quarta-feira, 4 de junho de 2025

Vulnerabilidade da democracia ocidental exposta

A decadência e extinção ou o florescimento e fortalecimento de um Estado e da sociedade dependem inteiramente da ideologia política e do sistema político estabelecido com base nela. Esse princípio simples e evidente da história social, revelado ao longo da ascensão e queda de diferentes países, continua atuando sem mudança também neste século.

O que a comunidade internacional está testemunhando atualmente é que países capitalistas, incluindo os Estados Unidos — que desfrutaram de uma “prosperidade material” por séculos — estão se afundando num beco sem saída de declínio e enfraquecimento.

Em agosto de 2023, o presidente francês Macron alertou que, diante das mudanças na ordem mundial, “o Ocidente, especialmente a Europa, corre o risco de se deteriorar”. Em julho do ano passado, o Partido Republicano dos EUA publicou uma plataforma oficial declarando que o país havia “entrado no caminho do declínio e colapso”, atraindo a atenção de todo o mundo.

Apesar dos EUA e outros países ocidentais se debaterem desesperadamente para escapar de seu destino final, já não conseguem se livrar do jugo da eliminação que recaiu sobre eles.

A causa disso deve ser buscada na chamada “democracia liberal”, modelo ocidental de democracia que esses países tanto gostam de vangloriar como universal e superior.

No sistema político dos países capitalistas, o elemento estrutural básico é o multipartidarismo.

Nos Estados Unidos e nos países ocidentais, está institucionalizado que dois ou mais partidos alternem o poder por meio de acirrada disputa eleitoral.

O sistema multipartidário é o reflexo concentrado das relações sociais capitalistas, nas quais as pessoas se dividem em diferentes classes e estratos, e os conflitos e antagonismos entre eles se intensificam dia após dia.

Os Estados Unidos e os países ocidentais mascaram esse sistema partidário como se fosse a "escolha de todo o povo" e o apresentam como uma "democracia" que reflete sua vontade e exigências.

Contudo, o fato de haver multipartidarismo não significa que qualquer partido possa participar das eleições ou ser incluído na formação do governo.

A menos que seja um partido que defenda e realize os interesses da classe capitalista, é impossível sequer entrar na cena política, muito menos tomar o poder.

A política nos Estados Unidos e nos países ocidentais é inteiramente voltada à dominação e exploração das amplas massas trabalhadoras pela classe capitalista.

A classe capitalista busca constantemente realizar uma dominação política favorável à obtenção de lucros e utiliza os partidos como instrumentos e cortinas de fumaça para sustentar e encobrir sua política de violência e repressão.

Por isso, os capitalistas utilizam parte de sua renda para subornar partidos e políticos que lhes sejam favoráveis, manipulando a elaboração e execução de políticas com o objetivo de preservar suas riquezas e maximizar seus lucros.

Quem será o partido no poder e quem se tornará governante não é decidido pela vontade e exigência das amplas massas trabalhadoras, mas sim conforme o julgamento dos conglomerados monopolistas que atuam nos bastidores da política.

Nos países capitalistas, o fator mais determinante para o índice de apoio a um candidato presidencial ou ao partido a que ele pertence nas eleições não são as suas "brilhantes" promessas de campanha, mas sim o dinheiro.

A vitória ou derrota eleitoral é decidida em função de quanto apoio financeiro é recebido dos conglomerados monopolistas.

Nos países capitalistas, para que o chefe de Estado e de governo ou o partido governista obtenham novamente a oportunidade de exercer o poder, devem ter os chamados méritos políticos.

Ou seja, passa a ser uma questão crucial avaliar quão bem o chefe de Estado ou o partido governista conduziram a política.

Mas quem decide isso também são os conglomerados monopolistas.

A ínfima camada privilegiada julga a "utilidade" e a "eficiência" das políticas realizadas pelo governante ou partido no poder, unicamente sob a ótica de seus próprios interesses, e decide se deve ou não permanecer no poder.

Essa realidade inegável demonstra com clareza que o multipartidarismo não passa de um rótulo que encobre o caráter reacionário da ditadura burguesa e a natureza antipopular da sociedade capitalista.

O caráter reacionário do multipartidarismo reside em impedir que as amplas massas trabalhadoras participem da vida política do Estado.

Numa sociedade em que tudo é decidido e determinado pelo dinheiro, as pessoas que lutam para sobreviver em meio a dificuldades jamais poderão sequer sonhar em entrar para os partidos dominados pela elite privilegiada ou participar da política com as mãos vazias.

O caráter reacionário do multipartidarismo também está em reprimir, de forma astuta, a indignação e o espírito de luta das massas trabalhadoras contra a pobreza hereditária que lhes é imposta.

Sempre que a crise econômica se agrava e a exploração e pilhagem capitalistas apertam o laço da sobrevivência, levando as massas trabalhadoras a se erguerem em protestos, os conglomerados monopolistas jogam a responsabilidade sobre os governantes e o partido no poder, resolvendo o problema através da substituição do governo por meio de eleições.

Agindo assim, fazem com que as flechas da indignação das massas se voltem contra os governantes e o partido no poder, protegendo ao máximo o sistema político antipopular da sociedade capitalista.

Os partidos capitalistas dependem de seus financiadores — capitalistas que controlam monopólios nos setores financeiro, da tecnologia da informação, da indústria militar, entre outros — para manter sua atividade política.

O propósito de existência desses partidos é conquistar o poder que melhor satisfaça a ganância de seus patrocinadores.

Por isso, os partidos de oposição fazem profissão de atacar os erros dos governantes e amplificar as falhas do governo, com o objetivo de expulsar o partido no poder do cargo o mais rápido possível.

As rixas entre situação e oposição sob os pretextos de "assuntos de Estado" e "governança" tornaram-se acontecimentos banais, tidos como parte normal e até esperada da chamada "política democrática".

O problema é que esse sistema partidário capitalista tornou-se um dos principais fatores que mergulham a política nacional na confusão e travam a implementação das políticas governamentais.

Nos Estados Unidos e países ocidentais, onde a disparidade de riqueza e a pobreza se agravam, as disputas políticas entre partidos governistas e de oposição têm assumido um tom cada vez mais acirrado ano após ano.

As questões que alimentam essas disputas incluem desde a luta pelo poder e a proteção dos interesses dos conglomerados monopolistas até o aumento da pobreza e do desemprego, questões militares e ambientais, catástrofes naturais frequentes e o crescente número de imigrantes.

Diante dessas questões de destino nacional que se acumulam incessantemente, os partidos governistas e de oposição, com interesses divergentes, impõem seus próprios argumentos, intensificam os ataques e difamações mútuas e seguem em confronto, com o objetivo prioritário de aumentar o apoio popular a seus respectivos partidos e alcançar suas ambições faccionais.

Como resultado, nos países capitalistas ocorrem com frequência distúrbios políticos, que se tornam cada vez mais graves, e políticas que deveriam ser elaboradas e implementadas com urgência acabam sendo usadas como instrumentos e vítimas das disputas partidárias.

Essa é a chamada "democracia liberal", que o mundo ocidental hoje se orgulha de exaltar até ficar rouco.

Nos últimos anos, com o aprofundamento do abismo entre ricos e pobres e o aumento do desemprego, o sentimento popular nos países capitalistas tem se deteriorado severamente.

Em meio à disputa por responsabilidade entre partidos governistas e de oposição, tem se intensificado a hostilidade mútua, e as trocas de governo têm ocorrido com frequência ainda maior.

Em diversos países capitalistas, é cada vez mais comum que os governantes não consigam concluir nem mesmo um único mandato, cedendo lugar a novos candidatos.

No ano passado, denominado "superano eleitoral", devido à realização de eleições em dezenas de países e regiões, o partido do primeiro-ministro do Reino Unido foi derrotado nas eleições parlamentares, e, por isso, ele teve de fazer as malas e renunciar antes mesmo de completar dois anos no poder.

Na França, o governo foi trocado várias vezes ao longo do último ano, evidenciando uma situação de instabilidade política interna de difícil resolução.

Na Alemanha, a coalizão governista formada por três partidos foi derrotada nas eleições parlamentares federais de fevereiro e, por conta disso, o gabinete, que havia sido mantido por pouco mais de três anos desde sua formação, teve de renunciar recentemente.

O sistema multipartidário, como se vê, não apenas faz cair com frequência os governantes, como também se torna um dos principais obstáculos à execução de políticas.

Nos Estados Unidos e nos países capitalistas ocidentais, onde o parlamento é, em geral, bicameral, se o partido do governante não detiver a maioria absoluta em ambas as câmaras — a alta e a baixa — será difícil transformar suas políticas em leis.

Mesmo que o partido governista tenha inicialmente a maioria nas duas câmaras, se em uma eleição parlamentar realizada durante o mandato do governante ele perder essa maioria em qualquer uma das câmaras, a mesma situação volta a se repetir.

Como resultado, nos países capitalistas, alianças e divisões entre partidos em torno da disputa pelo poder e sua manutenção tornaram-se algo rotineiro, e os parlamentos se transformaram em arenas de rixas partidárias, colocando constantemente o governo em um estado de instabilidade.

No sistema de democracia ao estilo ocidental, não apenas os conflitos entre partidos são comuns, como também tornou-se prática estabelecida que os novos governantes neguem e revertam as políticas de seus antecessores.

Mesmo no caso dos Estados Unidos, o ex-presidente Biden, ao assumir o poder, imediatamente desfez as políticas e os “méritos” de seu antecessor, Trump. Por sua vez, o atual ocupante do poder, que assumiu seu segundo mandato no início deste ano, começou a exibir sua “autoridade” revogando diversas políticas e medidas instituídas durante o governo Biden.

Como mostram os fatos, nos países que adotaram o sistema da chamada “democracia liberal”, os chefes de Estado e de governo — que deveriam liderar o desenvolvimento nacional — são frequentemente substituídos, e a sucessão de políticas raramente se realiza de forma coerente. Com isso, os assuntos de Estado se tornam erráticos, a confusão e a divisão social se agravam ainda mais, e a crise geral se intensifica.

Alguns países que importaram o sistema de democracia multipartidária sob pressão dos Estados Unidos e das forças ocidentais continuam mergulhados em disputas partidárias e conflitos internos, enfrentando frequentes mudanças de governo e até, em certos casos, guerras civis. Suas economias estão em colapso, e incontáveis pessoas dependem da ajuda internacional para sobreviver ou vagam pelas rotas de refúgio.

Isso demonstra eloquentemente o quanto o sistema de “democracia liberal”, baseado na competição multipartidária, é frágil e os graves efeitos que pode causar.

Atualmente, os países que estabeleceram sistemas políticos próprios e sólidos e que executam de forma consistente suas políticas nacionais estão se desenvolvendo mais rapidamente do que os Estados Unidos e as forças ocidentais. A construção de um mundo multipolar, liderada por países que seguem o caminho da independência, está sendo promovida a passos acelerados.

Enquanto isso, o capitalismo — que antes se vangloriava de sua “prosperidade”, engordando à custa do saque às colônias ricas em recursos e riquezas — hoje vê diminuir, tanto interna quanto externamente, suas fontes de obtenção de lucros. E está sendo severamente abalado pela indignação popular diante da extrema desigualdade entre ricos e pobres, produto da exploração desesperada praticada pelas elites privilegiadas.

Nos Estados Unidos e nos países capitalistas ocidentais, à medida que os conflitos partidários se intensificam dia após dia e as contradições e divisões entre classes e estratos sociais com interesses distintos se tornam cada vez mais agudas, forças de extrema-direita prosperam e rumores sobre guerra civil surgem com frequência — tudo isso é uma consequência inevitável da democracia ao estilo ocidental.

O capitalismo, que venera a “democracia liberal”, não tem futuro.

Ri Kyong Su

Rodong Sinmun

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