A assinatura do armistício foi um evento notável, em que um país imperialista invasor, que se autoproclamava a “maior potência do mundo”, ajoelhou-se perante nosso jovem Estado e lhe entregou um documento de rendição.
À medida que se aproxima, dia após dia, o grande Dia da Vitória, nós nos colocamos novamente em Panmunjom, exatamente como naquele dia.
Panmunjom passou a ser amplamente conhecido como um lugar histórico que mostrou claramente ao mundo quem foi o vencedor e quem foi o derrotado na Guerra da Coreia.
O simples fato de que, em 1951, enquanto a guerra ainda estava em pleno andamento, os imperialistas estadunidenses foram os primeiros a propor o armistício e a iniciar negociações a respeito disso, revela de forma nua e crua o estado de derrota do império estadunidense.
Em junho de 1951, a frente de batalha se estabilizou.
Os imperialistas estadunidenses, que haviam provocado a Guerra da Coreia com a ambição de engolir nossa República de uma só vez, não apenas não conseguiram realizar essa intenção ao longo de um ano, como também sofreram perdas humanas e materiais sem precedentes na história das guerras de agressão.
As perdas dos imperialistas estadunidenses apenas no primeiro ano da guerra chegaram a mais de 50 bilhões de dólares, superando de longe a metade das perdas que sofreram durante toda a Segunda Guerra Mundial.
Em particular, as derrotas consecutivas dos imperialistas estadunidenses fizeram com que seus países aliados e subordinados deixassem de obedecer ao seu comando e assumissem uma atitude de resistência. A esmagadora maioria desses países recusou-se abertamente a enviar tropas para a frente coreana como bucha de canhão para os imperialistas estadunidenses.
Isso representou um golpe severo para os chefes de guerra dos EUA.
Diante dessa situação, os Estados Unidos realizaram uma reunião do Conselho de Segurança Nacional em 2 de maio de 1951 e, após repetidos debates, decidiram propor um armistício com o objetivo de ganhar tempo para tentar reverter sua derrota desastrosa.
A longa história de agressões dos EUA, ao longo de mais de cem anos, está repleta de registros de negociações militares. A forma típica dos EUA de conduzir tais negociações sempre foi baseada na superioridade da força, utilizando pressões e coerção para forçar a rendição de outros países ou para roubar seus territórios e riquezas, realizando exigências de caráter abertamente gangsteril.
Somente na primeira metade do século XX, os EUA participaram de duas guerras mundiais, sempre sentando-se à mesa como país vencedor e enchendo os próprios bolsos, vangloriando-se da "supremacia".
No entanto, na Guerra da Coreia, a negociação de armistício promovida pelos imperialistas estadunidenses não foi um processo de diplomacia coercitiva para obter a rendição de um país conquistado ou para transformá-lo em colônia, como haviam feito anteriormente. Pelo contrário, foi a primeira negociação em que, na condição de derrotado, os EUA, após sofrerem uma grave derrota militar e político-moral frente a uma jovem República emergente, suplicaram por um acordo.
Os imperialistas estadunidenses, na tentativa de concretizar o armistício sem manchar sua posição como a “maior potência do mundo”, tentaram realizar contatos indiretos conosco por meio de outros países. Mas, ao serem rejeitados, não tiveram alternativa senão propor diretamente, através de uma transmissão radiofônica em 30 de junho de 1951, em nome do comandante das “forças da ONU”, a realização de uma negociação de armistício conosco. Ainda assim, insistiram que o local fosse um navio-hospital de um país aliado ou de um terceiro país — uma manobra mesquinha para tentar esconder sua vergonhosa aparência de derrotado.
Nossa posição diante disso foi firme: o local da negociação seria Kaesong, os aviões deveriam utilizar os horários e rotas estipulados, e os automóveis deveriam entrar hasteando bandeiras brancas.
Os Estados Unidos não tiveram escolha a não ser aceitar nossas exigências altivas.
Assim, a partir de julho de 1951, as negociações de armistício começaram em Raebongjang, em Kaesong, e a partir de outubro passaram a ocorrer permanentemente em Panmunjom. Durante todo o período das negociações, a imagem da delegação estadunidense indo e voltando de Panmunjom com bandeiras brancas nos carros era o retrato fiel de uma fera imperialista ajoelhada perante nosso Estado.
O chefe da delegação estadunidense na época confessou mais tarde: “As conversações de Kaesong foram uma negociação entre o inimigo vitorioso (o Exército Popular da Coreia) e os militares estadunidenses, na condição de derrotados.”
No entanto, o início das negociações de armistício não significava a rendição total dos Estados Unidos.
A mesa de negociações tornou-se uma arena de confronto feroz, com um significado ainda maior do que o campo de batalha onde o Exército Popular e as forças inimigas se enfrentavam.
Os imperialistas estadunidenses, buscando alcançar na mesa de negociações os objetivos que não conseguiram no campo de batalha, mobilizaram negociadores experientes, considerados especialistas em tratativas, bem como todo o aparato diplomático e de inteligência. Apresentaram exigências absurdas que bloquearam repetidamente o avanço das conversações e tentaram nos intimidar na mesa de negociações alardeando sua suposta "superioridade naval e aérea".
Nos bastidores das negociações, aumentaram seu poderio militar e repetiram ofensivas, sabotando diversas vezes o processo de armistício. Um exemplo disso foi a ofensiva de verão e outono de 1951, promovida pelos imperialistas estadunidenses com o objetivo de romper as negociações. Por meio dessa operação, pretendiam ocupar posições estratégicas nas regiões leste e central da frente, pressionar ainda mais a linha de combate e reverter a situação da guerra a seu favor. Para tanto, mobilizaram 130 mil soldados, cerca de 1.000 aviões, inúmeras embarcações e despejaram dezenas de milhares de projéteis e bombas diariamente sobre as posições do Exército Popular. No entanto, diante da vigorosa resistência de nossas forças armadas, a ofensiva foi completamente rechaçada.
Mesmo depois disso, os imperialistas estadunidenses continuaram com suas bravatas dizendo que “ações são mais eficazes que negociações” e lançaram uma “nova ofensiva”, mas sofreram uma derrota ainda maior. Entre janeiro e abril de 1953, os inimigos perderam 51.500 soldados, 202 tanques, mais de 250 peças de artilharia de diversos calibres, e cerca de 1.000 aviões foram abatidos ou danificados.
Diante da situação miserável dos EUA, derrotados repetidamente, até mesmo o jornal estadunidense "The New York Times" lamentou: “Não há caminho que possamos seguir sem perigo. Não há nenhuma rota que nos garanta a vitória.”
O simples fato de que as perdas de tropas e equipamentos militares dos EUA na Coreia foram quase 2,3 vezes maiores do que as sofridas durante quatro anos de guerra no Pacífico na Segunda Guerra Mundial já permite imaginar o quão devastadora foi sua derrota. A imprensa estadunidense avaliou: “As perdas dos Estados Unidos superam em mais de duas vezes a soma das perdas nas cinco grandes guerras dos EUA: a Guerra da Independência, a Guerra de 1812, a Guerra contra o México, a Guerra Hispano-Americana e a Guerra das Filipinas.”
Sem conseguir alcançar um “armistício honroso” nem por meio das negociações, nem por ofensivas militares, os EUA passaram a se agarrar de forma ainda mais obstinada a manobras sujas e provocações traiçoeiras para sabotar o processo de armistício.
A situação criada exigia impor um golpe militar forte e decisivo contra os invasores que continuavam provocando nos bastidores das negociações de armistício, a fim de forçá-los à completa rendição.
No dia 13 de julho de 1953, as unidades da frente de combate iniciaram uma ofensiva militar poderosa contra os inimigos. Naquela noite, sob forte apoio de fogo de artilharia, as unidades do nosso exército lançaram um ataque que rompeu as linhas defensivas que o inimigo havia construído ao longo de quase dois anos. O ataque do nosso exército continuou nos dias 14 e 15.
A contraofensiva do Exército Popular da Coreia foi tão potente que o então comandante das chamadas “forças da ONU”, Clark, gritou: “As tropas comunistas lançaram uma ofensiva total, a maior e final, contra nossas posições. Foi realmente como levar uma pancada repentina na nuca.” A imprensa estadunidense também noticiou com pânico: “Como resultado da batalha mais feroz desde o início da Guerra da Coreia, as posições das forças aliadas em um trecho de 18 milhas nas regiões leste e central foram destruídas. A situação é extremamente crítica”, e “A situação não mudará a menos que os Estados Unidos se ajoelhem e supliquem à Coreia.”
Aflitos, Clark e o embaixador dos EUA na República da Coreia convocaram uma reunião estratégica de emergência para discutir a resolução da situação. Ao final, chegaram à conclusão de que “era preciso embarcar imediatamente no trem expresso em direção à assinatura do armistício”, e propuseram, inclusive, transmitir aos comunistas que “o presidente da República da Coreia havia feito uma promessa por escrito de que não violaria o acordo de armistício”, e que não tinham outra escolha a não ser responder afirmativamente a todas as exigências da outra parte. O presidente dos EUA também concordou com isso.
No dia 15 de julho, os representantes dos EUA, mais uma vez levados à mesa de negociações, estavam com os rostos completamente tomados pelo medo. Naquele dia, nossa delegação apresentou exigências em forma de ultimato, perguntando diretamente: “Vocês vão assinar um verdadeiro armistício ou querem continuar lutando? Se quiserem lutar, vamos lutar.” Essa foi a firme posição que deixamos clara.
O chefe da delegação inimiga, suando frio e pálido, levantou-se com dificuldade e, em um tom desesperado, declarou:
“Respondemos ‘sim’ à sua primeira exigência. Também respondemos ‘sim’ à segunda exigência. E dizemos ‘sim’ a todas as demais exigências.”
Ao presenciar essa cena, a imprensa inimiga que cobria localmente as negociações do armistício divulgou a manchete: “Rendição incondicional das forças da ONU!”
Esse foi o trágico desfecho dos imperialistas estadunidenses, que iniciaram a guerra de agressão alegando que iriam “dominar o povo coreano pela força” e que só aceitariam um “armistício honroso”.
No dia 27 de julho de 1953, às 10 horas, foi assinado o Acordo de Armistício da Coreia em Panmunjom.
Quando a cerimônia de assinatura teve início, o chefe da delegação dos EUA nas negociações assinou o documento e, ao colocar a caneta de lado, soltou involuntariamente um longo suspiro. De tão nervoso, chegou ao ponto de escrever seu próprio nome no campo destinado à assinatura do comandante das “forças da ONU”, e teve de corrigir às pressas essa gafe vergonhosa.
Clark, comandante das “forças da ONU”, que havia colocado o selo de rendição no Acordo de Armistício, declarou: “Senti-me derrotado. Para ser honesto, depois de concluir a assinatura do acordo, fui tomado por um sentimento de frustração indescritível. E, no final, até mesmo lágrimas silenciosas escorreram. Será que fui o único a me sentir assim? Meu antecessor, o marechal MacArthur, e o general Ridgway certamente se sentiam do mesmo modo. Talvez ainda mais devastados.” E lamentou: “Uma guerra sem vitória — isso é algo que não existe na história dos Estados Unidos. No entanto, na Guerra da Coreia, os EUA assinaram pela primeira vez um armistício sem vitória.”
Até o presidente dos EUA, Eisenhower, após a assinatura do armistício, confessou: “O custo foi alto. Foi tragicamente doloroso.” E um ex-secretário de Estado desabafou: “O mito foi destruído. Não somos o país forte que imaginávamos. Sofremos uma derrota grave na Coreia.”
Os Estados Unidos, predador bélico que jamais conhecera derrota nas incontáveis guerras de agressão contra outros países, ajoelharam-se assim diante do heroico povo coreano e se renderam.
O símbolo histórico chamado Panmunjom proclama ontem, hoje e sempre:
A Coreia é o grande país vitorioso, e os Estados Unidos são o vergonhoso país derrotado.
Un Jong Chol
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