No entanto, esse evento é apenas a ponta do iceberg, comparado aos acontecimentos em curso na Faixa de Gaza, onde os jornalistas também se tornaram alvos. Em Gaza, os ataques israelenses contra jornalistas têm aumentado, resultando em mortos e feridos. No dia 7 de abril, por exemplo, um acampamento onde jornalistas estavam hospedados foi atacado, deixando 10 mortos ou feridos. Vídeos das redes sociais mostraram barracas queimadas e vítimas com o corpo em chamas.
Israel, de forma descarada, afirmou que estava atacando "terroristas disfarçados de jornalistas". No entanto, a mídia internacional condenou a ação, dizendo que Israel estava deliberadamente mirando os jornalistas, e classificou esse comportamento como "um dos crimes mais hediondos da história do jornalismo".
O trabalho jornalístico é uma função essencial e ninguém deve interferir ou ameaçar esse direito. O dever dos jornalistas, como porta-vozes da opinião pública, é reportar os fatos de forma objetiva e justa. Eles nunca deveriam se tornar alvos de repressão militar.
Um jornalista egípcio que está cobrindo a situação em Gaza afirmou: "Israel está atacando não só o Hamas, mas todo o povo palestino. Eles visam os jornalistas porque temem que a realidade de Gaza seja divulgada e a verdade venha à tona."
Logo após o início da crise em Gaza, em outubro de 2023, agências de notícias como a Reuters, do Reino Unido, e a AFP, da França, exigiram que Israel garantisse que os jornalistas em Gaza não seriam alvos de ataques. A resposta israelense, no entanto, foi que não poderiam garantir isso de forma alguma. A justificativa apresentada foi de que o Hamas estaria se misturando intencionalmente com jornalistas e civis, usando-os como escudos humanos durante suas ações militares.
Essa justificativa foi amplamente vista como uma falácia. Para Israel, a presença de jornalistas que expõem seus massacres de civis se tornou um obstáculo, o que levou o exército israelense a atacar indiscriminadamente os profissionais da mídia, mesmo sabendo que eles eram jornalistas.
Um relatório recente da Universidade Brown, nos Estados Unidos, revelou que, até 26 de março deste ano, pelo menos 232 jornalistas haviam sido mortos em Gaza desde o início da crise. O estudo declarou que "a guerra de Gaza foi a pior guerra para os jornalistas na história". Dez anos atrás, durante conflitos em países devastados pela guerra, 135 jornalistas foram mortos, e em 2014, esse número subiu para 138. No entanto, esses números eram globais.
A realidade de Gaza, onde em pouco mais de um ano cerca de 230 jornalistas foram mortos, expõe a brutalidade do regime israelense, que muitos consideram uma manifestação de barbárie moderna, com uma sede insaciável por sangue. Isso destaca a gravidade das ações de Israel, que se tornou um assassino implacável, não apenas de civis, mas também daqueles que tentam documentar a verdade sobre o conflito.
Hoje, na Faixa de Gaza, não há nenhum local seguro, nem mesmo os edifícios das agências da ONU. Os palestinos, que se viram presos no meio do conflito, acreditavam que os edifícios da ONU e a presença das bandeiras da organização os protegeriam, mas muitos não conseguiram salvar suas vidas.
Israel bloqueou até os comboios da ONU, que estavam indo entregar vacinas contra a poliomielite, atirando contra eles. Além disso, as equipes da ONU que estavam fornecendo ajuda humanitária e assistência a refugiados também foram atacadas e assassinadas, demonstrando total desrespeito pelas leis internacionais e pelos princípios humanitários. O comportamento israelense tem sido totalmente arbitrário e brutal.
Em relação aos jornalistas, a situação é ainda mais grave. No final do ano passado, o então ministro da Defesa de Israel, conhecido por suas atitudes belicosas, fez uma ameaça aberta dizendo que "quem levantar a mão contra Israel terá a mão cortada". Entre os alvos dessa declaração estavam os jornalistas, especialmente aqueles que se dedicam a relatar a verdade sobre o conflito.
O objetivo de Israel é claro: silenciar qualquer voz que se oponha à narrativa oficial, e os jornalistas são vistos como inimigos que precisam ser eliminados, especialmente aqueles que se arriscam para documentar as atrocidades e expor a realidade em Gaza.
Ho Yong Min
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