécia, em uma carta enviada à União Europeia, apontaram que a situação humanitária na Faixa de Gaza é tão deplorável que não pode ser tolerada, e que o sofrimento dos civis é indescritível. Ressaltaram também que devem ser impostas sanções a ministros extremistas de Israel que promovem atividades ilegais de colonização na Cisjordânia e prejudicam a solução de dois Estados. O ministro das Relações Exteriores da Eslovênia classificou as atrocidades de Israel em Gaza como um massacre em massa, advertindo que, se isso não for tratado, ocorrerão atos ainda mais sangrentos.
Na reunião dos ministros das Relações Exteriores dos Estados-membros da União Europeia, ecoou a mesma linha de argumentação. Nela, o ministro das Relações Exteriores da Dinamarca declarou que aumenta o número de Estados-membros que consideram necessário exercer forte pressão sobre Israel. Anteriormente, países como França, Reino Unido e Finlândia já haviam manifestado a intenção de reconhecer a Palestina como Estado independente. Prevê-se que outros países europeus também adotem em breve a mesma posição.
A imprensa e especialistas, ao analisar essa mudança de postura no Ocidente, que antes protegia Israel, afirmaram tratar-se de um “sinal de que a posição da Europa, adotada no passado, está mudando”.
A questão é: o que leva os países ocidentais a alterar sua posição de defesa a Israel?
Em poucas palavras, está relacionada com a difícil e embaraçosa situação em que o Ocidente se encontra devido à intensa pressão interna e externa.
Após o início da crise em Gaza, Israel, sob o pretexto de “erradicar o Hamas”, massacrou em grande escala civis palestinos inocentes, reduziu a Faixa de Gaza a escombros e enfureceu-se ainda mais com planos de expansão de assentamentos na Cisjordânia acompanhados do uso da força. O número de mortos e feridos palestinos causados pelas operações militares de Israel continua aumentando. A Faixa de Gaza transformou-se, literalmente, em um “cemitério coletivo”, uma “armadilha mortal”.
A brutalidade e a crueldade de Israel causaram consternação e indignação na ampla comunidade internacional.
No entanto, os países ocidentais não apenas defenderam as atrocidades de Israel sob a justificativa de “direito à autodefesa”, como também rebaixaram os palestinos chamando-os de “animais humanos”, encorajando ao máximo o massacre em massa. Tal postura do Ocidente provocou ainda mais a ira da comunidade internacional.
Os países do Oriente Médio, bem como muitos outros ao redor do mundo, levantaram-se contra a conduta do Ocidente de prestar todo tipo de apoio a Israel.
Na Cúpula dos Países Não Alinhados, realizada em janeiro de 2024 em Uganda, chegou-se a um consenso em exigir a suspensão imediata das operações militares de Israel. Já em fevereiro, em uma conferência internacional, os países em desenvolvimento denunciaram com veemência a postura ocidental de aplicar padrão duplo na questão Palestina–Israel. A resistência contra o Ocidente intensificou-se no cenário internacional.
Em uma conjuntura em que cresce rapidamente a posição das potências emergentes e dos países em desenvolvimento, o fato de o Ocidente, em defesa de Israel, prejudicar suas relações com esses países não pode deixar de ser um jogo em que se perde muito mais do que se ganha.
Pode-se considerar que aí reside um dos fatores importantes que obrigaram o Ocidente a reverter sua política pró-Israel.
Um meio de comunicação russo avaliou que, ao defender a política de massacres em massa de Israel, os países ocidentais enfraqueceram gravemente sua própria influência. Não foi por acaso que o primeiro-ministro da Eslovênia advertiu que, caso a Europa não revise sua posição em relação a Israel, perderá sua influência internacional.
Também não foi pouca a pressão exercida por vozes contrárias à política pró-Israel que surgiram dentro do próprio Ocidente. No Reino Unido, França, Alemanha, Itália e em outros países ocidentais, ocorreram intensas manifestações exigindo o fim do banho de sangue no Oriente Médio.
Esse quadro, tanto interno quanto externo, comprovou de forma clara que, se os governos ocidentais persistirem em sua postura anterior, defendendo as atrocidades desumanas de Israel, cairão em um isolamento inevitável, sem saída.
A recente mudança brusca de atitude dos países ocidentais pode ser considerada, em última análise, uma medida desesperada de quem, ao nadar contra a corrente da época, acabou encurralado em um beco sem saída.
Como admitiu certa agência de notícias ocidental ao afirmar: “Já não somos mais os que conduzem o ‘baile’. São muitos os países que não querem mais se mover segundo as velhas regras”, a realidade demonstra claramente que o mundo de hoje é completamente diferente daquele em que a imposição e a arbitrariedade de determinados países tinham efeito.
Un Jong Chol
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