quarta-feira, 29 de outubro de 2025

O que os movimentos da política japonesa indicam?

Recentemente, no Japão, Ishiba apresentou sua renúncia repentina apenas um ano após assumir o poder, o que levou à realização da eleição para o presidente do Partido Liberal Democrata (PLD). Alguns dias depois, ocorreu a eleição do candidato a primeiro-ministro. Como resultado, Sanae Takaichi, ex-ministra responsável por segurança econômica, foi eleita presidente do PLD e assumiu o cargo de primeira-ministra.

Embora a instabilidade política decorrente da luta pelo poder e a frequência de governos de curta duração seja comum no Japão, o ponto de interesse é como Takaichi acabou se tornando presidente do PLD e primeira-ministra.

Na verdade, no PLD, vários candidatos — incluindo Koizumi, então ministro da Agricultura, Florestas e Pesca — disputaram intensamente a presidência. Diversas facções dentro do partido promoveram seus indicados para criar complexidade política, enquanto os próprios candidatos circulavam ativamente em busca de apoio.

Cada facção propagandeava ruidosamente que seu candidato era “o novo líder que carregará o futuro do Japão”, destacando sua experiência ministerial e sensibilidade política, sugerindo que poderia surgir como candidato a primeiro-ministro.

Os partidos de oposição, por sua vez, reagiram de acordo: quando o Komeito anunciou sua retirada da coalizão com o PLD, surgiram movimentações agitadas em busca do cargo de primeiro-ministro, avaliando alianças e estratégias.

O ponto em comum entre os políticos japoneses em busca do poder é que todos têm uma forte coloração conservadora e representam as forças de direita. No Japão, a política é dominada pelas forças de direita, e, por isso, quem ocupa o poder é determinado por quem é mais conservador e mais à direita.

Sanae Takaichi, que assumiu o cargo de primeira-ministra, é avaliada como representante da direita conservadora. Desde que entrou na política, fez declarações de cunho chauvinista e conservador, sendo considerada uma figura da ala dura conservadora.

Takaichi glorificou os crimes cometidos pelo Japão durante a Segunda Guerra Mundial, justificou visitas ao santuário Yasukuni — símbolo do militarismo — alegando que os principais criminosos de guerra já haviam cumprido suas penas e, portanto, não seriam mais culpados.

No ano passado, ela visitou novamente o santuário Yasukuni, proferindo declarações chocantes, como: “É uma tarefa difícil proteger a pátria; agradeço sinceramente às almas daqueles que deram suas vidas pelo país” e “O santuário Yasukuni não glorifica a guerra, portanto não deve ser tratado como uma questão diplomática. Não quero esconder meus sentimentos”, provocando indignação generalizada.

Em setembro passado, quando a eleição para a presidência do PLD se intensificou, ela declarou que anotaria as "Forças de Autodefesa" na Constituição.

Políticos de direita no Japão vêm adotando como objetivo a consagração na Constituição da existência das "Forças de Autodefesa". O PLD, aglomerado das forças conservadoras de direita, há muito procura de toda forma reformar o artigo 9 da atual Constituição, que dispõe a renúncia à guerra e a não manutenção de capacidades combativas. No ano passado, para acalmar a opinião pública interna e externa, encontrou um método astuto: manter essa disposição em vigor e, ao mesmo tempo, apresentar uma nova cláusula que assinalasse a existência das "Forças de Autodefesa"; e, já neste ano, reuniu um congresso partidário e renovou a promessa de realizar precocemente a revisão constitucional.

O objetivo é um só: transformar o Japão em um Estado plenamente voltado para a guerra, por meio da expansão ilimitada do armamento e da alteração constitucional, e assim concretizar a velha ambição da "Esfera de Coprosperidade da Grande Ásia Oriental".

O problema é que partidos conservadores menores, que antes se devoravam por interesses partidários, agora vêm somando-se a essa causa.

Recentemente, o Partido da Restauração do Japão defendeu abertamente a eliminação do parágrafo 2 do artigo 9, aprovando integralmente o exercício do direito de defesa coletiva e exigindo que a Constituição mencione o “direito de autodefesa” e a “posse das Forças de Autodefesa”; o Partido Conservador do Japão chegou a afirmar que, para proteger o país, é preciso revisar a Constituição que afirma a renúncia à guerra, e declarou que os crimes de guerra já foram reparados — exemplos representativos dessa postura.

Desta vez, o PLD aliou-se ao partido de extrema-direita, o Partido da Restauração do Japão, para manter o poder.

O que indicam os movimentos do panorama político japonês?

Cabe observar como as lutas pelo poder entre as forças políticas no Japão evoluirão e que rumo tomará o cenário partidário, mas é claro que a tendência de deslocamento à direita na política japonesa não mudará; pelo contrário, seguirá por um caminho ainda mais perigoso.

Ri Hak Nam

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