Essa foi a previsão feita no início deste ano por um especialista europeu em assuntos internacionais ao analisar a tendência de desenvolvimento das relações entre os países membros da União Europeia. A situação interna da União Europeia, cada vez mais complexa, está relembrando essa previsão.
A questão mais sensível nas relações entre os países membros da União Europeia é o aumento dos gastos militares. Atualmente, a maioria dos países membros da OTAN está com dificuldades para atender à exigência de gastar mais de 2% do PIB com defesa. Alguns países estão bem abaixo dessa meta.
Apesar disso, os Estados Unidos continuam exigindo um aumento substancial dos gastos militares por parte dos países membros da União Europeia.
Um especialista italiano em assuntos internacionais afirmou que “elevar os gastos com defesa de 2% para 3% do PIB é algo enorme para a Itália”, acrescentando que “devido ao aumento inevitável dos gastos com saúde e aposentadorias, não há espaço para aumentar os gastos militares”. A Bulgária já expressou a opinião de que é extremamente difícil atingir a meta de destinar 5% do PIB para gastos militares. O presidente desse país comentou que “mesmo um aumento de apenas 1% do PIB em gastos militares causaria enormes obstáculos na elaboração do orçamento de muitos países europeus”, acrescentando que essa meta ambiciosa está gerando preocupação.
O país que mais está enfrentando dificuldades com a questão do aumento dos gastos militares é a potência econômica da União Europeia, a Alemanha. Para atender à exigência dos Estados Unidos de aumentar os gastos militares, o país teria que arrecadar anualmente centenas de bilhões de euros adicionais, o que corresponderia a quase metade do orçamento atual do governo. O aumento dos gastos militares teria impactos consideráveis na economia alemã.
Os atritos internos em torno da questão das importações de energia da Rússia também estão se tornando cada vez mais evidentes.
No dia 6, a Comissão Europeia anunciou um plano para interromper as importações de energia russa até 2027. O plano inclui etapas específicas para que os países membros suspendam gradualmente as importações de gás, petróleo e combustível nuclear da Rússia.
No curto prazo, o plano estipula a interrupção imediata da assinatura de novos contratos de importação de gás russo, bem como o encerramento dos contratos existentes no mercado à vista até o final do ano.
No dia seguinte ao anúncio do plano, a Eslováquia criticou publicamente a decisão da Comissão Europeia, declarando que não poderia aceitar tal plano. O primeiro-ministro do país advertiu que interromper as importações de gás, petróleo e combustível nuclear russos seria um “ato de suicídio econômico”, argumentando que isso criaria “uma nova espécie de cortina de ferro” entre o Ocidente e a Rússia.
Na prática, a Eslováquia já teve que arcar com altos custos de transporte e preços mais elevados do gás devido à interrupção do fornecimento de gás russo via Ucrânia, causada pelas sanções da União Europeia contra a Rússia. Nessa situação, é evidente que seguir as medidas da Comissão Europeia para interromper completamente as importações de energia russa implicaria custos ainda mais altos. Por isso, o primeiro-ministro do país expressou insatisfação, afirmando que a decisão da União Europeia causaria sérios danos à competitividade da UE e de seu próprio país, e declarou que rejeitaria a implementação do plano.
Anteriormente, a Hungria também rejeitou fortemente o plano da União Europeia, afirmando que ele poderia colocar em risco a segurança energética do país.
Recentemente, a Ucrânia e a Hungria protagonizaram uma troca de expulsões de diplomatas, resultado do agravamento contínuo das relações entre os dois países. A Hungria tem se oposto à adesão da Ucrânia à União Europeia, alegando que isso causaria grandes prejuízos à sua economia, especialmente ao setor agrícola. Em retaliação, a Ucrânia, descontente com essa posição, acusou diplomatas húngaros de espionagem e os expulsou. Como resposta, a Hungria também expulsou diplomatas ucranianos.
No contexto em que alguns países membros da União Europeia demonstram intenção de exercer o poder de veto em questões relacionadas ao apoio à Ucrânia, o agravamento das tensões entre a Hungria e a Ucrânia está contribuindo ainda mais para a complexidade interna da aliança.
A Polônia, por sua vez, apresentou recentemente sua política externa para 2025, estabelecendo como meta o fortalecimento de parcerias internacionais e priorizando o estabelecimento de relações construtivas com países emergentes e em desenvolvimento. A imprensa internacional analisa essa postura como reflexo das preocupações com uma possível fragmentação da aliança ocidental.
A situação interna cada vez mais complicada da União Europeia é uma consequência inevitável das contradições entre os interesses dos países membros, e é esperado que ela continue gerando ainda mais problemas complexos no futuro.
Un Jong Chol
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